Como ficam os seus investimentos em renda fixa com a Selic em 4,25% ao ano
Veja como fica o retorno das aplicações conservadoras de renda fixa agora que o Banco Central elevou a Selic mais uma vez
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou novamente a taxa básica de juros (Selic) nesta quarta-feira (16) em 0,75 ponto percentual. Com isso, a Selic passa de 3,50% para 4,25% ao ano.
O ajuste já era amplamente esperado pelo mercado. Na última reunião do Copom, o BC havia acenado com uma nova elevação de 0,75 ponto percentual.
Trata-se da terceira alta consecutiva da taxa básica de juros, que ficou estacionada na mínima histórica de 2,00% entre agosto de 2020 e março deste ano.
A recuperação econômica mais forte que o esperado e as pressões inflacionárias estão levando o BC ao aperto monetária, na tentativa de conter o descontrole de preços, mas sem prejudicar excessivamente o crescimento. Afinal, o desemprego continua alto no país.
As últimas elevações da Selic e o crescimento do PIB acima do esperado no primeiro trimestre levaram o mercado a rever para cima as suas estimativas de crescimento, inflação e taxa de juros para o fim de 2021: alta do PIB de 4,85%, IPCA de 5,82% (acima do teto da meta, que é de 5,25% neste ano) e Selic a 6,25% ao ano, segundo o último Boletim Focus do BC.
Renda fixa voltando ao jogo
Uma taxa Selic de 4,25% ainda perde da inflação oficial projetada para os próximos 12 meses, de 4,31%. Mas a tendência que é o ciclo de alta de juros continue, elevando gradativamente o retorno das aplicações financeiras cuja remuneração esteja atrelada à Selic e à taxa DI - taxa de juros que costuma acompanhar a taxa básica.
Assim, os investimentos conservadores estão voltando a ter rentabilidades atrativas, aumentando sua probabilidade de ganhar da inflação e preservar o poder de compra do investidor. É o caso do Tesouro Selic (LFT), da caderneta de poupança, dos fundos DI e de títulos bancários, como os CDB, LCI e LCA pós-fixados.
Como ficam os investimentos conservadores com a Selic em 4,25% ao ano
Para você ter uma ideia de como o retorno da renda fixa conservadora está neste momento, eu fiz uma simulação de rentabilidade com quatro aplicações pós-fixadas no novo cenário de juros: caderneta de poupança, Tesouro Selic (LFT), fundo de renda fixa e Letra de Crédito Imobiliário (LCI). Considerei Selic constante de 4,25% ao ano e o CDI constante de 4,15%, um pouco abaixo, como costuma acontecer.
Vale frisar aqui que o retorno do Tesouro Selic é um pouco maior do que o que aparece na tabela, pois desde 1º de agosto de 2020, aplicações de até R$ 10 mil nesse título ficaram isentas da taxa de custódia cobrada pela B3, de 0,25% ao ano. Aplicações superiores a este valor sofrem cobrança dessa taxa apenas sobre o que exceder os R$ 10 mil.
Para montar a tabela, eu considerei aportes de R$ 1.000, mas a calculadora do Tesouro Direto, utilizada para fazer as contas do Tesouro Selic, não foi atualizada com os novos parâmetros para a taxa de custódia.
Nos atuais patamares de taxa de juros, o Tesouro Selic ganha da poupança nova em todos os cenários, mesmo quando há cobrança de taxa de custódia e nos prazos mais curtos, quando a alíquota de IR é maior. Como víamos no início do ano, porém, nos patamares mais baixos de Selic isso nem sempre é verdade.
Parâmetros
A poupança atualmente paga 70% da taxa Selic mais Taxa Referencial (TR), que no momento encontra-se zerada. Não tem taxas nem imposto de renda, e sua rentabilidade é mensal, apenas no dia do aniversário.
Já o Tesouro Selic é um título público que paga, no vencimento, a Selic mais um ágio ou deságio. Se vendido antes do vencimento, o retorno é levemente sacrificado em função de uma diferença entre as taxas de compra e venda do papel (spread), o que pode deixar a rentabilidade inferior à Selic do período.
O rendimento é diário, e há cobrança de IR e de uma taxa de custódia obrigatória de 0,25% ao ano, paga à B3, apenas sobre o que exceder o saldo investido de R$ 10 mil. Na simulação acima, eu considerei, ainda, que a corretora utilizada para operar no Tesouro Direto não cobra taxa de agente de custódia. O título simulado foi o Tesouro Selic com vencimento em 2024.
Para simular o retorno do fundo de renda fixa, considerei um fundo que só invista em Tesouro Selic e não cobre taxas. Supus, portanto, que seu retorno represente a variação do CDI no período menos o imposto de renda. Seria similar, por exemplo, para um CDB, RDB ou conta de pagamentos que pagasse 100% do CDI.
Vale aqui uma observação: os fundos com esse perfil não têm pago 100% do CDI. Sua remuneração tem ficado um pouco abaixo disso. A simulação é apenas ilustrativa.
Por fim, simulei o retorno da LCI porque se trata de um título isento de taxas e de IR. Considerei um papel que pague 100% do CDI (às vezes surge uma dessas por aí), apenas para você ver o que seria receber uma rentabilidade líquida de 100% do CDI.
