Reestruturação da Iguatemi pode levar companhia a dobrar de tamanho via aquisições
Analistas questionam prêmio proposto aos minoritários e possível piora da governança, mas ao fim e ao cabo, repaginada societária parece justa e positiva para empresa e acionistas

Um dos maiores grupos de shopping centers do Brasil, dono de uma das marcas de luxo mais reconhecidas pelas classes A e B, a Iguatemi (IGTA3) quer dar uma repaginada.
Não estamos falando de mudanças estéticas nos 14 shoppings administrados pela companhia, mas sim de uma reorganização societária que deve unir a Iguatemi e sua holding controladora, o Grupo Jereissati (JPSA3) em uma única e nova companhia.
Em linhas gerais, a proposta, anunciada na noite de ontem (07), consiste na incorporação dos papéis da Iguatemi pela Jereissati, o que tornaria a empresa de shoppings uma subsidiária integral da holding. Esta, por sua vez, passaria a se chamar Iguatemi S.A. e deixaria de fazer parte do Novo Mercado, migrando para o Nível 1 de governança corporativa da B3.
A reestruturação prevê ainda uma troca de comando: o atual presidente da Iguatemi, Carlos Jereissati, deixará o posto no fim deste ano, sendo substituído pela atual vice-presidente financeira da companhia, Cristina Anne Betts, a partir de 1º de janeiro de 2022.
O banho de loja ainda precisa ser aprovado em assembleia de acionistas, mas tem como objetivos principais aumentar a liquidez das ações (principalmente dos papéis da Jereissati Participações) e a capacidade de crescimento inorgânico da Iguatemi - isto é, via fusões e aquisições.
“A gente acredita que essa operação capacita a companhia para dobrar de tamanho.”
- Cristina Betts, vice-presidente financeira e futura CEO da Iguatemi em teleconferência com investidores e analistas na tarde desta terça-feira (08).Leia Também
Para que as mudanças ocorram, será preciso a conversão voluntária das ações ordinárias de emissão da Jereissati em ações preferenciais, na proporção de 3 (três) ações ordinárias para cada ação preferencial.
Também será criado um programa de units, com cada unit sendo composta por 1 (uma) ação ordinária e 2 (duas) ações preferenciais de emissão da Jereissati. Sendo assim, cada sete ações ordinárias da Jereissati (JPSA3) serão convertidas em uma unit da nova Iguatemi. Confira nesta matéria os detalhes completos da reestruturação.
A relação de troca sugerida para os acionistas minoritários prevê um prêmio de 10% para as ações da Iguatemi em relação à média ponderada do valor de mercado das ações nos últimos 30 pregões.
A relação de troca a ser aplicada, no entanto, será determinada por um comitê independente, a ser definido na próxima assembleia de acionistas, e estará também sujeita à aprovação dos minoritários. Os controladores não votarão.
Na teleconferência desta tarde, Cristina Betts disse que a companhia estima que todo o processo de reestruturação dure 120 dias a contar a partir de hoje.
O que pensa o mercado
A maior parte dos analistas se mostrou otimista com a reorganização, mas houve questionamentos quanto à estratégia a ser utilizada para as novas aquisições, ao prêmio aos minoritários e aos aspectos de governança após a saída da empresa do segmento do Novo Mercado.
As ações das duas companhias também repercutiram a novidade. Os papéis da Jereissati (JPSA3), negociada fora do Ibovespa, subiram 11,56%, a R$ 35,60, eliminando parte do tradicional “desconto de holding” aplicado nos papéis.
Já a Iguatemi (IGTA3), figurou entre as maiores quedas do Ibovespa no dia, com um recuo de 3,15%, a R$ 44,94.
Segundo os analistas Daniel Gasparete, Pedro Hajnal e Vanessa Quiroga, do Credit Suisse, a combinação tem os seus méritos, principalmente com relação ao valor que pode ser gerado com o crescimento inorgânico (sem perda de controle por parte da família Jereissati), o aumento da liquidez das ações e o prêmio de 10% inicialmente estipulado para o acionista minoritário, a ser aprovado em assembleia.
