🔴 ESTA FERRAMENTA PODE MULTIPLICAR SEU INVESTIMENTO EM ATÉ 285% – SAIBA MAIS

Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
Ou vai, ou racha

Com R$ 1 bi em dívidas, Madero tenta emplacar IPO para tirar a corda do pescoço

No vermelho, o Madero — rede do empresário Junior Durski — vê no IPO uma chance para levantar capital e garantir o futuro de suas operações

Victor Aguiar
Victor Aguiar
3 de agosto de 2021
16:49 - atualizado às 17:13
Restaurante Madero
Imagem: Divulgação

A rede de restaurantes Madero já teve planos ambiciosos. Com o nada modesto lema The best burger in the world (o melhor hambúrguer do mundo, em inglês), o grupo do empresário Junior Durski chegou a ensaiar um IPO na Nasdaq — na ocasião, falava-se num valor de mercado de R$ 8 bilhões.

Esse objetivo, agora, parece um sonho distante, considerando a dura realidade do Madero em 2021: fortemente abalado pela pandemia, com graves problemas de imagem e dívidas de quase R$ 1 bilhão, a rede luta para sobreviver.

E é nesse contexto que a rede tenta uma espécie de cartada final: a abertura de capital na B3, aproveitando a onda de IPOs no Brasil em 2021. A ideia é simples: atrair investidores, colocar dinheiro no caixa e tirar a corda do pescoço.

Mas, se a abertura de capital não atrair investidores... Bem, aí a rede paranaense de restaurantes estará em maus lençóis.

Afinal, o próprio Madero alertou, em seu balanço do primeiro trimestre, que havia "dúvidas substanciais sobre a capacidade da companhia de continuar em funcionamento dentro de um ano após a data em que essas demonstrações financeiras consolidadas foram emitidas".

Não é a melhor introdução para um IPO, convenhamos.

E já que estamos falando em IPO, confira a opinião da Larissa Quaresma, analista da Empiricus, sobre a abertura de capital da Raízen (RAIZ4) — ela responde se vale a pena ou não entrar nessa oferta:

Madero em crise

A decisão de entrar ou não num IPO é parecida com a de comprar uma ação qualquer na bolsa. É preciso entender as perspectivas futuras da empresa, em termos operacionais e financeiros — e, com base nisso, calcular se o preço atual do papel oferece um potencial atrativo de valorização.

Dito isso, o Madero apenas protocolou a intenção de abrir seu capital. Sendo assim, ainda não foram definidas a quantidade de ações a serem vendidas ou a faixa de preço pretendida pela companhia.

No entanto, é perfeitamente possível analisar com calma as finanças do grupo — e o resultado desse estudo não inspira muita confiança. O Madero até mostrou uma expansão nas receitas ao longo dos últimos meses, mas continua dando prejuízo e com operações no vermelho.

(R$ mi)Receita líquidaResultado operacionalPrejuízo líquido
2018729,843,2-109,2
2019888,920,1-26,6
2020795,8-87,7-248,9
1S21468,6-24,8-90

Tão preocupante tanto é a gestão do endividamento: os compromissos financeiros do grupo Madero explodiram de 2020 para cá — e, considerando o desempenho operacional ainda fraco, há motivos de sobra para ficar receoso.

Ao final de junho, a empresa tinha R$ 989,7 milhões em dívidas brutas e R$ 913,5 milhões em endividamento líquido — desde o começo da pandemia, o Madero precisou contrair empréstimos bancários e acessar diversas fontes de financiamento para evitar o fechamento de muitos de seus restaurantes.

Madero dívida

Futuro melhor para o Madero?

A situação operacional do Madero já mostra sinais de recuperação, com o primeiro semestre de 2021 sendo melhor na comparação com o mesmo período de 2020. Afinal, com uma incerteza menor em relação à pandemia, há a expectativa de que os setores mais penalizados pela Covid-19 — como viagens e restaurantes — tenham uma normalização rápida na demanda.

Nesse cenário em que tudo dá certo — a vacinação avança, não há novas ondas da doença e o consumo presencial nos restaurantes volta ao que era antes —, o Madero tem condições de sanar gradualmente seu balanço. Mas, é claro, é preciso considerar os riscos a essa premissa.

Em primeiro lugar, ainda há uma incerteza considerável na dinâmica da pandemia no Brasil. O processo de imunização ganhou tração, mas avança num ritmo relativamente lento; novas variantes do vírus, como a Delta, têm provocado novos fechamentos econômicos no exterior — e podemos ter algo semelhante por aqui.

Em segundo lugar, o setor de hamburguerias tem competição ferrenha: há cada vez mais restaurantes que utilizam ingredientes premium e que conseguem vender a preços competitivos — e que estão muito mais habituados ao sistema de delivery que o Madero.

Por mais que a rede de Durski não seja 100% dependente dos shoppings, possuindo também diversas lojas de rua, ela explora de maneira tímida as vendas por drive-thru e delivery. Tanto o Madero quanto o Burger King têm cerca de 30% do faturamento bruto vindo das vendas digitais, embora o BK seja muito mais exposto aos centros comerciais.

Crise de imagem

Um terceiro fator a ser levado em conta é a crise de imagem envolvendo o Madero: Junior Durski, CEO, porta-voz e garoto propaganda, é um ferrenho defensor do governo Bolsonaro e criticou o fechamento da economia por causa da Covid.

