Os balanços de ontem à noite devem movimentar a bolsa tanto aqui quanto no exterior. Do lado negativo, Apple, Amazon e Vale (VALE3) reportaram resultados aquém do esperado e Petrobras (PETR4 e PETR3) teve lucro positivo — mas as falas do presidente da República pressionaram os papéis da estatal no pós-mercado.
Nesse cenário, o Ibovespa encerrou o pregão da última quinta-feira (28) em queda de 0,62%, aos 105.704 pontos. O dólar à vista, por sua vez, avançou mais 1,26%, aos R$ 5,6253, mesmo com a alta mais intensa da Selic pelo Banco Central.
Os destaques do dia incluem a temporada de balanços que segue a todo o vapor aqui e no exterior. O investidor nacional não tem maiores dados locais para digerir, mas o cenário interno deve colocar o teto de gastos no centro do debate hoje. A PEC dos precatórios deve ser votada na semana que vem, portanto a cautela deve se manter até lá.
Já o investidor internacional deve ficar de olho no dado mais importante da semana: a inflação dos Estados Unidos, medida pelo PCE (índice de preços, em inglês), o dado preferido do Federal Reserve para decidir sobre a política monetária do Banco Central americano.
Prepare-se para o pregão desta sexta-feira (29):
Palavras que machucam
Na noite de ontem (28), o presidente da República Jair Bolsonaro criticou os altos lucros da Petrobras (PETR4 e PETR3) antes da divulgação do balanço da estatal. Em sua tradicional live de quinta-feira, Bolsonaro afirmou que deve ser uma empresa que “dê lucro não muito alto, como tem dado” aos acionistas.
Isso fez com que os ADRs da Petrobras, recibo de ações negociados na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), registrassem uma forte queda de 3,69%, a US$ 10,17 no pós-mercado. Pouco depois, o balanço da empresa confirmou lucro de R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre, mas o risco de interferência na estatal segue pressionando os papéis da empresa.
Sem tempo
Sem o auxílio emergencial, cerca de 22 milhões de pessoas ficarão sem alguma fonte de renda a partir de novembro. Para conseguir pagar o benefício, o governo precisa de espaço no Orçamento, que seria aberto pela PEC dos Precatórios. Mas existem alguns empecilhos pelo caminho.
O feriado da semana que vem deve encurtar o tempo de debates e quantidade de deputados na Câmara. Mesmo que a Casa tenha o número necessário (quorum) para iniciar a votação, não existe garantia de que ela seja aprovada, e a oposição já se mostrou contra a medida.
Como se não bastasse a falta de tempo para a aprovação de uma nova rodada de auxílio, o governo ainda precisa lidar com uma iminente greve dos caminhoneiros, marcada para esta segunda-feira (1º). Apesar de o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, informar que não haverá paralisação, é preciso ficar atento.
O que temos para hoje?
Sem maiores indicadores pela frente, o investidor nacional deve digerir os balanços das gigantes da bolsa, divulgados ontem após o fechamento das negociações. Além da Petrobras, a Vale (VALE3) reportou resultados aquém das expectativas do mercado.
Além dos resultados financeiros, a companhia também anunciou hoje um programa de recompra de até 200 milhões de ações nos próximos 18 meses. A Vale emenda o novo plano no programa vigente, que está prestes a ser encerrado com saldo de 268 milhões de papéis adquiridos.
Maçã sem gosto
Dois balanços no exterior movimentaram os negócios após o fechamento do mercado dos Estados Unidos. Apple e Amazon divulgaram seus resultados do terceiro trimestre e os temores dos analistas internacionais se confirmaram: a decepção com os resultados se deve ao gargalo na cadeia de suprimentos norte-americana.
Os Estados Unidos vivem uma inflação sistêmica na retomada das atividades, o que muitos especialistas divergiam quanto a suas origens. Entretanto, o desempenho das empresas de tecnologia confirmou que a falta de matérias primas, chips de computador e outros materiais afetou diretamente o resultado do último trimestre.
Mas não é só isso. Tanto Amazon quanto Apple deram indícios de que, no curto prazo, uma série de desafios continuará impactando seus desempenhos financeiros — o que mexe com a confiança dos investidores.
De olho hoje
Além de digerir os balanços de ontem e de hoje, o investidor deve ficar atento ao principal indicador da semana no exterior. Pela manhã, os Estados Unidos divulgam os resultados de preços ao consumidor (PCE, na sigla em inglês).
O PCE é o dado utilizado pelo Banco Central para decidir sobre a política de juros e retirada de estímulos da economia, movimento conhecido como tapering. A expectativa é de que o PCE de setembro avance 0,4% no mês e 4,3% no ano, de acordo com a mediana das expectativas de especialistas ouvidos pelo Broadcast.
Bolsas pelo mundo
Os principais índices asiáticos encerraram o pregão desta sexta-feira sem direção única. A decepção com o balanço da gigante de tecnologia Apple pesou nas ações dos fornecedores em toda a região, assim como os dados do terceiro trimestre da Amazon também vieram abaixo do esperado.
De maneira semelhante, os balanços após o fechamento de ontem também pressionaram as bolsas da Europa, que abriram em baixa e devem manter compasso de espera até a divulgação do PIB e inflação (medida pelo CPI) na Zona do Euro.
Já os futuros de Nova York seguem pressionados pelos fracos balanços de ontem e devem se manter em compasso de espera até a divulgação dos dados de inflação (medida pelo PCE) dos Estados Unidos.
Agenda do dia
- Zona do Euro: PIB do terceiro trimestre e inflação (CPI, em inglês) de outubro (6h)
- Banco Central: Setor público consolidado em setembro (9h30)
- Estados Unidos: Preços ao consumidor (PCE, em inglês) de setembro (9h30)
- Leilão da rodovia Presidente Dutra (a partir das 14h)
Balanços
- Brasil: Usiminas (antes da abertura)
- França: BNP Paribas (antes da abertura)
- Estados Unidos: ExxonMobil (antes da abertura)
- Estados Unidos: Chevron (antes da abertura)