Sem bandeira branca na Ucrânia, Ibovespa interrompe sequência de altas e recua mais de 1%; dólar sobe a R$ 5,16
Depois de sete altas consecutivas, o Ibovespa não encontrou forças para continuar a trajetória, e a bolsa sentiu o impacto da tensão na Ucrânia
Você já deve ter ouvido por aí que atitudes valem mais que mil palavras. Esse é um daqueles ensinamentos da sabedoria popular que possuem uma versão em cada canto do mundo. Lá na Casa Branca, é assim que Joe Biden encara a crise na Ucrânia – e ele faz questão de que Vladimir Putin saiba disso.
Enquanto o presidente russo e seus ministros afirmam que as tropas vistas próximas da fronteira com a Ucrânia estão recuando e que preferem o caminho diplomático, o governo americano, a ONU, a Otan e diversos países europeus seguem afirmando que não há sinal de que a Rússia de fato esteja agindo conforme suas palavras.
Biden chegou a falar em uma “bandeira branca falsa” e alertou que um ataque russo pode ocorrer a qualquer momento sob falsos pretextos. Para o mercado, esse foi um sinal de que a trégua está longe de ser uma realidade. As bolsas americanas sangraram, com o Nasdaq e o S&P 500 recuando mais de 2% enquanto o Dow Jones teve queda de 1,78%.
Apesar do clima bélico do exterior, o Ibovespa conseguiu ter um desempenho um pouco melhor do que as bolsas americanas, mas não escapou da queda firme. Após sete altas consecutivas e um novo tombo do minério de ferro, o principal índice da bolsa brasileira fechou o dia com um recuo de 1,43%, aos 113.528 pontos. O dólar à vista retomou o patamar dos R$ 5,16, em alta de 0,76%.
Nem só de disputas geopolíticas se fez o dia. Os investidores voltaram a olhar para o Federal Reserve. James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, mais uma vez reforçou que espera que a instituição eleve a taxa básica de juros em 1 ponto percentual até julho – uma visão muito mais dura do que a mostrada pelo próprio Fed na ata da sua última reunião. Quando o assunto é política monetária, o mercado prefere se ater às palavras.
Sem bandeira branca
Mais uma vez o dia amanheceu com temores renovados sobre a crise na Ucrânia. Enquanto a Rússia afirma querer resolver a questão por vias diplomáticas, o Ocidente segue temendo uma invasão iminente.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e o governo americano acusam a Rússia de fortalecer a presença militar na fronteira da Ucrânia, contradizendo a informação de que os militares russos se afastaram após a conclusão de exercícios de preparação.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a falar sobre o risco de um conflito armado e a possibilidade de uma “bandeira branca” falsa, como forma de justificar uma possível invasão.
Enquanto a Casa Branca segue questionando a movimentação russa, o Kremlin se defende das acusações, afirmando que é impossível finalizar a movimentação das tropas militares em apenas alguns dias.
O Ministério da Defesa russo publicou vídeos que mostram a operação de retirada na ponte que liga a Crimeia à Rússia, mas a veracidade é questionada pelo governo ucraniano e outros países-membros da Otan.
Fed em pauta
Ainda falando sobre o cenário externo, a quinta-feira (17) foi marcada por novos pronunciamentos de dirigentes do Federal Reserve. Mesmo após a ata “branda” divulgada ontem, as palavras pesaram nos negócios.
James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, agitou os ânimos na semana passada ao afirmar que vê uma elevação de 1 ponto percentual até o encontro de julho da instituição e reforçou o recado nesta quinta-feira.
No documento divulgado ontem, o BC americano não fez menção ao potencial de elevação de juros e nem sinalizou encerrar abruptamente o programa de compra de ativos, afastando temores do mercado.
Ainda assim, o mercado de juros repercutiu o posicionamento mais duro de Bullard, com avanço expressivo dos vencimentos mais longos.
CÓDIGO | NOME | ÚLTIMO | FECHAMENTO |
DI1F23 | DI jan/23 | 12,38% | 12,36% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 11,46% | 11,33% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 11,32% | 11,16% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 11,34% | 11,17% |
Minério em queda livre
A recuperação do minério de ferro não durou muito. Durante a madrugada, a commodity voltou a ter um forte recuo.
No início da semana, a China voltou a pressionar os produtores, alegando que existe manipulação no valor da tonelada, como já havia ocorrido no fim do ano passado. Para inibir qualquer tipo de ilegalidade, o governo chinês passou a sobretaxar as negociações de contratos futuros.
Nesta madrugada, o minério de ferro negociado em Qingdao recuou 6,39%, a US$ 130,12. No Brasil, as siderúrgicas e mineradoras lideraram os piores desempenhos do dia.
Sobe e desce do Ibovespa
Apesar do clima ruim na bolsa, as ações da Totvs conseguiram escapar com uma alta relevante, repercutindo o bom balanço apresentado pela companhia na noite de ontem. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
TOTS3 | Totvs ON | R$ 32,30 | 6,08% |
ENBR3 | Energias do Brasil ON | R$ 21,17 | 3,98% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 22,66 | 3,94% |
GETT11 | Getnet units | R$ 3,36 | 2,44% |
SBSP3 | Sabesp ON | R$ 37,68 | 2,34% |
Com o novo tombo do minério de ferro, as siderúrgicas e mineradoras não escaparam e tiveram um dia de fortes quedas, dominando os piores desempenhos do Ibovespa. Confira:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
CSNA3 | CSN ON | R$ 24,96 | -5,85% |
GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | R$ 10,70 | -5,39% |
GGBR4 | Gerdau PN | R$ 25,99 | -5,32% |
EZTC3 | EZTEC ON | R$ 18,90 | -4,30% |
VALE3 | Vale ON | R$ 85,65 | -4,30% |
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