XP rebaixa ações da Petrobras e vê risco para política de preços
Relatório fala em margens de refino menores no futuro por conta, entre outras coisas, de eventuais importações de derivados com prejuízo para cobrir a demanda interna
A XP Investimentos rebaixou as ações da Petrobras de compra para neutro, avaliando que há incertezas a respeito da política de preços de combustíveis da estatal. Os preços-alvo de PETR4 e PETR3 em 12 meses foram alterados de R$ 35 para R$ 32.
A metodologia de preço-alvo tem como fundamento 50% em fluxo de caixa descontado e a outra parte com base em um múltiplo EV/Ebitda de 5,5x sobre os resultados projetados para 2021, diz a corretora. Os papéis da Petrobras caíram mais de 2% nesta segunda-feira (8).
Segundo a XP, a mudança na avaliação sobre a Petrobras reflete a visão dos analistas da casa de que existem riscos "cada vez mais elevados" de que a política de preços de combustíveis da empresa não obedeça a referências internacionais, além de uma margem adicional para custos de importação - prêmio de paridade.
O relatório assinado pelos analistas Gabriel Francisco e Maira Maldonado fala em margens de refino menores no futuro por conta, entre outras coisas, de eventuais importações de derivados com prejuízo para cobrir a demanda interna, especialmente no caso do diesel.
"Como resultado, esperamos resultados mais baixos e menor geração de caixa no futuro, o que implica em uma menor visão de valor das ações", diz o documento da XP.
ICMS em discussão
Com uma política de preços que procura seguir a variação do preço do petróleo no mercado internacional, a Petrobras está sob pressão diante da necessidade de aumentar os preços dos seus produtos ao mesmo tempo em que existe ameaça de greve dos caminhoneiros pela alta do diesel.
Na sexta-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro acenou com a possibilidade de mudar a forma de cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelos Estados para amenizar a alta dos combustíveis.
A ideia é que ele seja cobrado sobre os combustíveis nas refinarias, e não nas bombas, e defendeu a cobrança de um valor fixo do ICMS por litro, o que daria mais previsibilidade aos consumidores.
Nesta segunda, Bolsonaro falou que se pudesse, tomaria providência sobre o preço dos combustíveis "a partir de agora".
A possibilidade de alterações no ICMS foi rechaçada pelos secretários estaduais de Fazenda, que culpam a Petrobras pela escalada na alta do preço do diesel.
Política de preços
Parte do mercado também vê falta de transparência da Petrobras pelas mudanças que realizou em sua política de preços. Apesar de ter sido modificada no primeiro semestre de 2020, ela foi anunciada ao mercado apenas na sexta-feira.
O movimento pegou os investidores de surpresa e levantou dúvidas sobre a transparência da decisão, que ao contrário de outras alterações feitas pela companhia desde 2019, não foi comunicada ao mercado.
A Petrobras só emitiu o fato relevante sobre o tema após a informação ter sido revelada pela agência "Reuters". No documento, a estatal admitiu que alterou a política de preços de trimestral para anual "estritamente para fins de gestão e diagnóstico interno" em março de 2020, mas que isso nada interfere nas decisões sobre ajuste de preços, que continuam a seguir a paridade internacional.
A XP reiterou a visão de que o anúncio da Petrobras não significa que a empresa mudou a frequência com que realiza reajustes dos preços da gasolina e do diesel, apesar da mudança no cronograma para a manutenção dos prêmios de paridade.
Mas a corretora disse que considera a mudança no cronograma negativa, porque colocaria a empresa em uma situação difícil em um momento de depreciação do Real e preços do petróleo mais altos.
"O problema é ainda mais preocupante quando se leva em conta que a Petrobras já deveria realizar reajustes significativos de preços de combustíveis para retornar à paridade de importação", dizem os analistas.
Os reajustes, na avaliação da XP, deveriam ser de 20% para o diesel e 12% para a gasolina, "e muito mais para manter as importações em níveis de paridade por uma janela de 12 meses".
Impactos nos resultados
Para a XP, os impactos negativos dos atuais preços de combustíveis da Petrobras começarão a se manifestar a partir dos resultados do primeiro trimestre deste ano, "senão já no quarto trimestre de 2020, tendo em vista que os preços de combustíveis começaram a ficar abaixo da paridade de importação já neste período".
O resultado apareceria na forma de menores margens de refino e maiores custos de importação de combustíveis – "uma vez que importadores independentes privados não podem operar com as atuais condições de preços", diz ainda o relatório.
