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O que uma teleconferência da Gerdau ensina sobre empresas que tomam dívida para turbinar o resultado

Muitos analistas questionaram se não seria o momento de a Gerdau realizar mais empréstimos para aumentar a rentabilidade. Será mesmo?

13 de agosto de 2021
6:02 - atualizado às 14:31
Siderúrgica Gerdau CSN Usiminas Dividendos
Imagem: Karan Bhatia / Unsplash

Como analista de ações, eu tento defender os meus colegas de profissão sempre que possível. 

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No entanto, algumas vezes essa tarefa se torna pra lá de difícil. 

Nos últimos dias, eu confesso que perdi a paciência ouvindo a teleconferência de resultados do segundo trimestre de 2021 da Gerdau (GGBR4). A companhia mostrou números muito fortes, com volumes e margens elevadas e uma geração de Ebitda de R$ 15 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses. 

Ajudada por esse elevado Ebitda, a alavancagem financeira, medida pelo indicador dívida líquida/Ebitda, atingiu um nível baixíssimo de 0,65 vezes.

Só que, ao invés de ter gerado satisfação, esse baixo nível de endividamento deixou alguns analistas desconfortáveis na teleconferência de resultados. 

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Acostumados a achar que a realidade do mundo dos negócios respeita perfeitamente a teoria encontrada nos livros, esses analistas insistiram em perguntar ao CEO e CFO se não estaria na hora de a Gerdau captar mais dívidas, dado que isso tenderia a aumentar a rentabilidade.

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Isso até faz sentido na teoria, mas sabemos que o mundo real guarda muito mais complexidades.

Turbinando a rentabilidade 

Você já deve ter ouvido falar que a melhor forma de investir é utilizando dinheiro de terceiros. 

Isso porque utilizar empréstimos é uma maneira de aumentar a rentabilidade de qualquer investimento.

Quer ver?

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Vamos supor que você decida montar um negócio que precise de um investimento inicial de R$ 500 mil. Você tem esse dinheiro guardado e decide utilizá-lo para colocar a empresa de pé.

Considerando que no ano a empresa conseguiu um lucro operacional (Ebit) de R$ 100 mil, o retorno do seu investimento foi de 13,2%: 

Resultado do exercício – sem alavancagem
Lucro antes do pagamento de juros (Ebit)R$ 100.000
Juros pagos ao banco- R$ 0
Lucro antes do imposto(=) R$ 100.000
Imposto pago (alíquota de 34%)- R$ 34.000
Lucro líquido(=) R$ 66.000
Patrimônio líquido (dinheiro próprio investido)R$ 500.000
ROE (Lucro líquido ÷ Patrimônio líquido)13,2%

Agora, vamos supor que, em vez de ter investido R$ 500 mil do próprio bolso, você tivesse colocado apenas R$ 100 mil e o restante fosse emprestado do banco, a uma taxa de 10% ao ano. Considerando que o negócio gerasse o mesmo Ebit de R$ 100 mil, qual seria o seu retorno neste caso?

Resultado do exercício – com alavancagem
Lucro antes do pagamento de juros (Ebit)R$ 100.000
Juros pagos ao banco (10% sobre R$ 400 mil)-R$ 40.000
Lucro antes do imposto(=) R$ 60.000
Imposto pago (alíquota de 34%)- R$ 20.400
Lucro líquido(=) R$ 39.600
Patrimônio líquidoR$ 100.000
ROE (Lucro líquido ÷ Patrimônio líquido)39,6%

Repare que, apesar de o lucro ser menor por causa do pagamento de juros, o retorno para o acionista (ROE) acaba sendo muito maior quando há utilização de capital de terceiros. E quanto mais aumentarmos a parcela de dinheiro de terceiros, maior será o ROE (assumindo que a taxa de juros cobrada pelos bancos continuasse igual).

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É claro que existe um limite para o endividamento. Segundo os livros de teoria de finanças, a relação ótima estaria entre cerca de 1,5 e 3,5 vezes dívida líquida/Ebitda (sigla para lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização). Menos do que isso, o retorno é afetado; mais do que isso, a dívida pode ficar grande demais e levar a companhia à falência. 

Teoria vs mundo real 

Depois de a Gerdau mostrar um baixo nível de dívidas com relação aos seus resultados operacionais, muitos analistas questionaram o CEO e o CFO se não seria o momento de realizar mais empréstimos para turbinar a rentabilidade dos acionistas. 

Como acabamos de ver, a pergunta faz sentido e está de acordo com a teoria de finanças. Mas, infelizmente, não conversa com o que estamos habituados a ver no mundo dos negócios, especialmente em setores muito cíclicos, como o que a Gerdau atua.

Aliás, foi justamente essa a resposta que a administração da empresa deu aos analistas na teleconferência ao descartar elevar o nível de endividamento.

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Hoje o preço do aço e a demanda por ele estão elevadas, o resultado operacional está muito forte e proporcionando uma alavancagem de apenas 0,65 vezes a dívida líquida/Ebitda. 

Alavancagem financeira atual
Dívida líquidaR$ 10,2 bilhões
Ebitda – últimos 12 mesesR$ 15,6 bilhões
Dívida líquida/Ebitda0,65 vezes

Esse é um nível baixo e que acaba impactando negativamente o ROE no curto prazo, e é por isso que vimos analistas perguntando se não estava na hora de tomar mais dívidas. 

O problema é que nada garante que as condições permanecerão tão favoráveis assim. 

Da mesma forma que os preços do aço estão lá em cima e a demanda está aquecida neste momento, pode ser que daqui a doze meses estejamos numa crise tremenda, com preços e venda de aço em níveis deprimidos. 

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Nessa situação, o Ebitda cairia bastante, assim como aconteceu em meados da década passada. 

Fonte: Bloomberg

Apenas como exemplo hipotético, em um cenário nem tão drástico no qual o Ebitda da Gerdau caísse para R$ 3 bilhões (o que ainda está bem acima dos piores níveis vistos em 2016) o mesmo endividamento que hoje é considerado baixo passaria a ser de 3,4 vezes o Ebitda – níveis próximos de alarmantes para qualquer companhia. 

Alavancagem financeira em um cenário de crise
Dívida líquidaR$ 10,2 bilhões
Ebitda de 12 mesesR$ 3 bilhões
Dívida líquida/Ebitda3,4 vezes

Agora, em um cenário ainda mais dramático, a companhia poderia ceder aos desejos e aumentar a sua dívida líquida para R$ 25 bilhões, a fim de deixar a alavancagem atual em 1,6 vezes o Ebitda e turbinar a rentabilidade dos acionistas. 

No entanto, se o mercado piora logo em seguida e o Ebitda cai para aqueles mesmos R$ 3 bilhões do exemplo anterior, a alavancagem subiria para mais de 8 vezes. 

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Alavancagem financeira em um cenário de crise e aumento da dívida
Dívida líquidaR$ 25 bilhões
Ebitda de 12 mesesR$ 3 bilhões
Dívida líquida/Ebitda8,3 vezes

Neste cenário, ela chegaria em um nível praticamente impagável de dívidas e teria de recorrer à renegociações, aumento de capital ou até mesmo um pedido de recuperação judicial. 

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O longo prazo nem sempre é a soma de curtos prazos  

Alavancar o negócio e aumentar a rentabilidade às custas do risco de quebrar lá na frente ou manter níveis confortáveis de dívida e ter a certeza de que o negócio vai resistir a qualquer dificuldade que venha a surgir?

O management da Gerdau adotou o caminho mais conservador, que pode desagradar analistas que acham que os negócios podem ser tocados totalmente de acordo com a teoria. Mas agindo assim, eles garantem a perenidade de um negócio que está sujeito a muito mais complexidades do que a teoria consegue prever. 

Pode não parecer, mas é nesses pequenos sinais que os gestores de algumas companhias nos mostram que eles estão mais preocupados com a continuidade e saúde financeira da empresa do que em retornos turbinados de curto prazo que podem colocar em risco o dinheiro dos acionistas lá na frente. 

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Não é só pelos ótimos resultados e boas perspectivas que gostamos de Gerdau. É também por causa dessa disciplina que o management tem demonstrado mesmo nos tempos de bonança. 

Por esses motivos, a companhia merece um lugar entre as Melhores Ações da Bolsa, que ainda conta com várias outras que compartilham das mesmas qualidades de resultados e de gestão e que está de olho na nova onda de IPOs que estão chegando por aí. Se quiser conferir a série, deixo aqui o convite

Um grande abraço e até a próxima!

Ruy

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