A euforia da primeira semana de 2021 parece realmente ter ficado para trás. Depois das altas recentes, as bolsas americanas pareciam dispostas a engatarem um movimento de realização de lucros, mas conseguiram se firmar em um cenário de leve alta.
Ontem, o Ibovespa conseguiu um fôlego extra após a divulgação da inflação oficial e fechou o dia com uma alta moderada. Mas hoje, a história é outra. A bolsa brasileira apresenta uma queda acentuada e chegou a perder o patamar dos 122 mil pontos. Por volta das 16h55, o principal índice da bolsa brasileira recuava 1,54%, aos 122.089,86 pontos.
Os analistas de mercado citam dois principais razões para o desempenho negativo do Ibovespa, que descola das bolsas internacionais nesta quarta-feira: o vencimento de opções sobre as ações do índice — que afetam com mais força as "blue chips", empresas de grande peso — e uma realização de lucros após o rali de ano novo — que fez com que o Ibovespa renovasse inúmeras vezes o seu patamar recorde, indo além dos 25 mil pontos.
O dólar devolveu ontem metade da valorização de 2021, recuando mais de 3%. Hoje, a moeda americana tem apresentado uma sessão de volatilidade, mas se firmou em queda durante a tarde. Segnd Márcio Lórega, da Ativa Investimentos, a pressão do vencimento de opções sobre o ibovespa também acaba tendo reflexos no câmbio. No mesmo horário, a divisa recuava 0,33%, a R$5,3039.
Vale lembrar que assim como o Ibovespa, o dólar também teve uma valorização expressiva de 6% nos primeiros dias de 2021. Um movimento de correção era esperado e ele tem sido forte nas últimas duas sessões.
Os juros futuros começam o dia em alta, após uma queda expressiva durante a sessão de ontem. Confira as cotações:
- Janeiro/2022: de 3,14% para 3,23%
- Janeiro/2023: de 4,81% para 4,97%
- Janeiro/2025: de 6,38% para 6,52%
- Janeiro/2027: de 7,11% para 7,23%
Eu escolho você
Uma série de fatores internos podem estar dando um empurrãozinho nesse movimento de realização de lucros, é o que acreditam Pedro Galdi, da Mirae Asset, Alan Gandelman, da Planner Corretora, e Marcio Lórega, da Ativa Investimentos.
Em primeiro plano fica a questão do coronavírus, que não é de fato somente um problema interno, mas conta com o agravante doméstico de que o cenário de vacinação do país ainda é muito incerto. Lá fora, a vacinação já começou, mas medidas pesadas de isolamento social na Alemanha, Reino Unido e outros países, abrem espaço para a leitura de que a economia deve voltar a sofrer neste primeiro trimestre.
Por aqui, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que ninguém receberá as vacinas antes de Manaus e a previsão é de que a imunização comece no dia 19 de janeiro. No entanto, a Anvisa ainda não aprovou nenhuma das duas candidatas que pediram o registro para uso emergencial no país.
O Estado de São Paulo também estuda antecipar a mudança de status das regiões, o que influencia diretamente no tipo de atividade que pode ser exercida em cada lugar.
A corrida para a presidência da Câmara também é um fator de incerteza, já que essa é uma pauta que pode mexer com o andamento das reformas econômicas, uma agenda importante para o mercado financeiro.
Além desses ruídos políticos em Brasília, seja com vacinação ou corrida presidencial, temos também rumores de que uma nova greve dos caminhoneiros pode ocorrer.
Agora cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o setor de serviços teve uma alta de 2,6% em novembro, acima do esperado pelo mercado. Essa foi a sexta expansão mensal consecutiva do índice, o que indica um ganho acumulado de 19,2%, ainda insuficiente para reverter a perda de 19,6% entre fevereiro e maio.
Com tantas incertezas no ar, o momento é de embolsar os ganhos recentes. No caso específico da Vale, Gandelman cita ainda que o as novas medidas de lockdown adotadas em diferente regiões da China, maior consumidor do mundo de minério de ferro, ajuda a pressionar ainda mais os papéis.
No radar
Os fatores que alimentam a cautela no exterior são os mesmos dos últimos dias. Em primeiro plano está a votação do impeachment do presidente Donald Trump, que deve acontecer nesta quarta-feira na Câmara dos Representantes. Ontem, o vice-presidente Mike Pence se recusou a invocar a 25ª Emenda, que poderia ser utilizada para destituir Trump, que é acusado de "incitar uma ressureição" e ter apoiado a invasão ao Capitólio na última semana.
As bolsas globais também tiveram uma alta expressiva neste começo de ano, pegando carona no otimismo com novos estímulos fiscais nos Estados Unidos, com a vitória democrata no Senado, que deu o controle das duas casas legislativas do país ao partido.
As bolsas da Europa fecharam majoritariamente em alta. Nos Estados Unidos, as bolsas avançam em leve alta.
Sobe e desce
O desempenho das blue chips pesa na parte de baixo da tabela. Destaque negativo também para a Usiminas, impactada pelas medidas de lockdown na China.
CÓDIGO | COMPANHIA | VALOR | VARIAÇÃO |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 15,60 | -5,34% |
GOLL4 | Gol PN | R$ 29,32 | -4,28% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 29,86 | -4,23% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 36,14 | -4,19% |
AZUL4 | Azul PN | R$ 23,28 | -4,12% |
Confira também as maiores altas do dia:
CÓDIGO | COMPANHIA | VALOR | VARIAÇÃO |
ENEV3 | Carrefour ON | R$ 67,75 | 4,15% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 79,37 | 3,91% |
MRVE3 | MRV ON | R$ 20,07 | 3,72% |
CIEL3 | Cielo ON | R$ 3,91 | 2,36% |
CRFB3 | Carrefour ON | R$ 20,40 | 1,24% |