Segundo a XP, a manutenção dos preços atuais do diesel implica em um impacto negativo total de -12,7% em relação às estimativas anteriores de Ebitda para 2021E (que pressupunham a manutenção de preços alinhados com as referências internacionais).
A corretora ainda avalia que o ambiente atual implica em uma "grande mudança" na tese de investimento da companhia. "As ações da Petrobras não deverão acompanhar inteiramente as cotações dos preços de petróleo enquanto tais variações não forem repassadas aos preços de combustíveis", diz.
Ainda segundo a XP, a Petrobras deve continuar a divulgar "sólidos níveis de geração de caixa", reduzindo endividamento. "Isso reflete o sucesso da gestão atual da companhia em implementar medidas de reduções de custos administrativos, venda de ativos que não são os mais relevantes para a empresa e foco nas operações do pré-sal ", dizem os analistas.
Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha
Desse montante, segundo a Cemig, serão abatidos dividendos e juros sob o capital próprio (JCP) distribuídos ou aprovados até o fechamento da operação
Klabin (KLBN11) ou Suzano (SUZB3)? Uma delas está barata. Itaú BBA eleva preço-alvo das duas ações e conta qual é a oportunidade do momento
Tanto as units da Klabin como as ações da Suzano operam em alta na bolsa brasileira nesta quarta-feira (27), mas só uma delas é a preferida do banco de investimentos; descubra qual
Finalmente, um oponente à altura da Nvidia? Empresas de tecnologia se unem para combater hegemonia da gigante de IA
A joia da coroa da Nvidia está muito menos exposta: é o sistema plug and play da empresa, chamado CUDA, e é com ele que o setor quer competir
Sete anos após o Joesley Day, irmãos Batista retornam à JBS (JBSS3); ação reage em queda ao resultado do 4T23
A volta de Joesley e Wesley, que foram delatores da Lava Jato, acontece após uma série de vitórias judiciais da JBS e dos empresários
Ficou para depois: Marisa (AMAR3) adia mais uma vez o balanço do 4T23; veja a nova data
Os números da varejista de moda deveriam ser conhecidos hoje, após o fechamento dos negócios na B3, mas a empresa postergou outra vez a divulgação
MRV (MRVE3) vê melhor momento da história para o Minha Casa Minha Vida com novas regras e FGTS Futuro
Maior construtora do programa habitacional, a MRV (MRVE3) se beneficia do momento operacional, mas ação cai com lado financeiro sob pressão, diz CFO
Oi (OIBR3): tudo o que você precisa saber sobre o avanço das negociações com credores e a nova data da votação do plano de recuperação judicial
As discussões caminharam para um desfecho, mas a assembleia foi suspensa sem a votação do plano de recuperação judicial — o Seu Dinheiro listou os principais pontos alcançados até agora
Após prejuízo bilionário, CEO da Casas Bahia está “confiante e animado” para 2024 — mas mercado não compra ideia e ação BHIA3 cai forte na B3
O presidente da varejista afirma que está satisfeito com a evolução da transição, mas destaca que existem desafios de curto prazo; veja o que ele disse
Mercado Livre (MELI34), Magazine Luiza (MGLU3) ou Casas Bahia (BHIA3): quem é o campeão de vendas no trimestre?
Agora que as três empresas apresentaram os resultados do quarto trimestre, o JP Morgan fez uma avaliação do desempenho de cada uma e diz quem é o bola cheia e o bola murcha do varejo eletrônico
Novo queridinho no pedaço: Totvs (TOTS3) é rebaixada pelo JP Morgan — e uma ação gringa agora é a favorita dos analistas
O banco revisou para baixo a recomendação para as ações TOTS3 para “neutro” e reduziu o preço-alvo para R$ 36
Leia Também
-
Ranking dos ricaços: Trump engorda fortuna em US$ 4 bilhões e já supera um dos maiores investidores do planeta
-
Com juros em queda, vendas do Tesouro Direto recuam em fevereiro — mas título atrelado à Selic ainda é o favorito dos investidores
-
Empresa responsável por Congonhas investirá R$ 2 bilhões no aeroporto com obras que devem começar ainda em 2024
Mais lidas
-
1
Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha
-
2
Após prejuízo bilionário, CEO da Casas Bahia está “confiante e animado” para 2024 — mas mercado não compra ideia e ação BHIA3 cai forte na B3
-
3
Ação do ex-dono do Grupo Pão de Açúcar desaba quase 50% na bolsa francesa em um único dia e vira “penny stock”