Para o Credit, porém, as mudanças na governança e o histórico de aquisições da Iguatemi podem limitar esse prêmio. O banco suíço lembra que, no passado, a Iguatemi optou por expandir a sua base comprando participação em seus próprios shoppings.
Na teleconferência com analistas e investidores, o atual CEO da Iguatemi, Carlos Jereissati, reforçou que as operações de fusões e aquisições previstas focarão no segmento de Real Estate.
Já Cristina Betts afirmou que a companhia não iria fazer toda essa reestruturação se não fosse para fazer algo realmente relevante, no sentido de fusões e aquisições, capaz de mudar o perfil da companhia.
O Santander ressalta que a troca de CEOs é um ponto positivo. "Acreditamos que a redução do número de executivos vindos da família controladora deve alavancar o potencial da companhia para atrair novos talentos e ampliar o crescimento de seus principais executivos”.
Governança corporativa
Em relação à migração da companhia do Novo Mercado para o Nível 1, o que representa uma diminuição no nível de governança, alguns analistas apresentaram ressalvas, mas outros minimizaram a questão.
Alex Ferraz, Andre Dibe, Gabriela Moraes e Pablo Ordóñez, analistas do Itaú BBA, reforçaram o aspecto positivo da operação, principalmente pelo potencial de surfar uma recuperação e consolidação expressiva do setor no período pós-pandemia.
Eles destacam, contudo, que a questão de governança não pode ser ignorada. “A complexa estrutura das units afetará a governança corporativa, principalmente porque a nova companhia estará listada no nível 1 da B3 e não mais no Novo Mercado”.
Já o analista Bruno Mendonça, do Bradesco, vê a questão de governança como pouco relevante neste momento, uma vez que a diluição do poder de voto dos minoritários não terá impacto no processo de decisão da nova empresa.
Além disso, a reestruturação é estratégica e necessária para resolver um dos principais problemas vistos na tese de investimentos da Iguatemi: a falta de flexibilidade e poder de caixa para realizar movimentos estratégicos que mantenham a companhia em um caminho de crescimento sustentável quando comparada aos outros players do setor.
Na sua coluna de hoje, o sócio e CIO da Empiricus Felipe Miranda, também avaliou positivamente a proposta de reestruturação de Iguatemi e Jereissati e disse não ver problemas no prêmio proposto para as ações nem no lado da governança.
“Achei a operação bastante justa e espero reação positiva de Jereissati (JPSA3), uma de nossas posições relevantes aqui. Imagino que os benefícios da operação sobrepujam bastante eventuais mazelas. O acionista de Jereissati ganha mais liquidez e deve observar redução do desconto de holding, que sempre foram problemas históricos do papel”, escreveu Miranda.
Ele disse que talvez se possa questionar o prêmio indicativo de 10% sobre as ações da Iguatemi, mas que esta parece uma questão menor perante as vantagens. Quanto à saída do Novo Mercado, Miranda diz achar a crítica “bastante superestimada”.
“O mercado e ‘seus acionistas ativistas’ guardam uma interpretação excessivamente otimista e autocentrada sobre si. Corporations dificilmente funcionam - o olhar do dono engorda o gado - e ter uma família controladora (que já era controladora e assim seguirá), com capacidade de execução, uma das marcas de luxo mais reconhecidas do Brasil e visão estratégica, ainda oferece, ao menos em termos relativos, algumas vantagens”, disse.
Governança não parece ter tido piora substancial
Além de reforçar os objetivos da operação — crescimento, foco em aquisições, fortalecimento de portfólio e maior eficiência ao eliminar as estruturas duplicadas das companhias —, os executivos da Iguatemi fizeram questão de destacar, na teleconferência de hoje, que embora a companhia esteja deixando o Novo Mercado, a ideia central é manter todos os direitos do mais alto nível de governança da B3, sendo a única exceção a existência de ações preferenciais.
