As ações do grupo de educação Cogna (COGN3) registraram a maior queda entre os nomes que compõem o Ibovespa nesta sexta-feira (26), depois que ela adiou a divulgações dos resultados do quarto trimestre, inicialmente previstos para hoje, para 31 de março – último dia da temporada de balanços. Os papéis fecharam em baixa de 4,01%, a R$ 3,83.
O adiamento da divulgação dos resultados ocorre num momento em que a Cogna está no radar dos investidores, e não por um bom motivo. Ela, junto com outras empresas do ramo de educação, foi duramente afetada pela pandemia, que motivou o fechamento de escolas e universidades, além de sentir os efeitos do fim do programa de financiamento estudantil do governo federal Fies.
A frente de ensino presencial representa cerca de 55% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Cogna. E o Fies ajudou a transformar a companhia na maior empresa de educação do país – no terceiro trimestre, a quantidade de alunos com cursos bancados pelo governo caiu 59% em relação ao mesmo período de 2019.
A combinação de crise econômica e perda de uma importante fonte de renda pegou em cheio a Cogna no ano passado, fazendo suas ações acumularem queda de 60% em 2020. Neste ano, o recuo chega a 15%.
Já havia pouca expectativa de que os resultados do quarto trimestre mostrassem uma melhora significativa da situação, e o adiamento da divulgação do balanço não ajudou a dar tranquilidade aos acionistas.
A empresa já informou que deve levar cinco anos para recuperar os níveis de Ebitda obtidos em 2019. Para 2020, ela espera registrar um Ebitda recorrente de R$ 1 bilhão, um tombo de 59% em relação ao montante de 2019.
A Cogna informou ainda que a geração de caixa operacional após os investimentos deve ficar em R$ 230 milhões em 2020 — queda de 43% em relação a 2019 — e em R$ 1 bilhão em 2024.
Hora da virada
Para cumprir a meta de recuperar o patamar do Ebitda, a Cogna embarcou num processo de reestruturação.
Com forte presença no ensino superior, a empresa realizou uma reestruturação nas operações presenciais, concluída no quarto trimestre, fechando 25% de seus campi.
A ideia é investir em cursos com ticket maior, como é o caso de medicina, e investir mais em ensino a distância (EAD), além de criar um “marketplace” (shopping virtual) com uma série de cursos.
Ela também decidiu não ter mais colégios próprios, mercado em que entrou há três anos. Ela vendeu esses ativos para a Eleva Educação, empresa de ensino básico que tem como sócio o bilionário Jorge Paulo Lemann. Mas não saiu do segmento, tendo adquirido a Editora Eleva, produtora e fornecedora de materiais didáticos e sistemas de ensino.