Por que o dólar cai e a bolsa sobe, mesmo com Lula x Bolsonaro e guerra no radar? Três grandes gestores respondem
Os gestores Luis Stuhlberger, Rogério Xavier e Daniel Goldberg falaram da relação do dólar e bolsa com eleições, cenário global e juros

O mundo está em crise: com a escalada nas tensões entre Rússia e Ucrânia, cresce o medo de um eventual conflito armado no leste europeu — um cenário que eleva a percepção de risco dos investidores. E, por aqui, as coisas também não estão exatamente calmas, dada a proximidade com as eleições presidenciais. É uma cominação que, a princípio, seria explosiva para os gestores de ativos domésticos; no entanto, o dólar e a bolsa passam por um forte alívio neste começo de 2022. O que explica?
"Não acho [que o mercado brasileiro] vá perdurar nesses níveis para frente", diz Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX e um dos mais respeitados gestores de portfólio do Brasil, durante evento promovido pelo BTG Pactual. "Mas, no curto prazo, eu não vejo nada de errado".
Dividindo o palco com outros dois grandes nomes do mercado financeiro nacional — Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset, e Daniel Goldberg, CIO da Lumina Capital —, Xavier fez ponderações a respeito das pressões inflacionárias no mundo, da postura dos Bancos Centrais e dos riscos que os mercados devem enfrentar daqui em diante. E, é claro, comentou a respeito do bom momento dos ativos brasileiros.
Afinal, o dólar à vista chegou a ficar abaixo de R$ 5,00 nesta quarta-feira (23), algo que não acontecia desde meados do ano passado; em paralelo, o Ibovespa segue firme acima dos 110 mil pontos, acumulando ganhos sólidos em 2022 e indo na contramão das principais bolsas globais, que operam no vermelho desde o começo do ano. Para o sócio da SPX, tudo é uma questão de expectativa versus realidade.
Voltemos a dezembro de 2021: na ocasião, os ativos domésticos estavam bastante descontados, com a bolsa amargando perdas e o dólar acima de R$ 5,60. E, de fato, a Faria Lima desenhava um cenário bastante turbulento: uma eleição amplamente polarizada e uma economia fragilizada eram motivo de sobra para o pessimismo nos mercados.
"O risco de cauda previsto para as eleições no Brasil, me parece que ele está sendo afastado", ponderou Xavier: com o primeiro turno cada vez mais próximo, perdeu força a leitura de que a disputa entre Jair Bolsonaro e Lula trará consigo uma piora institucional e econômica.
Leia Também
Para Xavier, a eventual reeleição de Bolsonaro representaria uma continuidade do atual modelo político-econômico; por outro lado, uma possível vitória de Lula não implicaria num governo radical, mas sim com propostas mais ao centro, com alguma responsabilidade fiscal — e o provável alinhamento de Geraldo Alckmin ao petista seria o principal indicativo de uma postura mais moderada do ex-presidente.
Em conjunto com a reavaliação dos riscos eleitorais aparece a condução da política monetária no país: com a Selic já endereçada rumo aos 12% ao ano, há uma preocupação quanto a um certo 'exagero na dose' por parte do Banco Central, o que pode ter consequências maléficas para a economia no longo prazo. Mas, de imediato, fato é que os juros no Brasil estão muito mais elevados que os de países desenvolvidos, o que atrai recursos estrangeiros para cá.
"O ajuste de política monetária no país, em relação ao resto do mundo, acaba sendo muito favorável ao Brasil", disse Xavier, lembrando que, apesar das sinalizações de uma elevação de juros nos EUA a partir de março, o Federal Reserve ainda está com uma postura expansionista neste momento — o que, no curtíssimo prazo, beneficia os países emergentes.
Bolsa, dólar e ativos domésticos
Para Luis Stuhlberger, os ativos domésticos emitem sinais confusos quanto à visão do mercado: por um lado, bolsa e dólar indicam uma percepção de confiança; por outro, inflação e juros vão no sentido oposto, mostrando uma preocupação grande com o médio e longo prazo por parte dos agentes financeiros.
"O mercado olha essa eleição e uma eventual vitória do Lula como um sinal de que o governo irá gastar mais", disse o gestor do fundo Verde, um dos mais tradicionais e de melhor retorno acumulado do país. "E o mercado não recebe isso muito mal".
Stuhlberger crê que um cenário de retorno do petista à presidência implicaria num aumento da atuação no Estado enquanto indutor do crescimento econômico, ainda mais em meio à fraca expansão do PIB nos últimos anos. E, caso essa postura mais ativa do governo se traduza num gasto maior, mas controlado, o mercado financeiro e os demais agentes econômicos podem enxergar o plano com uma certa tolerância.
"Os estrangeiros não têm uma visão negativa do Lula e os empresários vão ficar felizes", diz ele, ponderando que medidas fiscais para repassar recursos à população implicam num maior volume de gastos com o consumo. "O consumidor gasta e a economia vai para frente".
Quanto à tendência mais cautelosa vista nos mercados de juros e inflação, Stuhlberger vê a precificação de um cenário em que o Brasil não "naufraga com medidas populistas", mas que passará a conviver com patamares de inflação e juros mais elevados — uma espécie de mudança de paradigma em relação ao período de 2016 a 2020.
Daniel Goldberg, da Lumina Capital, vai na mesma linha: para ele, há uma chance grande de um eventual governo Lula adotar uma postura mais centrista e pragmática — o que não afasta os riscos à economia nacional.
"O caso base é um governo ruim, mas não péssimo, na macroeconomia, mas muito ruim na micro", diz ele, traçando paralelos com o segundo mandato do petista, de 2007 a 2011.
