No mercado de fundos imobiliários, ainda é possível lucrar com arbitragem ‘à moda antiga’
Por ser composto basicamente por pessoas físicas, o mercado de FII ainda tem distorções de preços que levam certo tempo para serem corrigidas, permitindo ao investidor que as identifica obter ganhos extras

Com o desenvolvimento da tecnologia e dos mercados globais de ativos como ações e commodities, ganhar dinheiro com arbitragem - isto é, operando distorções de preços - foi ficando cada vez mais difícil e restrito a algoritmos.
Os “robôs”, como costumamos chamá-los, conseguem identificar distorções que são rapidamente corrigidas por um mercado cada vez mais eficiente e dinâmico. Quando alguma coisa acontece, ela já se reflete nos preços quase que imediatamente.
Mas existe um mercado, pelo menos no Brasil, onde as distorções mais óbvias ainda persistem e não são corrigidas com tanta rapidez: o de fundos imobiliários.
Por ser basicamente composto por pessoas físicas, o mercado de FII nem sempre reflete imediatamente nos preços dos ativos todos os acontecimentos que deveriam afetá-los.
Às vezes leva dias ou até meses para que o mercado “perceba” que um fundo tem algo a ganhar ou perder com determinado evento e incorpore isso aos preços das cotas.
Um exemplo de arbitragem “clássica” são aqueles fundos que têm carteiras saudáveis, mas cujas cotas são negociadas a valores próximos ou abaixo do seu valor patrimonial por falta de liquidez.
Leia Também
Mas essa distorção pode ocorrer também simplesmente porque o mercado não teve tempo de prestar atenção e processar informações públicas, como as que os fundos são obrigados a divulgar ao mercado e apresentar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Por exemplo, no início do terceiro trimestre de 2020, o mercado já esperava que os índices de preços veriam uma alta, mas levou algum tempo para os preços das cotas dos fundos de recebíveis imobiliários mais expostos a títulos indexados à inflação incorporarem a melhora na rentabilidade que eles certamente teriam. Na época, esses FII eram negociados com desconto na bolsa.
Outro exemplo é o do fundo Valora RE III (VGIR11), fundo de recebíveis que tem 95% da sua carteira composta por CRI atreladas ao CDI - isto é, a remuneração dos títulos aumenta quando a Selic sobe.
Suas cotas só viram uma valorização mais intensa depois da reunião do Copom de março, quando o Banco Central efetivamente aumentou a Selic em 0,75 ponto percentual, sendo que a perspectiva de que os juros subiriam já vinha de meses antes. Havia uma diferença entre o valor de mercado e o valor patrimonial das cotas que só desapareceu depois da reunião.
Um caso ainda mais específico é o do fundo de recebíveis VBI CRI (CVBI11). No meio do ano passado, era possível prever, pelas informações divulgadas pelo fundo, que sua distribuição de dividendos aumentaria mais para o fim do ano. De agosto a dezembro, as cotas subiram quase 20% e a distribuição do fundo passou da faixa de 60 centavos para R$ 1,50 por cota.
Os FOFs já estão de olho
Em tese, mesmo uma pessoa física poderia ganhar dinheiro dessa forma. Bastaria perceber que o preço de uma cota já deveria estar refletindo algum acontecimento, mas está atrasado.
Mas é claro que os gestores de fundos que investem em outros fundos imobiliários, os chamados FOFs, já se deram conta disso, e estão desenvolvendo métodos para ganhar dinheiro com esse tipo de “arbitragem à moda antiga”.
“O que mais explica o fato de o mercado de fundos imobiliários ser tão ‘desarbitrado’ é que 60% do fluxo diário vem de pessoas físicas. Muitas vezes, esses investidores não acompanham o mercado tão de perto, pois estão mais interessados em investir para gerar renda ou para a aposentadoria, por exemplo”, diz Rodrigo França, gestor da Devant Asset especializado nesse tipo de estratégia.
Antes da Devant, onde ingressou há pouco tempo, França já usava esse arbitragem na gestão do FOF OUFF11, da Ourinvest, cujo retorno em dividendos, no ano passado, foi de 9,3%, considerando os preços de mercado das cotas.
A ideia de um fundo imobiliário que faz esse tipo de operação não é se basear inteiramente na arbitragem para ganhar dinheiro, até porque nem sempre há distorções para operar. Mas sim monitorar o mercado para ter um lucro extra e pontual quando elas aparecerem, e assim turbinar os dividendos distribuídos pelo fundo.
Para fazer isso, França criou uma base de dados automatizada que capta uma série de informações públicas dos fundos imobiliários abertos. Não chega a ser um robô, pois não é o algoritmo que toma as decisões de investimento, mas o ser humano.
De todo modo, ele consegue ter acesso a todos os inquilinos e contratos de aluguel, mutuários e contratos que lastreiam os CRI, indexadores e calendários de pagamento dos CRI, demonstrações financeiras, fatos relevantes e por aí vai. Dessa forma, consegue verificar se os ativos e os fundos estão bem precificados ou não.
“Por exemplo, ele consegue identificar que determinado fundo tem uma reserva de lucros que vai precisar distribuir em breve, enquanto a pessoa física espera o fundo começar a pagar um dividendo mais gordo para comprar”, me explicou David Camacho, sócio-fundador da Devant.
A gestora está neste momento captando para um FOF que vai utilizar essa estratégia, além das tradicionais estratégias para gerar renda, incluindo investimento em CRI. Tanto França quanto Camacho conversaram comigo antes da oferta, quando os gestores, então, entraram em período de silêncio.
Batizado de Devant Fundo de Fundos (DVFF11), o FII está realizando uma oferta restrita, do tipo que apenas um punhado de investidores institucionais consegue participar. Mas a ideia é, posteriormente, ser negociado em bolsa.
