A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, por unanimidade, na tarde deste domingo (17), o uso emergencial da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca.
A relatora e mais quatro diretores da agência votaram pela aprovação. A decisão depende de publicação no Diário Oficial e de comunicação aos laboratórios para entrar em vigor. No Brasil, a CoronaVac será entregue pelo Instituto Butantan, e a vacina de Oxford, pela Fiocruz.
O Instituto Butantan tem 6 milhões de doses da vacina prontas para aplicação. Elas serão encaminhadas imediatamente para o Ministério da Saúde, para que seja então iniciada a campanha nacional.
No Twitter, o governador de São Paulo, João Doria, disse que a entrega das unidades da CoronaVac prometidas para o governo federal será realizada tão logo o uso emergencial da vacina seja aprovado.
Mais cedo, o corpo técnico do órgão já havia recomendado o uso emergencial dos dois imunizantes, bem como rejeitado o pedido de uso emergencial da russa Sputnik V, que ainda não se enquadra nos requisitos mínimos para tal.
Tão logo a Anvisa aprovou o uso emergencial da CoronaVac, as primeiras doses da vacina já começaram a ser aplicadas em profissionais de saúde do estado de São Paulo no Hospital das Clínicas, na capital, no evento de pronunciamento do governador João Doria.
A primeira vacinada foi a enfermeira do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Mônica Calazans, de 54 anos, que escolheu trabalhar no local, epicentro de combate à pandemia, no auge das infecções em abril. Além de atuar na linha de frente de combate à covid-19, Mônica é do grupo de risco, sendo obesa, diabética e hipertensa.
A previsão para o início da vacinação em âmbito nacional é no dia 20 ou 21 de janeiro, mas ainda há muitas incertezas envolvendo o processo.
Como foi a votação da Anvisa
A primeira diretora a ler o voto foi a relatora do caso, Meiruze Freitas. Ela aprovou o uso emergencial, mas fez ressalvas. Disse esperar que o Instituto Butantan responda, até o fim de fevereiro, sobre os resultados sobre a imunogenicidade (capacidade de produção de anticorpos) da CoronaVac, produzida pelo Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
A relatora destacou não haver alternativa terapêutica às vacinas. A diretora disse ter tomado a decisão com aval da ciência e após trabalho árduo dos técnicos da Anvisa nos últimos dias. “Guiada pela ciência e pelos dados, a equipe concluiu que os benefícios conhecidos e potenciais dessas vacinas superam seus riscos. Os servidores [da Anvisa] vêm trabalhando com dedicação integral e senso de urgência”, disse Meiruze ao ler o voto.
O segundo voto foi dado pelo diretor Romilson Mota, que acompanhou a relatora. De acordo com ele, o grave cenário da pandemia de covid-19 e o “indicativo de colapso” na rede de saúde justificam a aprovação.
Terceiro a votar, Alex Machado Campos acompanhou os demais diretores. Ele foi seguido pela diretora Cristiane Jourdan Gomes e pelo diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. A votação foi concluída por volta das 15h20.
*Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil.