Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem com medo de um Fed mais agressivo após inflação; Ibovespa reage à aprovação da PEC dos Benefícios
Alguns dos maiores bancos dos Estados Unidos iniciam hoje a temporada de resultados corporativos, mas a aversão ao risco predomina
O risco de que a economia global entre em recessão mais uma vez pesa sobre os mercados financeiros e bolsas mundiais. O temor ganhou ontem um novo componente diante da aceleração da inflação nos Estados Unidos, que encontra-se no nível mais alto em mais de 40 anos. Hoje, a abertura da temporada de balanços não anima e as bolsas de valores estrangeiras mantêm-se em queda generalizada.
Os índices futuros de Wall Street sinalizam abertura no vermelho, enquanto na Europa, os mercados de ações abriram em baixa enquanto o euro se segura ligeiramente acima da paridade com o dólar. Por aqui, o Ibovespa dará a largada depois de ontem ter fechado no nível mais baixo desde 4 de novembro de 2020, aos 97.881 pontos.
Ainda na sessão de ontem, o dólar à vista também recuou 0,61% frente ao real após o forte dado de inflação dos EUA. A moeda norte-americana encerrou o pregão cotada a R$ 5,4058.
Ontem, antes da divulgação dos números da inflação nos Estados Unidos em junho, analistas advertiam para o impacto de eventuais surpresas. E o resultado surpreendeu — para cima.
A aceleração da alta dos preços nos Estados Unidos alimenta entre os investidores o temor de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) seja ainda mais agressivo no aperto monetário em andamento.
O objetivo do Fed é impedir que a desaceleração econômica se transforme em recessão no país. Como o efeito das ações de política monetária demora a ser sentido e os vetores de risco se multiplicam, os investidores optam por se afastar dos ativos de risco.
A publicação do Livro Bege do Banco Central norte-americano não trouxe maiores novidades sobre o futuro da política monetária — apenas corroborou com a tese de que a alta de juros é mais do que necessária no momento.
Confira o que movimenta as bolsas, o dólar e o Ibovespa nesta quinta-feira (14):
Bancos dão a largada à temporada de balanços
Em meio a todos os acontecimentos, a abertura da temporada de balanços nos EUA não anima. Como de costume, os primeiros a divulgarem os resultados serão os grandes bancos norte-americanos.
JP Morgan, Morgan Stanley e Wells Fargo darão a largada antes da abertura do pregão de hoje.
Os investidores buscam mais informações sobre o desempenho dessas empresas e quais são suas perspectivas diante do risco de recessão.
O que dizem os especialistas
“Com os mercados de títulos precificando cada vez mais a desaceleração econômica, os mercados de ações estão lutando para entender o que vem a seguir quando se trata de valuations”, disse Michael Hewson, analista da corretora CMC Markets.
"Minha sensação é de que este será um trimestre que fará com que os analistas reduzam suas estimativas de ganhos futuros", disse Neil Wilson, da corretora Markets.com.
E a bolsa por aqui vai chacoalhar
Como se tudo isso já não fosse demais, o mercado brasileiro de ações ganhou um fator adicional de risco na noite de ontem. A Câmara dos Deputados aprovou em segundo turno a chamada PEC Kamikaze.
Entre os destaques extra-teto de gastos, estão:
- Auxílio Brasil: Ampliação de R$ 400 para R$ 600 mensais e cadastro de 1,6 milhão de novas famílias no programa (custo estimado: R$ 26 bilhões);
- Bolsa-caminhoneiro: criação de um benefício de R$ 1 mil (custo estimado: R$ 5,4 bilhões);
- Auxílio-Gás: Ampliação de R$ 53 para o valor de um botijão a cada dois meses (o preço médio atual do botijão de 13kg, segundo a ANP, é de R$ 112,60; custo estimado: R$ 1,05 bilhão);
- Transporte gratuito de idosos: compensação aos Estados para atender a gratuidade, já prevista em lei, do transporte público de idosos (custo estimado: R$ 2,5 bilhões);
- Etanol: Repasse de até R$ 3,8 bilhões a Estados para manutenção do ICMS em 12% para manter a competitividade do biocombustível em relação à gasolina; Taxistas:
- Auxílio-gasolina de R$ 200 para os taxistas ao custo de R$ 2 bilhões;
- Alimenta Brasil: R$ 500 milhões seriam direcionados ao programa para a compra de alimentos de agricultores familiares.
E a agenda local cheia!
Além disso, na agenda local, permanece no radar a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, em eventos ao longo do dia. O primeiro, às 9h30 da manhã, será uma coletiva sobre o Boletim Macrofiscal, com atualizações sobre as projeções para indicadores macroeconômicos.
Naturalmente, há uma expectativa de que o ministro comente a aprovação da PEC dos Benefícios. Apesar das despesas dora do teto de gastos e a elevação do chamado "risco Brasil" até o final da vigência da proposta, Guedes vem defendendo a medida como forma de contornar a crise dos combustíveis.
Por fim, no campo dos indicadores, o IBC-Br de maio deve ficar em segundo plano. De acordo com as projeções de especialistas ouvidos pelo Broadcast, a prévia da atividade econômica deve avançar 0,10% na mediana das projeções e acumular alta de 4% na base interanual.
Agenda do dia
- Banco Central: IBC-Br de maio (9h)
- Ministério da Economia: Boletim Macrofiscal e atualização de projeções para indicadores macroeconômicos (9h30)
- Estados Unidos: Pedidos de auxílio-desemprego (9h30)
- Estados Unidos: Índice de preços ao produtor (PPI) de junho (9h30)
- Ministério da Economia: Ministro da Economia, Paulo Guedes, participa de coletiva sobre o boletim Macrofiscal (10h)
- Ministério da Economia: Ministro da Economia, Paulo Guedes, concede entrevista à Bloomberg TV (19h)
- China: PIB do 2º trimestre, vendas no varejo e produção industrial em junho (23h)
Balanços
Antes da abertura:
- JP Morgan (EUA)
- Morgan Stanley (EUA)
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