Cessar-fogo no radar dos investidores: Ibovespa se aproxima dos 140 mil pontos, enquanto dólar e petróleo perdem fôlego
O Irã sinaliza que busca um fim para as hostilidades e a retomada das negociações sobre seu programa nuclear
17 OPA X 0 IPO: Em meio à seca de estreias na bolsa, vimos uma enxurrada de OPAs — e novas regras podem aumentar ainda mais essa tendência
Mudança nas regras para Ofertas Públicas de Aquisição (OPA) que entram em vigor em 1º de julho devem tornar mais simples, ágil e barato o processo de aquisição de controle e cancelamento de registro das companhias listadas
Dividendos bilionários: JBS (JBSS32) anuncia data de pagamento de R$ 2,2 bilhões em proventos; veja quem tem direito a receber
Após o pagamento dos dividendos, há ainda uma previsão de leilão das frações de ações do frigorífico
Quatro fundos imobiliários estão em vias de dizer adeus à B3, mas envolvem emissões bilionárias de outros FIIs; entenda o imbróglio
A votação para dar fim aos fundos imobiliários faz parte de fusões entre FIIs do Patria Investimentos e da Genial Investimentos
É hora de comprar Suzano? Bancão eleva recomendação para ações e revela se vale a pena colocar SUZB3 na carteira agora
O Goldman Sachs aponta quatro razões principais para apostar nas ações da Suzano neste momento; veja os pilares da tese otimista
Méliuz (CASH3) levanta R$ 180,1 milhões com oferta de ações; confira o valor do papel e entenda o que acontece agora
O anúncio de nova oferta de ações não foi uma surpresa, já que a plataforma de cashback analisava formas de levantar capital para adquirir mais bitcoin
Compensação de prejuízos para todos: o que muda no mecanismo que antes valia só para ações e outros ativos de renda variável
Compensação de prejuízos pode passar a ser permitida para ativos de renda fixa e fundos não incentivados, além de criptoativos; veja as regras propostas pelo governo
Com o pé na pista e o olho no céu: Itaú BBA acredita que esses dois gatilhos vão impulsionar ainda mais a Embraer (EMBR3)
Após correção nas ações desde as máximas de março, a fabricante brasileira de aviões está oferecendo uma relação risco/retorno mais equilibrada, segundo o banco
Ações, ETFs e derivativos devem ficar sujeitos a alíquota única de IR de 17,5%, e pagamento será trimestral; veja todas as mudanças
Mudanças fazem parte da MP que altera a tributação de investimentos financeiros, publicada ontem pelo governo; veja como ficam as regras
Banco do Brasil (BBAS3) supera o Itaú (ITUB4) na B3 pela primeira vez em 2025 — mas não do jeito que o investidor gostaria
Em uma movimentação inédita neste ano, o BB ultrapassou o Itaú e a Vale em volume negociado na B3
Adeus, dividendos isentos? Fundos imobiliários e fiagros devem passar a ser tributados; veja novas regras
O governo divulgou Medida Provisória que tira a isenção dos dividendos de FIIs e Fiagros, e o investidor vai precisar ficar atento às regras e aos impactos no bolso
Fim da tabela regressiva: CDBs, Tesouro Direto e fundos devem passar a ser tributados por alíquota única de 17,5%; veja regras do novo imposto
Governo publicou Medida Provisória que visa a compensar a perda de arrecadação com o recuo do aumento do IOF. Texto muda premissas importantes dos impostos de investimentos e terá impacto no bolso dos investidores
Gol troca dívida por ação e muda até os tickers na B3 — entenda o plano da companhia aérea depois do Chapter 11
Mudança da companhia aérea vem na esteira da campanha de aumento de capital, aprovado no plano de saída da recuperação judicial
Petrobras (PETR4) não é a única na berlinda: BofA também corta recomendação para a bolsa brasileira — mas revela oportunidade em uma ação da B3
O BofA reduziu a recomendação para a bolsa brasileira, de “overweight” para “market weight” (neutra). E agora, o que fazer com a carteira de investimentos?
Cemig (CMIG4), Rumo (RAIL3), Allos (ALOS3) e Rede D’Or (RDOR3) pagam quase R$ 4 bilhões em dividendos e JCP; veja quem tem direito a receber
A maior fatia é da Cemig, cujos proventos são referentes ao exercício de 2024; confira o calendário de todos os pagamentos
Fundo Verde: Stuhlberger segue zerado em ações do Brasil e não captura ganhos com bolsa dos EUA por “subestimar governo Trump”
Em carta mensal, gestora criticou movimentação do governo sobre o IOF e afirmou ter se surpreendido com recuo rápido do governo norte-americano em relação às tarifas de importação
Santander Renda de Aluguéis (SARE11) está de saída da B3: cotistas aprovam a venda do portfólio, e cotas sobem na bolsa hoje
Os investidores aceitaram a proposta do BTG Pactual Logística (BTLG11) e, com a venda dos ativos, também aprovaram a liquidação do FII
Fundo imobiliário do segmento de shoppings vai pagar mais de R$ 23 milhões aos cotistas — e quem não tem o FII na carteira ainda tem chance de receber
A distribuição de dividendos é referente a venda de um shopping localizado no Tocantins. A operação foi feita em 2023
Meu medo de aviões: quando o problema está na bolsa, não no céu
Tenho brevê desde os 18 e já fiz pouso forçado em plena avenida — mas estou fora de investir em ações de companhias aéreas
Bank of America tem uma ação favorita no setor elétrico, com potencial de alta de 23%
A companhia elétrica ganhou um novo preço-alvo, que reflete as previsões macroeconômicas do Brasil e desempenho acima do esperado