🔴 SD EXPLICA: COMO GARANTIR 1% AO MÊS NA RENDA FIXA ANTES QUE A SELIC CAIA – VEJA AQUI

O que ainda esperar do Copom, com o aumento da Selic para 3,5% contratado?

Entendo como sendo mais provável um comunicado marginalmente mais hawkish, mas não tão agressivo como os anteriores; veja a análise

4 de maio de 2021
6:57 - atualizado às 13:31
Ilustração com porcentagem e duas pessoas, simbolizando a alteração na Selic e nos juros
Imagem: Shutterstock

Começamos o mês de maio de olho na decisão de política monetária do Banco Central do Brasil. A autoridade começa a se reunir hoje, terça-feira (4), para publicar na quarta (5) após o mercado sua decisão.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A deliberação do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) em si já está dada, contratada desde a última reunião. Entende-se que haverá mais uma elevação de 75 pontos-base na Selic Meta, levando-a para o patamar de 3,50% ao ano.

O movimento de um tom mais hawkish (contracionista) para a taxa de juros vem desde o final do ano passado, quando já eram apresentados os primeiros sinais de que a autoridade monetária abandonaria o forward guidance (orientação futura). Resumidamente, esta última se compromete com taxa de juros baixa por mais tempo, de maneira similar ao que os Banco Centrais de países desenvolvidos estão fazendo neste exato momento.

Agora, porém, neste início de mês, o mercado local não se debruça propriamente na decisão, mas, sim, no comunicado que acompanha a mesma. Só temos duas possibilidades:

  • i) mais um parecer hawkish, no qual o BC se compromete com mais elevação da taxa de juros;
  • ii) uma abordagem mais dovish (expansionista ou flexível), aliviando o tom mais agressivo imposto até aqui em 2021.

Cenários possíveis

Um Copom Hawkish visa ancorar melhor a inflação, que parece estar saindo um pouco do eixo nos últimos dados coletados. Existe um temor de que seja um aumento estrutural dos preços, ao invés de temporário, com risco da famosa indexação brasileira levar adiante a pressão sobre os valores verificada agora.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Logo, um comunicado conservador vai ajudar a alinhar as expectativas de inflação, estabilizar ainda mais o dólar e tirar parte da tensão da ponta mais longa da curva de juros.

Leia Também

Por outro lado, um juro mais alto prejudica a retomada da economia, que ainda está batalhando para se levantar, bem como consegue deteriorar as perspectivas fiscais, uma vez que o serviço da dívida ficaria mais caro. A solução poderia ser neutra para o mercado de ações, uma vez que a maior parte dos investidores já espera este desfecho.

Em um Copom Dovish, por sua vez, o BC pode recuar no discurso apresentado recentemente, indicando que parte da correção dos juros já foi executada satisfatoriamente nas duas últimas altas. O ambiente econômico ainda muito debilitado e o fiscal ferido seriam fatores que ajudariam a autoridade monetária a justificar seu movimento, enquanto aponta para a inflação verificada até aqui como sendo temporária.

Como consequência, a ponta mais longa da curva poderia voltar a se estressar mais um pouco - grosso modo, menos juros hoje significa mais juros amanhã -, bem como o câmbio, que perderia horizonte de mais diferencial de juros.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para as ações o choque de curto prazo até pode se verificar como positivo, mas estruturalmente entendo como sendo negativo. Positivo porque se inflação voltar as ações devem ganhar nominalmente, mas negativo porque abriria espaço para mais uma crise de credibilidade da instituição, que tem mudado muito de discurso ultimamente.

Entendo como sendo mais provável um comunicado marginalmente mais hawkish, mas não tão agressivo como os anteriores. Deveremos ter algo como uma elevação de 75 bps agora e mais uma contratação de outros 25 ou 50 pontos-base para a próxima reunião, enquanto a autoridade se mostra preocupada com a inflação e com a retomada da economia.

A solução ajudaria a não haver mais uma inversão de discurso da entidade, uma vez que já viemos de um cavalo de pau e tanto quando o forward guidance foi abandonado em uma reunião e na outra já estávamos subindo os juros. Uma subida marginal em próximos encontros, sem se esquecer de se mostrar "data dependent" (dependente de dados econômicos novos), ajuda a ancorar a inflação, estabilizar o câmbio e não prejudica muito as perspectivas para o pagamento do serviço da dívida do governo, que já se encontra em péssima situação fiscal.

