Ford vs Tesla: As oportunidades e os perigos das narrativas na bolsa
Na mesma semana em que a Ford anunciou uma reestruturação em sua cozinha para tentar sobreviver aos próximos anos, Elon Musk, fundador da Tesla, se tornou o homem mais rico do mundo

"Acabamento interno igual ao da Ford não existe!"
Essas foram as palavras do meu velho, quando chegou em casa, feliz da vida, com o terceiro (isso mesmo, terceiro!) Del Rey seguido da família.
O ano era 2000 e o ícone de luxo dos anos 1980 já poderia ser considerado carro velho naquela altura. Mas era o que a grana curta na época permitia e meu pai simplesmente adorava aquela banheira.
Sentimentos opostos
Nesta semana, meu pai e outros tantos entusiastas da marca foram surpreendidos pela notícia de que a Ford está fechando as portas de todas as suas fábricas no país.
A mesma marca que não muito tempo atrás criava objetos de desejo no mercado automobilístico brasileiro deixou de ser sucesso por aqui e agora está deixando o país por causa de resultados pífios nos últimos anos.
O mais intrigante é saber que, nesta mesma semana em que a Ford anunciou uma reestruturação em sua cozinha para tentar sobreviver aos próximos anos, Elon Musk, fundador da Tesla, se tornou o homem mais rico do mundo, depois da disparada das ações da fabricante de veículos elétricos, que atingiu um valor de mercado de mais de US$ 800 bilhões, cerca de vinte vezes maior que o valor de mercado da Ford.
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Mais chocante ainda é lembrar que, apesar de valer vinte vezes mais, a Tesla vende dez vezes menos veículos que a Ford e tem receitas cinco vezes menores.
O que isso significa?
Isso quer dizer que as ações da Ford estão baratas e que surgiu um ponto de entrada para encher seu portfólio com os papéis?
Não!
Então são as ações da Tesla que estão muito caras e chegou a hora de fazer uma aposta contra os ativos, comprando puts (opções de venda) ou vendendo a descoberto?
Também não!
É verdade que, negociando a mais de 160 vezes o seu Ebitda anual (contra 26 vezes da velha Ford), as ações da Tesla estão para lá de esticadas.
Mas isso não quer dizer que elas não podem ficar ainda mais caras.
E apostar contra os papéis neste momento é extremamente complicado porque a narrativa atual favorece demais a companhia.
O poder das narrativas
A verdade é que muita gente ainda tenta calcular preço justo de ações baseando-se apenas no quanto as companhias geram de lucro ou de caixa.
Sob essa ótica, a Tesla, que só dá prejuízo e vende muito menos do que as maiores montadoras globais, está ridiculamente sobrevalorizada.
Mas existem parâmetros que não podem ser extraídos dos resultados trimestrais de uma empresa.
Pare para pensar no caso da Ford. A companhia produz carros de hoje para o mundo de hoje e mesmo assim não tem conseguido gerar lucros satisfatórios, a ponto de precisar fazer uma reestruturação mundial para tentar se adaptar às mudanças.
Agora, se está difícil ter resultados vendendo carros de hoje para o mundo de hoje, imagine quando o amanhã chegar…
A Tesla, ao contrário, está se preparando há anos para o amanhã. Ela pode não vender muito hoje, mas já sabe muito mais sobre carros elétricos, baterias e carros autônomos do que quase todas (ou todas) as fabricantes de veículos atuais.
Ela pode não gerar o mesmo tanto de lucros nem vender um décimo do número de carros que a Ford, mas qual das duas você acredita que está mais preparada para gerar resultados para os seus acionistas quando o amanhã chegar?
Os perigos da narrativa
Como você pode perceber, este é um típico caso no qual a narrativa está sendo mais importante do que os resultados para definir o valor da empresa.
A narrativa de que a Tesla está mais preparada para enfrentar os desafios das próximas décadas me convencem de que ela deveria valer facilmente mais do que a Ford – e o fechamento das plantas no Brasil apenas confirma essa teoria.
Mas é claro que até as boas narrativas têm limites.
Eu admiro o empreendedorismo de Elon Musk, acredito que a Tesla está mais preparada para o novo mundo do que as concorrentes e entendo que o excesso de liquidez global é um baita vento a favor para os papéis.
Mas será que essa expectativa deveria torná-la muito mais valiosa do que todas as sete maiores montadoras do planeta juntas?
Sinceramente, eu acredito que não. Mesmo assim, entendo que a narrativa ainda vai continuar pesando por muito tempo, servindo como um empurrãozinho para as ações.
É por isso que, se eu tivesse apenas duas alternativas, comprar ou vender as ações de Tesla, neste momento eu ainda escolheria comprar. Mas nos patamares atuais e valendo tão mais que as concorrentes, eu trataria as ações como se fossem uma opção.
Colocaria pouco dinheiro nelas (1% do capital ou um montante que não te faça falta alguma) e deixaria lá para ver o que acontece.
Tesouros ainda não encontrados
Apesar de ainda ver as ações da Tesla com bons olhos, todo mundo sabe que os lucros estupendos ocorrem quando investidores encontram um ativo interessante mas que ainda está fora do radar do mercado. Obviamente, não é este o caso da montadora.
É justamente com essa ideia na cabeça que o João Piccioni e o Enzo Pacheco criaram a lista Out-of-the-Box Ideas, dentro da série as Melhores Ações do Mundo.
Essa lista contém nomes que foram esquecidos pelo mercado, mas que a qualquer momento podem virar novos queridinhos dos investidores e trazer grandes lucros para os acionistas que foram capazes de identificar essas oportunidades mais cedo.
Se você quiser conferir a lista, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a próxima!
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