Hora de comprar bolsa é quando os juros estão altos, diz gestor da Brasil Capital, cujo fundo já rendeu 1.300%
Em entrevista ao Seu Dinheiro, André Ribeiro diz que bolsa brasileira está barata e que momento é bom para comprar ações para o longo prazo
Os juros altos e agora com perspectiva de talvez subirem um pouco mais em 2022 do que o inicialmente esperado estão espantando os investidores locais da bolsa brasileira - como aliás, já é de costume quando a Selic sobe.
O mercado ainda espera que o atual ciclo de aperto monetário esteja chegando perto do fim, mas a pressão inflacionária extra trazida pela guerra da Ucrânia pode levar o Banco Central a elevar os juros um pouco mais.
Nesse cenário, grandes e pequenos investidores brasileiros deixam a bolsa e os fundos de ações em busca de ativos de renda fixa, seja pela remuneração elevada, seja pela proteção inflacionária. O que parece lógico, já que esses investimentos estão remunerando bem.
Mas, para André Ribeiro, sócio-fundador e CIO da Brasil Capital, a bolsa brasileira está barata e é capaz de “gerar valor para quem tiver paciência”, tornando o momento interessante para a compra de ações.
“Comprar ações quando os juros estão baixos e vender quando estão altos não é uma boa maneira de fazer dinheiro na bolsa. A hora de comprar é quando os juros estão altos”, diz o gestor, responsável por um fundo de ações que já rendeu cerca de 1.300% desde seu início, em 2008, ante apenas 180% do Ibovespa.
Com a experiência de quem já fez muito dinheiro na bolsa local, ele explica que a estratégia mais vencedora é justamente montar posições em ativos muito descontados em momentos de grande incerteza e adversidade, como o atual.
Leia Também
“Acumular ativos quando as taxas de juros estão chegando ao ápice, perto de virar para queda, costuma dar certo”, completa.
Ribeiro acredita ainda que a guerra no leste europeu pode motivar ainda mais os investidores estrangeiros a migrarem recursos para o Brasil, como já vem acontecendo. “O conflito tem causado uma alta incontrolável nos preços das commodities, o que, em tese, pode beneficiar o Brasil, ao menos num primeiro momento”, diz.
Além disso, aponta o gestor da Brasil Capital, a exclusão de empresas russas dos principais índices de ações de mercados emergentes eleva a fatia do Brasil nesses indicadores, podendo aumentar a participação das empresas brasileiras também nas carteiras dos fundos globais. “Isso deve aumentar um pouco mais o fluxo para cá”, nota.
A seguir, confira os principais trechos da entrevista que eu fiz com André Ribeiro por videoconferência, em que ele fala dos setores mais promissores na bolsa hoje, das consequências da guerra na Ucrânia para o Brasil, do fluxo gringo e das suas impressões sobre as eleições presidenciais.
Quais oportunidades vocês estão vendo na bolsa brasileira neste ano de 2022? E quais os riscos?
Os ativos na bolsa brasileira estão mal precificados. Os potenciais de valorização estão muito grandes em vários deles, apesar do cenário macroeconômico conturbado, com juros altos, baixo crescimento e inflação elevada.
Ao mesmo tempo, o Banco Central está quase concluindo o ciclo de alta de juros. Devemos ter mais dois aumentos, mas estamos chegando perto do fim, enquanto os países desenvolvidos estão no início do aperto monetário.
E, com a bolsa americana chacoalhando, o investidor estrangeiro, que havia se acomodado com retornos positivos nos EUA e a alta do dólar, precisou sair da zona de conforto e passar a olhar com mais atenção para outros mercados.
Então a bolsa brasileira está barata. Há muitas empresas de valor, com fluxos de caixa no presente, nos setores de commodities, energia e bancos. Eles estão depreciados e têm bastante potencial de gerar valor para quem tiver paciência.
Situações como essa geralmente acontecem justamente quando o cenário é incerto. Comprar ações quando os juros estão baixos e vender quando estão altos não é uma boa maneira de fazer dinheiro na bolsa. A hora de comprar é quando os juros estão altos.