Em abril de 2020, ainda no início da pandemia, Durski demitiu cerca de 600 funcionários do Madero, alegando dificuldades financeiras para manter a saúde financeira da rede. Pouco tempo depois, em vídeo postado em suas redes sociais, ele deu uma declaração que pioraria ainda mais sua situação:

Não podemos parar por conta de cinco ou sete mil que vão morrer

Junior Durski, fundador e CEO do Madero

A fala causou enorme repercussão e desencadeou um movimento de boicote ao Madero — Durski virou uma espécie de símbolo da classe empresarial que despreza a pandemia e a morte dos brasileiros, uma fama que, naturalmente, respingou em seus restaurantes.

E, não custa lembrar: o Brasil já tem mais de 550 mil óbitos por causa da Covid-19.

Madero: IPO com cheiro de queimado

As próprias características do IPO são motivo de desconforto. Há uma oferta primária, quando novas ações são emitidas e o dinheiro vai para o caixa da empresa, mas também há uma oferta secundária, em que os recursos vão para o bolso dos acionistas que estão vendendo sua posição.

E, no caso, entre os vendedores está o próprio Junior Durski, que é dono de 64,8% do Madero — outros 27,6% estão com o Carlyle e 7,6% com outros acionistas.

Mesmo a parcela primária da oferta tem lá suas ressalvas. Metade dos recursos levantados servirão para o pagamento de dívidas — e a abertura de capital para a quitação de compromissos financeiros não costuma ser bem vista pelo mercado. A outra metade irá para o plano de expansão da empresa.

Como já foi dito, ainda não há detalhes quanto ao total de ações a serem vendidas, nem na parcela primária, nem na secundária. Ainda assim, estamos falando de uma empresa altamente endividada e com operações que ainda estão ensaiando uma recuperação — e cujos acionistas pretendem vender parte de sua posição.

É um combo atrativo para o Madero, mas que pode ter um gosto amargo na boca do investidor.

Compartilhe

LÁ VEM A DIVA

Show da Madonna deve injetar R$ 300 milhões na economia do Rio — e aqui está o que você precisa saber para assistir

25 de abril de 2024 - 19:41

O show da Madonna está marcado para 4 de maio, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro — descubra como assistir de graça sem sair de casa

REFORMA TRIBUTÁRIA

Shein, AliExpress e Shopee na mira: Novo imposto vai voltar a taxar compras de até US$ 50 em sites estrangeiros

25 de abril de 2024 - 19:07

Criado pela reforma tributária, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) começará a ser cobrado em 2026

NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2024

Preço dos imóveis sobe em São Paulo: confira os bairros mais buscados e valorizados na cidade, segundo o QuintoAndar

25 de abril de 2024 - 16:43

Quatro bairros da capital paulista registraram cifras de cinco dígitos quando se trata de preço médio do metro quadrado

LOTERIAS

Mega-Sena acumula e Lotofácil faz dois “quase milionários” em Salvador, Porto Alegre e outras duas cidades; veja quanto cada um vai receber

25 de abril de 2024 - 12:55

Cada um dos quatro sortudos da Lotofácil levará para casa uma bolada generosa: pouco mais de R$ 873,9 mil

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O “bate e assopra” de Lula

24 de abril de 2024 - 20:01

O terceiro mandato de Lula está sendo marcado por uma ondulação da sua postura política, ou, na língua popular, o “bate e assopra”

NAS MÃOS DA CÂMARA E DO SENADO

Veja estimativa para novo imposto após Haddad entregar reforma tributária ao Congresso

24 de abril de 2024 - 19:36

O ministro afirmou que este projeto traz a solução para um dos “emaranhados” problemas brasileiros: um sistema tributário que está hoje entre os 10 piores do mundo.

DE OLHO NAS REDES

A verdade dura sobre a Petrobras (PETR4) hoje: por que a ação estaria tão perto de ser “o investimento perfeito”?

24 de abril de 2024 - 17:36

A Petrobras (PETR4) poderia ser o melhor investimento da bolsa brasileira hoje, mas uma coisa impede. É isso que o analista João Piccioni revela em sua mais recente participação no podcast Touros e Ursos.  Ao falar sobre os investimentos para proteção diante das incertezas do cenário internacional — com o acirramento dos conflitos no Oriente […]

A VOLTA DO SEGURO OBRIGATÓRIO

Seguro do carro: você pode ser obrigado a pagar o DPVAT de novo — e dar uma “ajudinha” para o governo Lula

24 de abril de 2024 - 16:02

Se for aprovado, o texto que relança o agora SPVAT permitirá que os gastos do governo aumentem em aproximadamente R$ 15 bilhões neste ano

LOTERIAS

Apostador “teimoso” fatura sozinho a bolada de R$ 51 milhões da Quina — e pode ser você; Mega-Sena e Lotofácil acumulam

24 de abril de 2024 - 9:52

Apenas uma aposta cravou as cinco dezenas do concurso 6423 da Quina. Veja os números sorteados na loteria

BOLETIM FOCUS

“Efeito Campos Neto” leva a reviravolta nas projeções para a Selic no fim deste ano

23 de abril de 2024 - 10:14

Em apenas uma semana, a expectativa para a Selic em dezembro passou de 9,13% para 9,50% ao ano, de acordo com o último boletim Focus

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar