Ibovespa tropeça, mas consegue se firmar nos 124 mil pontos com melhora do cenário fiscal; dólar e juros têm queda firme
O Ibovespa ganhou força ao longo do dia e retomou o patamar dos 124 mil pontos. Já o dólar e os juros recuaram com uma melhora no quadro fiscal

Depois de alguns dias de marasmo e poucas reviravoltas, as coisas voltaram a ficar um pouco mais agitadas no mercado financeiro.
Nesta quinta-feira (27), o dia prometia ser mais uma repetição do que temos visto nos últimos tempos: dominância do noticiário internacional que, por sua vez, é dominado pelos temores de um superaquecimento da economia americana, inflação acelerada e a possibilidade de que o Federal Reserve atue antes do esperado na política monetária.
O dia até começou assim, com indicadores econômicos divulgados nos Estados Unidos mostrando uma economia que ainda balança na sua recuperação, o que sustentou por mais algum tempo o discurso do Fed - as taxas de juros não devem mudar tão cedo.
Enquanto no Brasil o Ibovespa vacilava - puxado por pequenos atritos políticos e o desempenho negativo do setor de bancos -, lá fora os índices em Wall Street sustentavam uma alta moderada. Ao fim do dia, o Nasdaq ficou no vermelho por muito pouco ao cair 0,01%, mas o Dow Jones e o S&P 500 avançaram 0,41% e 0,12% respectivamente.
Na B3, as coisas custaram a engrenar, e isso só ocorreu depois que os investidores tiveram sinais de que o nosso cenário fiscal pode estar melhor do que o imaginado. Com as reformas administrativa e tributária de volta ao plano mais amplo de discussões, essas questões relacionadas à saúde fiscal do país, que andavam meio adormecidas desde a aprovação do Orçamento, devem voltar para a rotina.
Ainda que a bolsa tenha fechado o dia com uma alta tímida de 0,30%, aos 124.366 pontos, o câmbio e os contratos de DI repercutiram bem a forte arrecadação do governo federal, que ficou R$ 7,1 bilhões acima do consenso de mercado, um superávit de R$ 16,5 bilhões em abril.
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Tudo bem que esse resultado só foi possível porque diversas despesas do governo ficaram represadas, já que o Orçamento de 2021 só foi aprovado no fim de abril, mas a notícia foi bem recebida. Outra notícia que pode até não parecer positiva mas que pegou bem foi a manutenção do rating BB- pela Fitch para a economia brasileira. A agência de risco frisou os desafios herdados do descontrole da dívida pública, mas fez questão de ressaltar a economia diversificada, câmbio flexível e o tamanho das reservas como pontos positivos.
Juntando isso com o fato de que diversos bancos e casas de análise começam a revisar para cima suas expectativas para a bolsa brasileira, o CDS, credit default swap que é termômetro para o risco-País, cedeu e levou junto dólar e juros.
O dólar à vista terminou o dia com queda de 1,09%, a R$ 5,2523, depois de ter superado a casa dos R$ 5,31 pela manhã. A despressurização do câmbio e melhores expectativas para o cenário fiscal também aliviaram os principais contratos de DI. Confira as taxas do dia:
- Janeiro/2022: estável em 4,99%
- Janeiro/2023: de 6,64% para 6,58%
- Janeiro/2025: de 8,06% para 7,89%
- Janeiro/2027: de 8,68% para 8,52%
Check-up da economia gringa
A bateria de indicadores divulgados pela manhã na Terra do Tio Sam incluiu a segunda leitura do PIB, indicador de inflação ao consumidor (PCE, na sigla em inglês) e os pedidos semanais de auxílio desemprego.
O PIB dos EUA avançou à taxa anualizada de 6,4% no primeiro trimestre de 2021, abaixo das expectativas de 6,6% de crescimento, mas também freia o temor de um superaquecimento. O mercado de trabalho mostra sinais de recuperação. Foram 406 mil novos pedidos de auxílio ante a previsão de 425 mil, uma redução de 38 mil pedidos.
