Depois do Madero é a vez da Bluefit; entenda o que levou 13 empresas a desistirem de seus IPOs em janeiro
De acordo com especialistas, três grandes fatores explicam o fenômeno: a inflação em alta, o aperto na taxa básica de juros brasileira, e a proximidade das eleições
A rede de academias Bluefit desistiu de fazer uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na B3.
A empresa planejava captar cerca de R$ 600 milhões, segundo fontes, e já havia suspendido a operação em setembro do ano passado, quando o mercado interno azedou.
A ideia era tentar emplacar a oferta neste começo de 2022, mas com o cenário ainda bastante complicado para entrantes na Bolsa, sem apetite dos investidores por novas ações, por causa da alta de juros aqui e lá fora, a Bluefit desistiu do IPO.
Só em janeiro, foram 13 desistências de ofertas inicias de ações, de nomes como Madero, a rede de supermercados chilena Cencosud e a empresa de cosméticos e perfumes Coty. Essas operações, segundo as fontes, tinham potencial de movimentar R$ 15 bilhões.
Há ainda uma série de ofertas suspensas, como a da Captalys, plataforma digital de infraestrutura de crédito, que engavetou a oferta até março, na expectativa de melhora do mercado. A empresa, que é comandada por mulheres, pretende usar os recursos captados no IPO para bancar aquisições e ainda investir na expansão orgânica.
Caso Madero
Antes da Bluefit, o Madero tinha sido a última a desistir de uma oferta pública de ações.
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A rede de restaurantes protocolou o pedido de IPO em agosto de 2021 e, com quase R$ 1 bilhão em dívidas, buscava atrair investidores para colocar dinheiro no caixa e tirar a corda do pescoço.
Porém, ainda no ano passado, a abertura de capital foi adiada. A rede de restaurantes justificou, na época, esperar por uma melhoria nas condições de mercado.
Após receber um aporte de R$ 300 milhões do fundo americano Carlyle - um de seus maiores sócios - em novembro, a empresa recuperou o fôlego financeiro e pode seguir aguardando um ambiente de mercado mais favorável aos IPOs.
Onda de desistências
De acordo com especialistas, três grandes fatores explicam o fenômeno: a inflação em alta, o aperto na Selic, a taxa básica de juros brasileira, e a proximidade das eleições.
Os dois primeiros elementos desse caldo indigesto afetam principalmente as novatas do mercado e estão intimamente ligados.
Com a inflação estourando a meta no ano passado, o Banco Central promove um novo ciclo de alta da Selic para tentar evitar que o cenário se repita em 2022.
Já o terceiro gera incertezas entre os investidores e tende a aumentar a volatilidade dos ativos de risco.
Sem uma terceira via definida para as eleições e em meio à polarização reforçada pelos dois candidatos mais populares ao páreo, a situação não deve melhorar tão cedo.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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