Escolhi quatro prazos de forma a contemplar as quatro alíquotas de IR possíveis, no caso das aplicações tributadas (Tesouro Selic e fundos). Usei datas reais para poder usar o simulador do Tesouro Direto para calcular o retorno do Tesouro Selic, de modo a incluir a taxa de custódia e o spread nos cálculos no caso de uma venda antes do vencimento.
Para calcular o retorno da poupança utilizei os prazos em meses e anos. Já para simular os retornos do fundo e da LCI, levei em conta o número de dias úteis entre as duas datas reais consideradas em cada prazo.
Retorno da renda fixa permanece baixo
É importante notar, porém, que uma Selic a 4,25% - ou mesmo 5,00% ou 6,00%, como é esperado para o fim do ano - ainda é historicamente baixa para parâmetros brasileiros.
Há não muito tempo, tínhamos taxas de juros de dois dígitos, e assim foi durante a maior parte da era pós-Real.
Como eu mostrei acima, quem permanecer 100% conservador num cenário como esse tem grandes chances de perder da inflação.
A Selic mais alta ainda é baixa o suficiente para não ter tirado totalmente a atratividade dos investimentos com maior risco, seja por terem menor liquidez, seja por terem uma volatilidade mais alta no dia a dia.
Assim, além da parcela conservadora e pós-fixada da carteira - onde deve ficar aplicada a sua reserva de emergência -, o ideal ainda é diversificar em investimentos com mais risco e para prazos mais longos, a fim de obter retornos maiores, superiores à inflação e capazes de multiplicar seu patrimônio.
IPCA confirma deflação em julho, Copom alivia retórica e analistas começam a revisar projeções para a taxa Selic
IBGE registra deflação de 0,68% ante junho, a maior do Plano Real; preços foram puxados para baixo pelos combustíveis
Agenda econômica: ata do Copom, IPCA de julho e inflação no mundo são os destaques da semana; veja o cronograma
Dados de inflação são destaque na agenda econômica, no Brasil e no mundo; por aqui, além do IPCA, também será divulgada a ata do Copom
Copom eleva a Selic em mais meio ponto, a 13,75%, e avisa os passageiros: o avião dos juros está quase em altitude de cruzeiro
Conforme projetado pelo mercado, a Selic chegou a 13,75% ao ano; veja os detalhes da decisão de juros do Copom
Agenda econômica: decisão do Copom e payroll nos EUA são os destaques da semana; veja o cronograma
Os juros no Brasil e o mercado de trabalho nos EUA são os destaques da agenda econômica carregada do início de agosto
O Banco Central adverte: a escalada da taxa Selic continua; confira os recados da última ata do Copom
Selic ainda vai subir mais antes de começar a cair, mas a alta do juro pelo Banco Central está próxima do pico
Voando cada vez mais alto: Copom sobe a Selic em 0,5 ponto, a 13,25%, e dá a entender que os juros continuarão subindo
O Copom cumpriu as expectativas do mercado e reduziu o ritmo de alta da Selic; confira as sinalizações do BC quanto ao futuro dos juros
Greve dos servidores do BC continua e pode afetar a próxima reunião do Copom sobre a Selic
O sindicato dos servidores do BC terá uma nova reunião em 7 de junho; a categoria afirma que as operações via PIX não serão afetadas
Ata do Copom indica alta de 0,50 ponto da Selic em junho, mas deixa fim do ciclo de alta dos juros em aberto
Banco Central confirma que a Selic vai subir menos na próxima reunião, mas o topo da montanha da taxa de juros pode ser ainda mais alto
Copom segue escalando a montanha dos juros e eleva Selic em 1 ponto, a 12,75% ao ano — e continuará subindo rumo ao pico
É a décima alta consecutiva na Selic, que chega no maior patamar desde o começo de 2017; a decisão de juros do Copom foi unânime
Copom deve voltar a subir a taxa Selic amanhã. Conheça fundos imobiliários que podem lucrar ainda mais com a alta dos juros
Uma categoria específica de FIIs tem a rentabilidade atrelada a indexadores que se alimentam tanto da inflação mais salgada quanto do ciclo de aperto nos juros
Leia Também
-
Qual o futuro dos juros no Brasil? Campos Neto dá pistas sobre a trajetória da taxa Selic daqui para frente
-
Haddad responde aos mercados sobre ruídos provocados por meta fiscal; veja o que o ministro falou
-
Juros em alta? Presidente do Fed fala pela primeira vez após dado de inflação e dá sinal claro do que vai acontecer nos EUA — bolsas sentem
Mais lidas
-
1
Klabin (KLBN11) e Gerdau (GGBR4) vão distribuir mais de R$ 5,5 bilhões em ações; veja como vai funcionar a bonificação
-
2
Qual o futuro dos juros no Brasil? Campos Neto dá pistas sobre a trajetória da taxa Selic daqui para frente
-
3
Dividendos extraordinários podem disparar a ação da Petrobras (PETR4), mas a possível entrada de Mercadante tem o poder de 'anular' o efeito? Entenda…