Claro que a gente tem eleições presidenciais neste ano, e isso deve ser ponderado. Mas também temos empresas na bolsa que são líderes em seus mercados, não estão muito alavancadas e têm balanços saudáveis. Há muito valor na mesa para ser capturado por quem tiver paciência, mas o ano deve ser de grande volatilidade.
Isso mesmo considerando as consequências econômicas da invasão da Rússia à Ucrânia? Com a possibilidade de a guerra pressionar ainda mais a inflação, dá para dizer que o ciclo de alta de juros no Brasil está mesmo chegando ao fim?
O impacto da guerra nos mercados já está muito claro, dado que os dois países são relevantes em alguns setores, como trigo, fertilizantes e petróleo. Então o conflito tem causado uma alta incontrolável nos preços das commodities, o que, em tese, pode beneficiar o Brasil, ao menos num primeiro momento, já que somos exportadores de matérias-primas.
Além disso, a Rússia está sendo excluída de índices de ações de mercados emergentes. Isso não quer dizer que os recursos que estavam lá vão agora fluir para outros países, até porque os ativos russos viraram pó. Mas significa que o Brasil ganhou uma participação um pouco maior nesses índices, então novas alocações para emergentes tendem, marginalmente, a ser maiores aqui. Isso pode aumentar um pouco mais o fluxo para cá.
Aliás, isso já vinha acontecendo. Diante da mera possibilidade de invasão russa à Ucrânia, o fluxo estrangeiro já estava sendo realocado, e parte dele foi direcionado para cá.
Por outro lado, a explosão dos preços das commodities deve deixar a inflação elevada por mais tempo. Nesse caso, os bancos centrais vão ser mais incisivos nas altas de juros?
Além disso, o aumento de juros segura a demanda, mas o que a gente está vendo é um problema de oferta. No médio prazo, uma maneira de baixar essa inflação é aumentando a taxa de juros para um patamar acima do neutro, e historicamente isso é algo que causa recessão. Então esse é o desafio maior daqui para frente.
Em suma, no curtíssimo prazo, a bolsa brasileira se beneficia, mas como vai ser a atuação dos bancos centrais? E a Selic, vai realmente subir só até cerca de 12% ao ano?
A mim parece que a taxa de juros aqui já subiu muito, e eu não sei se a invasão à Ucrânia mudaria o cenário do Banco Central. Até porque, essa alta mais forte nos preços das commodities pode ser temporária.
Mas se a Rússia de fato dominar a Ucrânia - o que infelizmente parece ser questão de tempo - as sanções econômicas dos países ocidentais devem se manter, prolongando a pressão inflacionária global e enfatizando o cenário de alta de juros e potencial desaceleração econômica mundial no médio prazo.
Isso não deve acontecer da noite para o dia, pois o crescimento global ainda está forte, e também estamos vendo a China ainda estimulando a economia.
Ao mesmo tempo, no Brasil, a balança comercial neste ano deve ser muito forte, e o Ministério da Economia tomou medidas para estimular o crescimento, como a redução do IPI. Então a economia pode se sair bem, e a arrecadação do governo acabar sendo maior.
Dá para dizer, então, que o Brasil está de certa forma “bem posicionado” nesse momento?
A alta dos preços das commodities beneficia boa parte das empresas brasileiras e atrai mais fluxo estrangeiro. Também tem a questão de o ciclo de alta de juros estar aparentemente no fim.
Do ponto de vista econômico, o Brasil é autossuficiente em petróleo e não depende do gás russo. Mas depende de Rússia e Ucrânia para fertilizantes, o que pode vir a ser um problema. A safra deste ano já está garantida, mas se o conflito se estender, e o Brasil não conseguir comprar fertilizantes ao longo dos próximos meses, isso pode comprometer a safra de 2023, e o agronegócio é um importante motor para o PIB.
Já em relação aos grãos, o Brasil até importa trigo, que deve ficar mais caro, mas não deve faltar, pois não dependemos do trigo russo, importamos da Argentina. Milho, soja, tudo isso a gente tem. O conflito deve ter impactos negativos mais nas empresas que têm nos grãos seus principais custos, como a BRF, por conta da ração, e a M. Dias Branco, que depende de trigo.