Hoje foi divulgado o índice de inflação americana mais observado pelo Federal Reserve. O PCE registrou alta de 3,7% no primeiro trimestre. O núcleo do índice avançou 2,5% no período. As encomendas de bens duráveis recuaram mais do que o esperado no mês de abril, registrando queda de 1,3%.
Outros eventos que mexeram com as cotações ao longo do dia foram a contraproposta dos republicanos para o pacote de infraestrutura do presidente americano Joe Biden - e que foi três vezes menor, ficando abaixo de US$ 1 trilhão -, e comentários da secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, que, por sua vez, defendeu a alta dos gastos públicos como forma de financiar a recuperação econômica.
Tecla SAP
Para Marcio Lórega, analista de investimentos do Pagbank, embora os números da economia americana tenham trazido um pouco de tranquilidade para os mercados, questões relacionadas à pandemia do coronavírus pesaram também por aqui, como declarações dadas na CPI da covid.
Já para Rafael Passos, sócio da Ajax Capital, a questão em Brasília está muito mais ligada ao andamento das reformas tributária e administrativa, as pautas da vez no Congresso. O setor financeiro, um dos que puxaram o Ibovespa para baixo durante boa parte do dia, acabou revertendo a queda, mas o desempenho foi justamente reflexo da possibilidade de taxação de dividendos e juros sobre capital próprio.
Sobre a pandemia, é necessário notar que o evento faz pouco preço no mercado, mas preocupa. A nova cepa indiana avança no país, que teme uma terceira onda ainda mais perigosa e letal. Enquanto isso, o ritmo de vacinação fica muito aquém do desempenhado pelos países desenvolvidos, o que prejudica também a recuperação econômica. Na CPI da covid-19, que investiga a atuação do governo federal durante a crise sanitária, a fala de Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, causou desconforto.
Segundo Covas, o Brasil poderia ter sido o primeiro país a iniciar a vacinação caso o presidente não tivesse atrapalhado as negociações, contradizendo o ex-ministro Eduardo Pazuello. Para Lórega, a declaração traz o risco político de volta ao radar.
Os investidores brasileiros também repercutiram outros dados locais que acabaram não fazendo preço no mercado. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que a taxa de desemprego no Brasil ficou em 14,7% no trimestre encerrado em março.
Sobe e desce
A Embraer segue mostrando que o setor aéreo busca uma recuperação. As ações da companhia subiram após a Breeze Airways, nova companhia aérea americana, estrear com uma frota que conta com 13 jatos planejados pela Embraer. Por isso, hoje ela passou o dia entre as maiores altas do Ibovespa.
Agora, o setor de educação e varejo, também tiveram representantes expressivos ao longo de toda a sessão, mas sem gatilhos específicos que justificassem a alta. Segundo Lórega, do Pagbank, se trata de mais um dia de rotação de setores na bolsa brasileira.
Confira as principais altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 33,09 | 6,67% |
HGTX3 | Cia Hering ON | R$ 32,49 | 6,63% |
COGN3 | Cogna ON | R$ 4,29 | 6,19% |
EMBR3 | Embraer ON | R$ 17,87 | 6,05% |
SULA11 | SulAmérica units | R$ 34,01 | 3,69% |
A rotação de setores também pendeu para o lado negativo, mas, no fim do dia, foi uma realização dos lucros recentes que predominou na parte de baixo da tabela. A Azul subiu forte nos últimos dias com rumores de uma possível investida para adquirir os ativos da Latam, o que foi negado pela segunda companhia. A Gol e o Banco Inter também apareceram recentemente entre as maiores altas diárias do Ibovespa.
Confira as maiores quedas de hoje:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
AZUL4 | Azul PN | R$ 44,53 | -4,77% |
FLRY3 | Fleury ON | R$ 26,08 | -2,32% |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 66,31 | -1,68% |
RENT3 | Localiza ON | R$ 62,38 | -1,61% |
GOLL4 | Gol PN | R$ 27,18 | -1,49% |
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