Se fosse uma música, a união da empresa com 40 milhões de clientes com a cantora com quase 20 milhões de ouvintes mensais apenas no Spotify poderia se chamar Show das Poderosas.
Mas estamos falando de um grande lance corporativo: a contratação de Anitta como membro do conselho de administração do Nubank.
A aproximação de marcas com artistas para além da mera publicidade não chega a ser inédita. Entre as empresas que abriram capital recentemente, por exemplo, a Espaçolaser tem a apresentadora Xuxa entre os sócios.
Mas o Nubank foi além ao incluir Anitta no colegiado responsável por definir as decisões estratégicas e ajudar o banco digital a aprimorar os serviços e produtos.
Como o conselho se reúne apenas trimestralmente, ela não deve ter muitas dificuldades em conciliar a agenda de cantora com a de executiva.
Com uma fortuna estimada pela revista Forbes em US$ 100 milhões (R$ 504 milhões ao câmbio de hoje), Anitta deve engordar ainda mais sua (nu)conta. Como membro do conselho, ela terá direito às "restricted stock units" (RSU) como parte da remuneração.
Anitta e Nubank têm muitas semelhanças: a artista estourou para a fama no ano da fundação da empresa de tecnologia financeira (fintech) que ficou conhecida pelo cartão de crédito roxo que não cobra tarifas.
Depois de conquistar uma parcela da população com poder aquisitivo, mas sem acesso a crédito, como os mais jovens, o Nubank acelerou a expansão nos últimos anos com a população desbancarizada por meio da Nuconta.
Com Anitta, a empresa incorpora ao conselho de administração alguém que conhece os desejos e sabe vender para esse público.
Além do crédito, a empresa ampliou recentemente a atuação com serviços de seguros e investimentos — esta última com a aquisição da Easynvest.
Com a entrada de Anitta, o conselho do Nubank passa a contar com sete integrantes. Conheça os demais membros:
- Anita Sands, professora da universidade americana de Princeton e ex-diretora de operações do banco suíço UBS
- Jacqueline Reses, ex-presidente da fintech Square e atual presidente do Conselho Consultivo Econômico do FED, o banco central norte-americano
- Daniel Goldberg, ex-presidente do Morgan Stanley no Brasil, e ex-Secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, antigo órgão do sistema brasileiro antitruste
- Luis Alberto Moreno, ex-presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
- Doug Leone, Global Managing Partner e investidor da Sequoia Capital
- David Vélez, chairman, CEO e fundador do Nubank.
O primeiro lucro
Assim como parte da crítica torce o nariz para a música de Anitta, o Nubank também enfrenta desconfiança de parte do mercado. Isso porque, apesar de todo o crescimento, a fintech sempre operou no prejuízo. Ou operava.
Dados do Banco Central mostram que o Nubank registrou lucro de R$ 6,8 milhões nos primeiros três meses de 2021 — o primeiro da história da empresa. Veja mais em nossa página no Instagram:
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É claro que ainda se trata de um resultado ínfimo comparado aos bilhões de reais dos lucros dos grandes bancos brasileiros. Mas que deve contribuir para diminuir os receios de que o sucesso da empresa é apenas um hit passageiro.
Como opera no vermelho, o Nubank vem se sustentando a partir de sucessivos aportes de capital. Na última rodada de captação, o Nubank foi avaliado em US$ 30 bilhões — ou R$ 151 bilhões — e ainda contou com a participação de ninguém menos que a Berskshire Hathaway, do lendário Warren Buffett.