Então, na média, o Brasil se beneficia, tirando essa questão dos fertilizantes, que pode ter algum impacto no ano que vem. O efeito no curto prazo é positivo e chama mais a atenção do mundo para o Brasil.
Lembrando que tem toda a questão da inflação global, que não é boa para ninguém no médio prazo e pode piorar nosso crescimento. O mercado está preocupado com isso, sem dúvida.
Esses recursos estrangeiros que estão vindo para o Brasil vieram para ficar?
Sinceramente, não se pode ter certeza. Historicamente, em momentos em que os Estados Unidos aumentam os juros, a bolsa brasileira costuma se sair bem, porque aperto monetário costuma estar relacionado a alta de preços das commodities e consequente pressão inflacionária. E por isso os EUA aumentam os juros.
Já vimos o ingresso de quase R$ 70 bilhões na B3 neste ano, o que é bastante para a gente, mas não é um montante expressivo do ponto de vista do investimento global. Então o valor poderia ser até bem maior. Agora, se essa entrada de recursos é estrutural ou não, se esse dinheiro vai sair do Brasil rapidamente, isso não é possível dizer.
O investidor estrangeiro é pragmático e olha para as eleições de maneira objetiva. Ele não está muito preocupado com quem vai ganhar e acha que, independentemente de quem seja, tudo vai continuar mais ou menos na mesma, economicamente, sem quebra institucional.
Além disso, o momento é de real subvalorizado. O estrangeiro leva em conta o valor dos ativos, mas também o fato de que ele precisa internalizar os recursos para investir aqui. Então não adianta a bolsa subir se o real se desvalorizar mais. Mas agora o dólar está historicamente valorizado em relação ao real.
Uma valorização das ações brasileiras depende mesmo de uma entrada massiva de recursos estrangeiros?
No curto prazo, isso vai ser determinante sim, porque os juros por aqui estão muito altos, e isso leva o investidor local a olhar mais para a renda fixa.
Se o brasileiro está recebendo quase 1% ao mês e os fundos de pensão estão batendo suas metas atuariais na renda fixa, a gente realmente acaba vendo uma saída de recursos dos investidores locais da bolsa. Então, na situação atual, estamos bastante dependentes do fluxo estrangeiro sim.
Qual a visão de vocês para as eleições deste ano?
Acho que não vai ter muita novidade. Os dois principais candidatos já foram presidentes, e não houve quebra institucional em nenhum dos casos. Nenhum dos dois nos deixa superconstrutivos com a bolsa, mas nenhum deles também nos deixa exageradamente pessimistas.
A gente tem um olhar mais pragmático e prefere olhar ativo a ativo, para descobrir quais companhias vão se sair bem independentemente do ambiente macro, gerando resultados operacionais crescentes, e que estejam baratas. Agora, vai ter volatilidade.
O Ibovespa está negociando a um dos menores múltiplos preço/lucro da história. Os ativos estão historicamente baratos. É um bom momento para montar posições na bolsa, acumular ativos brasileiros e ter paciência. Acumular ativos quando as taxas de juros estão chegando ao ápice, perto de virar para queda, costuma dar certo.
