Quem costuma andar por aí com sua proposta de renda básica de cidadania a tiracolo é o hoje vereador paulistano Eduardo Suplicy.
Eis que o político petista parece ter angariado um aliado no mínimo inusitado para que a ideia comece a ganhar escala. Trata-se do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
De campo radicalmente oposto ao de Suplicy, Lira deu a entender ontem que o Auxílio Brasil com valor maior pode se tornar uma política permanente.
O que disse Lira
Sem citar cifras específicas, ele disse que, quando o Senado Federal aprovar a taxação de dividendos de empresas distribuídos à pessoa física, incluída na reforma do Imposto de Renda, o programa permanente terá uma fonte de recursos, se não para 2022, para 2023.
"A qualquer momento que o Senado aprovar ou apreciar ou modificar o texto do Imposto de Renda, mantendo (a taxação de) dividendos, que é importante, o programa pode ser criado, se não para 2022, para 2023", afirmou o parlamentar em Brasília.
É válido mencionar que o Auxílio Brasil e a proposta de Suplicy são bastante diferentes, seja em alcance ou objetivos, mas a simples menção a um programa permanente de renda básica em escala nacional causa calafrios em muito economista.
Teto quebrado
Na semana passada, a “licença para gastar” concedida pelo ministro da Economia Paulo Guedes, permitindo que o Auxílio Brasil imploda o teto de gastos, desencadeou uma debandada na equipe econômica, derrubou a bolsa e fez com que o dólar e os contratos de juros futuros disparassem.
Diante disso, a expectativa é de que a mera menção a um programa de renda mínima permanente mantenha a pressão sobre os ativos financeiros locais.
"O mercado é muito subjetivo”, disse Lira ontem. O presidente da Câmara citou ainda a necessidade de destinar "R$ 30 bilhões para socorrer quem ainda precisa".
"Os problemas do rebote financeiro, inflacionário, de crises, de pessoas que estão passando fome, isso persiste, e o parlamento precisa atender a isso", concluiu.
*Com informações do Estadão Conteúdo