Ainda assim, as ações PN terão direito a voto em situações estratégicas importantes, conforme o fato relevante divulgado ontem:
- Operações propostas pela administração e que envolvam a transformação, incorporação, fusão ou cisão da companhia;
- Aprovação de propostas de celebração de contratos entre a Iguatemi S.A. e partes a ela relacionadas que envolvam, direta ou indiretamente, a Iguatemi S.A. e o seu controlador;
- Avaliação de bens a serem aportados em aumentos de capital;
- Escolha de instituição ou empresa especializada para determinação do valor econômico das ações da Iguatemi S.A. nos casos previstos no estatuto; e
- Alteração ou revogação de disposições estatutárias que possam alterar ou reduzir qualquer direito das ações preferenciais.
Finalmente, as ações PN terão três vezes o direito econômico das ON em relação ao recebimento de quaisquer recursos, como dividendos e valores pagos em oferta pública de aquisição (OPA).
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Lojas Renner (LREN3): XP eleva recomendação para compra e elenca quatro motivos para isso; confira
XP também aumenta preço-alvo de R$ 14 para R$ 17, destacando melhora macroeconômica e expansão de margens da varejista de moda
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Cade admite Petlove como terceira interessada, e fusão entre Petz e Cobasi pode atrasar
Petlove alega risco de monopólio regional e distorção competitiva no setor pet com criação de gigante de R$ 7 bilhões
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
O que está derrubando Wall Street não é a fuga de investidores estrangeiros — o JP Morgan identifica os responsáveis
Queda de Wall Street teria sido motivada pela redução da exposição dos fundos de hedge às ações disponíveis no mercado dos EUA
Azul (AZUL4) capta R$ 1,66 bilhão em oferta de ações e avança na reestruturação financeira
Oferta da aérea visa também a melhorar a estrutura de capital, aumentar a liquidez das ações e equitizar dívidas, além de incluir bônus de subscrição aos acionistas
OPA do Carrefour (CRFB3): com saída de Península e GIC do negócio, o que fazer com as ações?
Analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro indicam qual a melhor estratégia para os pequenos acionistas — e até uma ação alternativa para comprar com os recursos
‘Momento de garimpar oportunidades na bolsa’: 10 ações baratas e de qualidade para comprar em meio às incertezas do mercado
CIO da Empiricus vê possibilidade do Brasil se beneficiar da guerra comercial entre EUA e China e cenário oportuno para aproveitar oportunidades na bolsa; veja recomendações
É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025
A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos
Desempenho acima do esperado do Nubank (ROXO34) não justifica a compra da ação agora, diz Itaú BBA
Enquanto outras empresas de tecnologia, como Apple e Google, estão vendo seus papéis passarem por forte desvalorização, o banco digital vai na direção oposta, mas momento da compra ainda não chegou, segundo analistas
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
A decisão de Elon Musk que faz os investidores ignorarem o balanço ruim da Tesla (TSLA34)
Ações da Tesla (TSLA34) sobem depois de Elon Musk anunciar que vai diminuir o tempo dedicado ao trabalho no governo Trump. Entenda por que isso acontece.
Embraer (EMBR3) divulga carteira de pedidos do 1º tri, e BTG se mantém ‘otimista’ sobre os resultados
Em relatório divulgado nesta quarta-feira (23), o BTG Pactual afirmou que continua “otimista” sobre os resultados da Embraer
Tenda (TEND3) sem milagres: por que a incorporadora ficou (mais uma vez) para trás no rali das ações do setor?
O que explica o desempenho menor de TEND3 em relação a concorrentes como Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3) e por que há ‘má vontade’ dos gestores
Ainda há espaço no rali das incorporadoras? Esta ação de construtora tem sido subestimada e deve pagar bons dividendos em 2025
Esta empresa beneficiada pelo Minha Casa Minha Vida deve ter um dividend yield de 13% em 2025, podendo chegar a 20%