O alívio na ponta mais longa da curva poderia ser verificado e, consequentemente, o mercado de ações teria espaço para reagir bem sem frustrar as projeções dos agentes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sell in May?

Note que existe um caráter especulativo muito forte aqui e tais ponderações não devem servir de base para a tomada de decisão em um investimento, mas, sim, para ajudar a verificar gatilhos sistêmicos de modo a entendermos o posicionamento de nossos portfólios de investimento em ambientes complexos e dinâmicos como os mercados atuais.

Curiosamente, o imbróglio de política monetária se dá justamente em maio, que carrega consigo a superstição da frase gringa "sell in may and go away" (venda em maio e vá embora).

A ideia do racional seria pelo fato de uma verificável underperformance de equity (ações) no período de seis meses entre maio e outubro do ano, derivado inicialmente do começo das férias do hemisfério norte.

Em outras palavras, maio marcaria o início de um período sazonalmente menos atrativo para ações em detrimento de outros investimentos. Alguns estudos, ao invés de seis meses, registram apenas quatro. Tanto faz, a ideia é a mesma. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Vale dizer que a abordagem faz mais sentido no exterior do que para solo brasileiro - por sinal, maior significância estatística para a hipótese se verifica mesmo na Europa, não nos EUA, que mais recentemente tem apresentado performance oposta ao que a frase "sell in may" pode sugerir.

Logo, eu não teria tanto medo do mês de maio.

Ainda mais porque o Brasil se encontra muito atrativo para os estrangeiros. Estamos baratos em dólar, o mundo entra em um ciclo de retomada econômica (bom para emergentes), commodities estão como foco dos investidores novamente e nossa bolsa tem predominância do setor financeiro tradicional, que deve ganhar com uma alta de juros, ainda que marginalmente. Um eventual maior direcionamento nos próximos meses para uma retomada da agenda de produtividade pode servir de gatilho para nosso mercado. 

Parece termos mudado um pouco a pauta depois do caos perpetrado pelos debates ao redor do Orçamento de 2021. Agora, já conversamos sobre reforma tributária, reforma administrativa e privatização de estatais como Eletrobras e Correios. Não será fácil, mas sinais já aparecem no horizonte.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por sinal, sobre o primeiro ponto, o parecer da reforma tributária será lido na Comissão Mista do Congresso hoje, às 15h, pelo relator Aguinaldo Ribeiro. Ainda que Lira divida a reforma para facilitar aprovação, o norteamento é positivo.

Maio pode se tornar um ponto de entrada bom para os próximos 12 meses e a decisão do Copom pode coroar o início deste movimento. Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.

Não podemos ser ingênuos também. O caminho não será linear e muito menos simples. Muita água ainda está para rolar, mas pelo menos já temos um caminho pelo qual seguir.

Para insights como este e para saber como aplicar o racional acima destacado, Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, escreve periodicamente em sua série best-seller, "Palavra do Estrategista", suas melhores ideias de investimento. Se o leitor que me acompanhou aqui tiver interesse em conhecer mais ideias como esta, o conteúdo pode ser uma excelente pedida.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje

16 de dezembro de 2025 - 8:23

Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?

16 de dezembro de 2025 - 7:13

Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg

15 de dezembro de 2025 - 19:55

O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje

15 de dezembro de 2025 - 7:47

O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026

VISÃO 360

Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?

14 de dezembro de 2025 - 8:00

Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações

12 de dezembro de 2025 - 8:26

Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas

SEXTOU COM O RUY

Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas

12 de dezembro de 2025 - 6:07

O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje

11 de dezembro de 2025 - 8:23

A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…

10 de dezembro de 2025 - 19:46

Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje

10 de dezembro de 2025 - 8:10

Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje

9 de dezembro de 2025 - 8:17

Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?

9 de dezembro de 2025 - 7:25

Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade

RALI, RUÍDO E POLÍTICA

Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza

8 de dezembro de 2025 - 19:58

A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje

8 de dezembro de 2025 - 8:14

Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana

TRILHAS DE CARREIRA

É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira

7 de dezembro de 2025 - 8:00

As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas

5 de dezembro de 2025 - 8:05

O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro

SEXTOU COM O RUY

Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos

5 de dezembro de 2025 - 6:02

Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje

4 de dezembro de 2025 - 8:29

Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje

3 de dezembro de 2025 - 8:24

Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje

2 de dezembro de 2025 - 8:16

Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar