Felipe Miranda: Preocupe-se menos com a volatilidade e mais com os fundamentos em si
O que preocupa mesmo é uma eventual perda permanente do capital, e não propriamente se tal ação ou título vai subir ou cair hoje

A razão é uma grande emoção, é o desejo de controle. Há algo curioso na frase de Nietzsche: a razão não é o controle em si; ela é somente um desejo, uma sensação (falsa) de controle. Controle mesmo nunca teremos.
Existem apenas algumas situações em que, por confundir risco com volatilidade ou dispersão de resultados, tem-se uma menor sensação de controle.
Prefiro a versão da Artemis Capital, de que a volatilidade não é nada além da revelação da verdade. Risco mesmo está na verdade não dita ou não percebida.
A chance de as coisas saírem diferente do esperado — se algo já está nas suas expectativas, você está preparado para aquilo. Perda permanente do capital: é com isso que deveríamos estar mais preocupados, não propriamente se tal ação ou título subiu ou caiu hoje.
“Para onde vai o dólar?”
“Vai ter rali de fim de ano?”
“Quem vai ganhar a eleição?”
Ninguém sabe
E o mais engraçado: todos sabem que ninguém sabe. São exercícios ridículos, mas repetidos ad nauseam.
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Você pega a projeção do Focus em 2 de janeiro para o respectivo final do ano. Em 31 de dezembro, confere a estimativa. Identifica um erro gigante. E o que faz no ano seguinte? Vai lá de novo conferir o Focus. É uma das definições de loucura: repetir um experimento esperando um resultado diferente. O princípio da contraindução de Mario Henrique Simonsen. Vamos repetir algo que deu errado até que dê certo.
Preferimos respostas fáceis
O investidor não quer a resposta honesta, a única possível sob o mínimo de humildade e honestidade intelectual: eu não sei.
O bom analista reconhece suas limitações e não é um adivinhador de preços de ativos — essa atividade cabe aos charlatões.
Procuramos boas assimetrias ponderadas pela distribuição estimada de probabilidades.
É pouco?
Talvez, mas é o único caminho possível, que, se repetido com rigor científico no longo prazo, traz bons retornos lá na frente. Com erros e acertos, um resultado final positivo.
Estamos todos, porém, sempre ávidos pelas respostas prontas, simples e diretas, sem nuances ou tergiversações.
Sabemos que os embates dialéticos são vencidos por melhores regras de retórica; não por superação positiva. Isso é mais grave do que gostaríamos de supor. Passa para a história apenas a versão mais convincente, não necessariamente a mais correta ou honesta.
A simplicidade é uma das regras vencedoras da retórica
A resposta pronta é simples, mas desejada. Ela nos passa a sensação de controle. Preferimos ser enganados a enfrentar as nuances da dúvida e da incerteza.
É insuportável conviver com o não saber, com a imperiosa necessidade de reconhecer nossa completa ignorância. Como se fôssemos lembrados a cada instante de nossa insignificância cósmica.
Jogamos um jogo sem saber direito as regras, sem necessariamente um vencedor ou um juízo final.
Ou talvez as regras sejam aquelas que nós mesmos decidimos impor, dando à vida o sentido que achamos pertinente.
O prêmio da virtude é a própria virtude. Nada além.
Impenetrável futuro
Ao nos depararmos com a avassaladora verdade de que não sabemos o que vai acontecer e de que o futuro permanecerá impenetrável, testando a nossa paciência e nossa ansiedade de que ele apenas vai se revelar no futuro mesmo, encaramos a inexorável efemeridade e frivolidade de cada coisa, em trajetórias absolutamente sensíveis à mais pura aleatoriedade.
Uma pequena fagulha e, de repente, o que parecia óbvio se transformou. Se o que nos resta é somente a distribuição de probabilidades, temos de lembrar que eventos de baixa probabilidade também acontecem, sobretudo se o jogo é repetido várias vezes e vamos viver por mais de 100 anos. Uma pequena fagulha e, de repente, poft! Tudo mudou.
Você também não conhece um amigo que estava tomando café da manhã e sofreu um ataque cardíaco do nada, deixando mulher e dois filhos?
Escrevo essas linhas porque teremos de aprender com a incerteza mais intensa, ao menos nas próximas semanas, talvez nos próximos meses.
O mercado se recupera na manhã desta segunda-feira, amparado na interpretação de que o movimento da sexta foi exagerado, amplificado por algotraders, e nas informações (aquelas poucas disponíveis até agora) de que os sintomas da cepa ômicron parecem mais leves, sobretudo em pacientes vacinados. É um dia clássico, ao menos enquanto escrevo estas pobres linhas, de risk-on, de maior disposição ao risco. Andam commodities, ações, moedas emergentes, e por aí vai.
Contudo, sabemos pouco da gravidade do problema. Não há qualquer certeza de que as vacinas, de fato, contemplam a nova cepa e suas inúmeras variações, tampouco sabemos dos impactos vindouros sobre locomoção, turismo, fronteiras, cadeias produtivas, reação dos bancos centrais e Tesouros nacionais. Precisaremos, ao menos, de duas semanas para uma leitura minimamente apurada do assunto.
Nós apenas não sabemos. Ninguém sabe. O ponto, entretanto, é que nunca a gente sabe. Apenas existem momentos em que o não saber fica mais proeminente. Estamos em um deles agora e a resposta é o provável aumento da volatilidade de curto prazo. A percepção óbvia de maior dispersão de resultados possíveis antecipa variações maiores.
Em paralelo, caminhamos internamente com a nossa própria incerteza macunaímica. A vitória de João Doria nas prévias do PSDB, em especial da forma como se deu, eleva as dúvidas sobre a composição da tal terceira via. De um lado, Sergio Moro parece crescer nas pesquisas, apontando crescimento frente a levantamentos anteriores e marcando dois dígitos das intenções de voto. De outro, o esforço obstinado de Doria pode ser visto como uma virtude e também como uma indicação de possível (e temida) fragmentação do centro.
Em termos pragmáticos, portanto, o que fazer?
X não é F(X), responderiam os três leitores mais treinados. Não saber não significa não agir. O entendimento é um substituto ruim para a convexidade, na versão talebiana. Numa pegada mais Clarice Lispector, “renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”.
O foco deve estar na montagem do portfólio, na diversificação e nas assimetrias, no apego aos valuations e a bons ativos, sabendo, claro, que as anomalias e as disfuncionalidades técnicas podem trazer certas aberrações de curto prazo — no final, porém, tudo se acerta e converge aos fundamentos. Como anedota, a criptomoeda ômicron, sem qualquer relação com a tal cepa de Covid-19 obviamente, subiu 900% nesta segunda-feira.
Arrisco, com muita humildade, algumas prescrições para os próximos dias. Sem querer enveredar para o insuportável papo de “mindset autoajuda”, mas a verdade é que períodos de maior volatilidade requerem um pouco mais de preparo emocional e psicológico.
Preocupe-se menos com a volatilidade e mais com os fundamentos em si. Recomendam-se: paciência, serenidade e extensão do horizonte temporal dos investimentos. No meio do tiroteio, talvez seja melhor esperar quieto no seu canto.
Ainda que possamos ter dias mais sensíveis e tudo pareça uma montanha-russa, não é porque o cenário é duvidoso, incerto e difícil que os resultados estão condenados a serem ruins.
A real reflexão
Perguntas funcionam melhor em muitas situações para provocar a real reflexão: não seria preferível uma resposta complexa certa a uma simples e errada? A eleição seria mesmo um grande problema? Do que temos tanto medo em 2022: do populismo, de programas sociais goela abaixo, do aumento do fundo eleitoral, de emendas do relator intermináveis? Hmmm, será mesmo uma surpresa? O que não está no preço hoje? E o que está no preço?
Tudo pode acontecer, claro. Mas eu teria grande dificuldade de acreditar que a moeda ômicron vai continuar subindo indefinidamente. Aliás, ela pode deixar muita gente machucada no meio do caminho. No final, o fundamento vence.
A diversificação, a paciência, a boa gestão de risco e a compra de boas empresas a preços baratos sempre são recompensados no longo prazo. Muitas vezes demora mais do que gostaríamos, infelizmente. É o melhor que dá pra fazer.
Encerrando com a sabedoria de Woody Allen: a realidade é muito dura, mas ainda é o único lugar onde se pode comer um bom bife.
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