A postura “eyes on the road” dos investidores durante a semana
Mesmo com os dados de inflação melhores que o esperado, mercado continua concentrado no que está por vir, e não demonstra muita animação
Nesta semana, acompanhar a bolsa foi como assistir um filme.
No maravilhoso Green Book, o pianista Don contrata um italiano, o conversador Tony, para guiá-lo aos locais dos seus shows. Ao redor do país, os dois superaram barreiras de cor em favor de uma amizade recheada de devaneios ao longo das estradas.
O problema é que o fanfarrão Tony gostava de conversar olhando nos olhos, ao que Don reagia com a marcante frase: “Tony, eyes on the road” (Tony, olhos na estrada).
Foi assim que investidores reagiram aos dados econômicos divulgados na semana. No Brasil, teve IPCA de junho. Nos Estados Unidos, teve geração de emprego semanal. Na China, por sua vez, a discussão é sobre seu dado de crescimento.
Os preços brasileiros de junho, medidos pelo IPCA, aceleraram 0,53% em relação ao mês anterior; mesmo assim, mostraram uma tendência menos inflacionária do que esperado pelo mercado – que projetava uma alta de 0,59%.
Mesmo surpreendendo positivamente, o dado não agradou o mercado e causou parte da queda de 1,25% do Ibovespa no pregão de quinta-feira.
Leia Também
O desagrado parece ter sido causado não pelo dado em si, mas pela memória futurística que ele trouxe. O IPCA de junho veio quase como um lembrete dos reajustes de preços que nos aguardam no mês seguinte. O leitor começará a sentir a conta de luz mais cara.
Também, o preço salgado da gasolina quando for completar o combustível no posto mais próximo. Tudo isso vai refletir no IPCA de julho.
O investidor vive de olhar para o futuro. O dado saiu na quinta, mas já estava no preço muito antes de se tornar público.
Agora que as expectativas para junho foram de certa forma confirmadas – vide a estreiteza da diferença entre projetado e realizado –, os investidores já podem passar a pensar nos meses vindouros. Daí a lembrança. E o desgosto antecipado do que está por vir.
O noticiário internacional também contribuiu para a queda do Ibovespa, que foi de 1,7% no acumulado da semana. Os co-responsáveis são o decepcionante dado semanal de geração de emprego nos Estados Unidos e uma matéria que lançou desconfiança sobre os polpudos dados de crescimento da China.
Se a maior potência do mundo, que já praticamente superou o coronavírus, está com um desemprego crescente, quem somos nós para esperar algo diferente no território tupiniquim?
E, por outro lado, qualquer suspeição sobre a principal economia emergente do mundo é suficiente para desencadear um efeito dominó sobre os demais países em ascensão, inclusive o tropical.
Acredito ser esse tipo de pensamento envolvido no movimento da B3 na semana. O grau de julgamento futurológico envolvido nas decisões de investimento é notável, assim como a fragilidade do capital estrangeiro investido nos emergentes, um fluxo inevitavelmente arisco.
Por outro lado, as ações de tecnologia esbanjam lucros para os seus acionistas. As ações da Amazon subiram 6% na semana, em dólar – mesmo com a saída de Jeff Bezos do posto de CEO. As da Apple, 2%.
A dinâmica de rotação de setores parece começar a se inverter, com os dados da inflação americana se arrefecendo e, assim, afastando gradualmente os temores de uma subida relevante dos juros americanos.
Ótima notícia para as empresas de tecnologia, cujos fluxos de caixa distantes são intensamente penalizados por uma taxa de desconto mais alta. Novamente olhando para o futuro, os investidores passam a sair das empresas “value”, gradualmente voltando para o “growth”.
Tudo isso, um grande exercício de futurologia, esporte necessário para qualquer investidor. Cada um praticará-lo do seu jeito, único e particular. Vence quem errar menos – porque que haverá erro, não há dúvida.
Tony, eyes on the road.
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas