A Ford anunciou nesta segunda-feira (11) que planeja encerrar a produção de veículos nas fábricas do Brasil ainda neste ano. A montadora deve manter o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em São Paulo, e a sede regional, no mesmo estado.
Segundo a empresa, os veículos vendidos no Brasil passam a ser produzidos principalmente na Argentina e no Uruguai. A montadora também deve contar com importações de outras regiões e oferecerá suporte ao cliente com outros serviços no país.
Em comunicado, a Ford afirma que vai começar a trabalhar "em estreita colaboração" com seus sindicatos e outras partes interessadas para desenvolver um plano "equitativo e equilibrado" para mitigar os impactos da decisão. Cerca de 5 mil pessoas serão afetadas.
A produção será encerrada imediatamente nas fábricas de Camaçari (BA) e Taubaté (SP), mas algumas peças continuam a ser fabricadas por alguns meses para apoiar os estoques de vendas de reposição. A fábrica da Troller, em Horizonte (CE), continuará operando até o quarto trimestre, disse a Ford.
Como resultado, a Ford encerrará as vendas do EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques. As operações de manufatura na Argentina e no Uruguai e as organizações de vendas em outros mercados da América do Sul não serão impactadas, disse a empresa.
O CEO da montadora, Jim Farley, classificou a decisão como difícil, mas necessária para a busca de um modelo de negócio sustentável. "Estamos mudando para um modelo ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global".
No ano passado, a Ford vendeu a tradicional fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, depois de encerrar as atividades no espaço - que empregava mais de 2 mil pessoas.
Mercado em baixa
A decisão da Ford segue em linha com o que números do setor já mostram: um mercado em baixa.
Com a pandemia de covid-19, as vendas de veículos novos no Brasil somaram 2,06 milhões de unidades no ano passado, marcando queda de 26,2% na comparação com o resultado de 2019.
O tombo de 2020 foi o maior desde 2015, quando as vendas caíram 26,6%. Os dados são da Anfavea, a entidade que representa a indústria nacional de veículos.
O ano foi marcado pelo fechamento das concessionárias de carros nos dois primeiros meses da crise sanitária, seguidas por falta de automóveis para atender plenamente a arrancada da demanda - decorrência da insuficiência de peças e da redução do número de operários trabalhando simultaneamente nas linhas de montagem por conta dos protocolos de prevenção.