Não é só no Brasil que as medidas restritivas decorrentes da pandemia foram relaxadas. O mesmo ocorre em diversas partes do mundo, apesar de o coronavírus continuar em circulação.
E enquanto a guerra continua na Ucrânia, pouca atenção está sendo dada aos casos crescentes de covid-19 na Europa.
O aumento de casos em todo o continente está sendo impulsionado por uma série de fatores combinados.
O relaxamento da maioria das restrições e a diminuição da imunidade às vacinas e às doses de reforço figuram entre eles.
Recombinações e subvariantes
O mais preocupante, porém, é o surgimento de recombinações e subvariantes do coronavírus.
Há apenas alguns dias, o alerta dos cientistas concentrava-se na deltacron, uma aparente recombinação das variantes ômicron e delta.
Hoje, o alerta refere-se ao avanço persistente da BA.2, uma subvariante ainda mais transmissível da ômicron.
O coronavírus segue à solta
“Todos esperávamos ansiosamente por acontecimentos diferentes agora no início da primavera (no Hemisfério Norte)”, disse Ralf Reintjes, professor de epidemiologia da Universidade de Ciências Aplicadas de Hamburgo, à CNBC. “Mas a situação na Europa está um pouco instável no momento, e na Alemanha ... os números [de casos] estão em um nível muito, muito alto.”
A Alemanha passa por uma explosão de casos do novo coronavírus. Os registros diários de novas infecções giraram entre 200.000 e 300.000 por dia no decorrer da última semana.
Reintjes disse que o fato de “todos pensarem e esperarem de alguma forma que a pandemia acabou” e o relaxamento das medidas restritivas proporciona à subvariante BA.2 uma chance muito grande de se espalhar descontroladamente por muitas partes da Europa.
“É difícil prever, mas pessoalmente acho muito provável que essa subvariante rode o mundo. Isso é o que os vírus geralmente fazem durante uma pandemia”, disse Reintjes.
“Há também alguns relatos de pessoas que a variante BA.1 (ômicron) e algumas semanas depois contraíram a BA.2”, advertiu ele.
Variante furtiva do coronavírus
Estima-se que a subvariante seja 1,5 vez mais transmissível que o ômicron e talvez a substitua como variante dominante em escala global.
A BA.2 é descrita por especialistas como “furtiva” por possuir mutações genéticas que dificultam sua distinção.
Não é só na Europa
Cientistas monitoram a BA.2 também na Ásia e nos Estados Unidos. Ainda assim, a disseminação por essas regiões ainda não atingiu o nível observado na Europa.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a presença da BA.2 já foi confirmada em pelo menos 106 países.
Ainda de acordo com a OMS, embora a ômicron tenha várias sublinhagens, a BA.2 tornou-se a subvariante predominante nos últimos 30 dias, com 85,96% das sequências de vírus submetidas ao GISAID, o banco de dados internacional de rastreamento do vírus.
Balanço da pandemia
E enquanto as medidas restritivas são relaxadas em boa parte do mundo como se não houvesse amanhã, o coronavírus segue seu curso.
Desde o início da pandemia, há pouco mais de dois anos, autoridades sanitárias de todo o mundo diagnosticaram pelo menos 474 milhões de casos de covid-19, com mais de 6,1 milhões de óbitos.
O Brasil concentra quase 11% das mortes no mundo. O Ministério da Saúde confirma 29,7 milhões de casos da doença, com mais de 657 mil mortos.
*Com informações da CNBC.