O de cima sobe e o de baixo desce. Por que vale mais a pena investir em ações da bolsa do que abrir o próprio negócio
A grande vantagem das companhias de capital aberto é que elas podem recorrer ao mercado de capitais sempre que precisam de grana, com taxas de juros bem menores
"Bom xibom, xibom, bombom
Analisando essa cadeia hereditária
Quero me livrar dessa situação precária
Onde o rico cada vez fica mais rico
E o pobre cada vez fica mais pobre
E o motivo todo mundo já conhece
É que o de cima sobe e o de baixo desce"
Se você nasceu antes dos anos 2000, já deve ter escutado essa obra-prima do grupo As Meninas, que certamente deveria ser tema de estudo em cursos de economia e de ciências sociais Brasil afora.
O mais incrível é que, além de retratar de maneira crítica algumas questões sociais do nosso país, essa letra simples também acaba mostrando muito bem como as coisas funcionam no ambiente corporativo.
Diferença cruel
Muitas vezes, esquecemos desse "detalhe", mas as companhias listadas na Bolsa, normalmente já líderes em seus setores, possuem vantagens marcantes sobre as companhias menores.
Fala-se no maior poder de escala, reconhecimento de marcas, no acesso a mão-de-obra mais qualificada, entre outros. Tudo isso é verdade. Mas talvez a diferença mais marcante dessas companhias para as demais seja o acesso a capital barato.
As companhias grandes, líderes de mercado e com histórico comprovado têm acesso a uma série de fontes de financiamento que suas rivais menores não conseguem competir.
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Pegue a Localiza (RENT3) como exemplo: o custo médio ponderado da dívida da maior locadora de veículos do país está abaixo de 3% ao ano (isso mesmo, ao ano!)
Agora, compare essa condição com qualquer linha de financiamento de capital de giro que um banco está disposto a oferecer para as pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras, segundo o Banco Central do Brasil:
| Posição | Instituição | taxa anual (após impostos) |
| 1 | Deutsche Bank | 5,39% |
| 7 | Banco Sofisa | 9,00% |
| 9 | Banco ABC | 9,44% |
| 10 | Banco Fibra | 9,52% |
| 11 | Banco BMG | 9,70% |
| 12 | Banco do Nordeste | 9,96% |
| 13 | Banco do Estado do RS | 10,48% |
| 16 | Banco Pine | 10,84% |
| 17 | Banco Safra | 10,91% |
| 18 | Banco do Estado do Sergipe | 10,98% |
| 21 | Bradesco | 11,10% |
| 22 | Itaú Unibanco | 11,47% |
Lembrando que as PMEs (pelo menos a esmagadora maioria delas) simplesmente não têm condições de levantar capital sem ser via empréstimo bancário.
Agora pense comigo: se já é difícil montar um negócio rentável, imagine se boa parte do lucro tiver de ficar na mão dos bancos.
Não é à toa que eu faço parte do time que entende que investir em boas companhias de capital aberto na grande maioria das vezes acaba sendo muito mais vantajoso do que tentar abrir a sua própria empresa.
Onde o rico cada vez fica mais rico
A grande vantagem das companhias de capital aberto é que elas podem recorrer ao mercado de capitais sempre que precisam de grana.
Às vezes, elas vão conseguir emitir debêntures a custos muito mais competitivos do que se contraíssem dívidas com bancos.
Outras vezes, elas podem até emitir novas ações para levantar dinheiro sem aumentar a sua dívida.
Tudo isso permite a essas companhias uma capacidade de investimento inigualável, o que tende a aumentar ainda mais a distância delas para as menores.
Em setores nos quais a necessidade de investimento é muito elevada – os chamados intensivos em capital, como o de locação de veículos –, o acesso a capital barato tende a provocar uma consolidação. As poucas companhias que captam dinheiro a custos competitivos tendem a ganhar toda a fatia de mercado que antes era de companhias menores.
Isso é o que tem acontecido (e vai continuar acontecendo) no setor de locação de veículos e é um dos fatores que me faz gostar bastante da Localiza (RENT3), por exemplo.
É o típico setor onde o rico cada vez fica mais rico, e o pobre cada vez fica mais pobre, e o motivo todo mundo já conhece, é que o de cima sobe e o de baixo desce.
A ação do segundo semestre
Mas o setor de locação de veículos é apenas um exemplo. Outro segmento que ainda é extremamente fragmentado e deve passar por uma consolidação num futuro próximo é o de varejo de moda.
Uma dessas companhias, inclusive, se aproveitou daquelas vantagens de acesso a capital barato sobre as quais comentamos para emitir novas ações no mês passado e colocar mais alguns bilhões de reais no seu caixa.
Tudo indica que ela vai utilizar essa grana para comprar algumas rivais e investir ainda mais em suas operações para ganhar mais vantagem sobre as pequenas.
Bom xibom, xibom, bombom!
Não à toa, essa companhia foi escolhida pelo Max Bohm como a melhor para o segundo semestre, já que, além dos bilhões a mais no caixa, ainda deve se aproveitar da vacinação e da reabertura do comércio nos próximos meses.
Se quiser conferir mais detalhes sobre essa companhia que faz parte da série As Melhores Ações da Bolsa, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a próxima!
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