Cessar-fogo no radar dos investidores: Ibovespa se aproxima dos 140 mil pontos, enquanto dólar e petróleo perdem fôlego
O Irã sinaliza que busca um fim para as hostilidades e a retomada das negociações sobre seu programa nuclear
17 OPA X 0 IPO: Em meio à seca de estreias na bolsa, vimos uma enxurrada de OPAs — e novas regras podem aumentar ainda mais essa tendência
Mudança nas regras para Ofertas Públicas de Aquisição (OPA) que entram em vigor em 1º de julho devem tornar mais simples, ágil e barato o processo de aquisição de controle e cancelamento de registro das companhias listadas
Dividendos bilionários: JBS (JBSS32) anuncia data de pagamento de R$ 2,2 bilhões em proventos; veja quem tem direito a receber
Após o pagamento dos dividendos, há ainda uma previsão de leilão das frações de ações do frigorífico
Quatro fundos imobiliários estão em vias de dizer adeus à B3, mas envolvem emissões bilionárias de outros FIIs; entenda o imbróglio
A votação para dar fim aos fundos imobiliários faz parte de fusões entre FIIs do Patria Investimentos e da Genial Investimentos
É hora de comprar Suzano? Bancão eleva recomendação para ações e revela se vale a pena colocar SUZB3 na carteira agora
O Goldman Sachs aponta quatro razões principais para apostar nas ações da Suzano neste momento; veja os pilares da tese otimista
Méliuz (CASH3) levanta R$ 180,1 milhões com oferta de ações; confira o valor do papel e entenda o que acontece agora
O anúncio de nova oferta de ações não foi uma surpresa, já que a plataforma de cashback analisava formas de levantar capital para adquirir mais bitcoin
Compensação de prejuízos para todos: o que muda no mecanismo que antes valia só para ações e outros ativos de renda variável
Compensação de prejuízos pode passar a ser permitida para ativos de renda fixa e fundos não incentivados, além de criptoativos; veja as regras propostas pelo governo
Com o pé na pista e o olho no céu: Itaú BBA acredita que esses dois gatilhos vão impulsionar ainda mais a Embraer (EMBR3)
Após correção nas ações desde as máximas de março, a fabricante brasileira de aviões está oferecendo uma relação risco/retorno mais equilibrada, segundo o banco
Ações, ETFs e derivativos devem ficar sujeitos a alíquota única de IR de 17,5%, e pagamento será trimestral; veja todas as mudanças
Mudanças fazem parte da MP que altera a tributação de investimentos financeiros, publicada ontem pelo governo; veja como ficam as regras
Banco do Brasil (BBAS3) supera o Itaú (ITUB4) na B3 pela primeira vez em 2025 — mas não do jeito que o investidor gostaria
Em uma movimentação inédita neste ano, o BB ultrapassou o Itaú e a Vale em volume negociado na B3
Adeus, dividendos isentos? Fundos imobiliários e fiagros devem passar a ser tributados; veja novas regras
O governo divulgou Medida Provisória que tira a isenção dos dividendos de FIIs e Fiagros, e o investidor vai precisar ficar atento às regras e aos impactos no bolso
Fim da tabela regressiva: CDBs, Tesouro Direto e fundos devem passar a ser tributados por alíquota única de 17,5%; veja regras do novo imposto
Governo publicou Medida Provisória que visa a compensar a perda de arrecadação com o recuo do aumento do IOF. Texto muda premissas importantes dos impostos de investimentos e terá impacto no bolso dos investidores
Gol troca dívida por ação e muda até os tickers na B3 — entenda o plano da companhia aérea depois do Chapter 11
Mudança da companhia aérea vem na esteira da campanha de aumento de capital, aprovado no plano de saída da recuperação judicial
Petrobras (PETR4) não é a única na berlinda: BofA também corta recomendação para a bolsa brasileira — mas revela oportunidade em uma ação da B3
O BofA reduziu a recomendação para a bolsa brasileira, de “overweight” para “market weight” (neutra). E agora, o que fazer com a carteira de investimentos?
Cemig (CMIG4), Rumo (RAIL3), Allos (ALOS3) e Rede D’Or (RDOR3) pagam quase R$ 4 bilhões em dividendos e JCP; veja quem tem direito a receber
A maior fatia é da Cemig, cujos proventos são referentes ao exercício de 2024; confira o calendário de todos os pagamentos
Fundo Verde: Stuhlberger segue zerado em ações do Brasil e não captura ganhos com bolsa dos EUA por “subestimar governo Trump”
Em carta mensal, gestora criticou movimentação do governo sobre o IOF e afirmou ter se surpreendido com recuo rápido do governo norte-americano em relação às tarifas de importação
Santander Renda de Aluguéis (SARE11) está de saída da B3: cotistas aprovam a venda do portfólio, e cotas sobem na bolsa hoje
Os investidores aceitaram a proposta do BTG Pactual Logística (BTLG11) e, com a venda dos ativos, também aprovaram a liquidação do FII
Fundo imobiliário do segmento de shoppings vai pagar mais de R$ 23 milhões aos cotistas — e quem não tem o FII na carteira ainda tem chance de receber
A distribuição de dividendos é referente a venda de um shopping localizado no Tocantins. A operação foi feita em 2023
Meu medo de aviões: quando o problema está na bolsa, não no céu
Tenho brevê desde os 18 e já fiz pouso forçado em plena avenida — mas estou fora de investir em ações de companhias aéreas
Bank of America tem uma ação favorita no setor elétrico, com potencial de alta de 23%
A companhia elétrica ganhou um novo preço-alvo, que reflete as previsões macroeconômicas do Brasil e desempenho acima do esperado