Concurso do IBGE 2025 tem 9,5 mil vagas com salários de até R$ 3.379; veja cargos e como se inscrever
Prazo de inscrição termina nesta quinta (11). Processo seletivo do IBGE terá cargos de agente e supervisor, com salários, benefícios e prova presencial
Heineken dá calote em fundo imobiliário, inadimplência pesa na receita, e cotas apanham na bolsa; confira os impactos para o cotista
A gestora do FII afirmou que já realizou diversas tratativas com a locatária para negociar os valores em aberto
Investidor estrangeiro minimiza riscos de manutenção do governo atual e cenários negativos estão mal precificados, diz Luis Stuhlberger
Na carta mensal do Fundo Verde, gestor afirmou que aumentou exposição às ações locais e está comprado em real
Após imbróglio, RBVA11 devolve agências à Caixa — e cotistas vão sair ganhando nessa
Com o distrato, o fundo reduziu ainda mais sua exposição ao setor financeiro, que agora representa menos de 24% do portfólio total
Efeito Flávio derruba a bolsa: Ibovespa perde mais de 2 mil pontos em minutos e dólar beira R$ 5,50 na máxima do dia
Especialistas indicam que esse pode ser o começo da real precificação do cenário eleitoral no mercado local, depois de sucessivos recordes do principal índice da bolsa brasileira
FII REC Recebíveis (RECR11) mira R$ 60 milhões com venda de sete unidades de edifício em São Paulo
Apesar de não ter informado se a operação vai cair como um dinheiro extra no bolso dos cotistas, o RECR11 voltou a aumentar os dividendos em dezembro
Ações de IA em alta, dólar em queda, ouro forte: o que esses movimentos revelam sobre o mercado dos EUA
Segundo especialistas consultados pelo Seu Dinheiro, é preciso separar os investimentos em equities de outros ativos; entenda o que acontece no maior mercado do mundo
TRX Real Estate (TRXF11) abocanha novos imóveis e avança para o setor de educação; confira os detalhes das operações
O FII fez sua primeira compra no segmento de educação ao adquirir uma unidade da Escola Eleva, na Barra da Tijuca (RJ)
O estouro da bolsa brasileira: gestor rebate tese de bolha na IA e vê tecnologia abrindo janela de oportunidade para o Brasil
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Daniel Popovich, gestor da Franklin Templeton, rebate os temores de bolha nas empresas de inteligência artificial e defende que a nova tecnologia se traduzirá em crescimento de resultados para as empresas e produtividade para as economias
Aura (AURA33): small cap que pode saltar 50% está no pódio das ações para investir em dezembro segundo 9 analistas
Aura Minerals (AURA33) pode quase dobrar a produção; oferece exposição ao ouro; paga dividendos trimestrais consistentes e negocia com forte desconto.
CVM suspende 6 empresas internacionais por irregularidades na oferta de investimentos a brasileiros; veja quais são
Os sites, todos em português, se apresentam como plataformas de negociação em mercados globais, com ativos como moedas estrangeiras, commodities, metais, índices, ETFs, ações, criptoativos e outros
Bolsa perdeu R$ 183 bilhões em um único dia; Itaú Unibanco (ITUB4) teve maiores perdas
Essa é a maior queda desde 22 de fevereiro de 2021, ainda período da pandemia, e veio depois que Flávio Bolsonaro foi confirmado como candidato à presidência pelo PL
Do céu ao inferno: Ibovespa tem a maior queda desde 2021; dólar e juros disparam sob “efeito Flávio Bolsonaro”
Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, embora ele ainda não tivesse anunciado a intenção de concorrer à presidência
Pequenas e poderosas: Itaú BBA escolhe as ações small cap com potencial de saltar até 50% para carteira de dezembro
A Plano & Plano (PLP3) tem espaço para subir até 50,6%; já a Tenda (TEND3) pode ter valorização de 45,7%
Ibovespa sobe 1,65% e rompe os 164 mil pontos em forte sequência de recordes. Até onde o principal índice da bolsa pode chegar?
A política monetária, com o início do ciclo de cortes da Selic, é um dos gatilhos para o Ibovespa manter o sprint em 2026, mas não é o único; calculamos até onde o índice pode chegar e explicamos o que o trouxe até aqui
Ibovespa vai dar um salto de 18% e atingir os 190 mil pontos com eleições e cortes na Selic, segundo o JP Morgan
Os estrategistas reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes com um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro muito mais baixo do que os pares emergentes
Empresas listadas já anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos do quarto trimestre — e há muito mais por vir; BTG aposta em 8 nomes
Levantamento do banco mostra que 23 empresas já anunciaram valor ordinários e extraordinários antes da nova tributação
Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista
Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa
BTLG11 é destronado, e outros sete FIIs disputam a liderança; confira o ranking dos fundos imobiliários favoritos para dezembro
Os oito bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro indicaram três fundos de papel, dois fundos imobiliários multiestratégia e dois FIIs de tijolo
A bolsa não vai parar: Ibovespa sobe 0,41% e renova recorde pelo 2º dia seguido; dólar cai a R$ 5,3133
Vale e Braskem brilham, enquanto em Nova York, a Microsoft e a Nvidia tropeçam e terminam a sessão com perdas
