Os segredos da bolsa: o coronavírus avança e a cautela aumenta. E agora, Fed?
Os novos casos diários de coronavírus no mundo estão batendo recordes, o que tende a inspirar cautela à bolsa brasileira e aos mercados globais. Mas o Fed pode injetar confiança nos investidores
A bolsa brasileira e as demais praças acionárias do mundo vivem duas realidades paralelas. Há uma inegável cautela no ar por causa da pandemia do coronavírus e da consequente fragilização da atividade global, mas também há um certo senso de oportunidade: os BCs e governos abriram os cofres, injetando dinheiro no sistema financeiro para reanimar a economia — e essa enxurrada de liquidez muitas vezes se sobrepõe ao pessimismo.
Em outras palavras, temos uma espécie de círculo vicioso: o coronavírus avança, a economia sofre, as bolsas caem, o Fed e os demais BCs lançam algum programa de estímulo, os investidores se animam com o dinheiro extra, as bolsas se recuperam. Então, a Covd-19 avança novamente, a economia sofre um pouco mais, as bolsas voltam a cair... e assim em diante.
Dito isso, estamos agora na fase prudente desse círculo: neste domingo (28), a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou 189 mil novos casos da doença no mundo em 24 horas, o que representa um recorde diário desde o início da pandemia — e torna os temores quanto a uma segunda onda do coronavírus parecem cada vez mais plausíveis.
Somente nos EUA, foram 44,7 mil novos registros da Covid-19 entre sábado e domingo, o que representa o segundo dia consecutivo de recorde por lá — entre sexta e sábado, foram 44,6 mil ocorrências.
O Brasil não fica muito para trás: neste domingo, o ministério da Saúde informou que pouco mais de 30 mil novos casos da doença foram reportados nas últimas 24 horas, com 552 mortes. Ao todo, já são 57.622 falecimentos no país — apenas os EUA reportaram mais óbitos, com 125.484.

A concretização de uma segunda onda da Covid-19 é temida pelo mercado porque certamente causará algum tipo de retrocesso na reabertura das economias globais — e, eventualmente, poderá gerar uma nova rodada de quarentena ou de medidas mais duras de isolamento.
Leia Também
E, caso esse seja o cenário no curto prazo, a tão sonhada recuperação em 'V' da atividade global já a partir do segundo semestre de 2020 ficará cada vez mais difícil — e economia parada é sinônimo de dificuldade para as empresas e fraqueza nas bolsas.
Ao menos nesta noite de domingo, os investidores mostram-se cautelosos: os futuros das bolsas americanas abriram em queda moderada, de perto de 0,5% — uma perda não tão expressiva assim, mas que dá sequência às baixas reportadas na semana passada.
Por outro lado, notícias quanto a um possível tratamento contra o coronavírus podem ajudar a amenizar a cautela. O grupo farmacêutico China National Biotec Group (CNBG) disse que uma vacina em desenvolvimento eficácia na imunização das mais de mil pessoas que participaram dos testes.
Além disso, resta saber se o Federal Reserve (Fed) irá se antecipar a uma possível deterioração adicional da economia, anunciando novos pacotes de estímulo — o que poderia blindar as bolsas de um pessimismo mais acentuado. E teremos uma série de eventos importantes relacionados ao BC americano nos próximos dias.
Fed sob os holofotes
Comecemos pela agenda de dados econômicos no exterior. Há um pouco de tudo pela frente: indicadores de atividade, números do mercado de trabalho e falas de importantes autoridades...
- Segunda-feira (29)
- EUA:
- Índice NAR de vendas pendentes de imóveis em maio
- Zona do euro:
- Índice de confiança do consumidor em junho
- EUA:
- Terça-feira (30)
- EUA:
- Jerome Powell, Presidente do Fed, e Steven Mnunchin, secretário do Tesouro dos EUA, participam de testemunho à Câmara sobre resposta à pandemia do coronavírus
- Reino Unido:
- PIB no primeiro trimestre
- China:
- PMI industrial em junho
- Japão:
- PMI industrial em junho
- EUA:
- Quarta-feira (1)
- EUA:
- Relatório ADP sobre criação de empregos no setor privado em junho
- PMI industrial em junho
- Índice ISM de atividade industrial em junho
- Ata do Fed
- Zona do euro:
- PMI industrial em junho
- Alemanha:
- Vendas no varejo em maio
- EUA:
- Quinta-feira (2)
- EUA:
- Relatório do mercado de trabalho (payroll) e taxa de desemprego em junho
- Balança comercial em maio
- Novos pedidos de auxílio-desemprego na semana até 27/6
- Encomendas à indústria em maio
- Zona do euro:
- Taxa de desemprego em junho
- China:
- PMI composto e do setor de serviços em junho
- Japão:
- PMI composto e do setor de serviços em junho
- EUA:
- Sexta-feira (3)
- EUA:
- Feriado do dia da Independência (mercados fechados)
- Zona do Euro:
- PMI composto e do setor de serviços em junho
- EUA:
O destaque, mais uma vez, fica com os EUA, em especial ao testemunho do presidente do fed, Jerome Powell, à Câmara do país na terça-feira (30). Considerando o tema a ser debatido — a resposta à pandemia do coronavírus — não seria nada surpreendente ver uma sinalização mais firme a respeito de uma possível nova injeção de liquidez, de modo a frear os impactos econômicos da doença.
Mas não é só isso. No dia seguinte, será divulgada a ata da última reunião do Fed — na ocasião, os juros dos EUA foi mantida na faixa entre 0% e 0,25% ao ano, sem grandes aberturas à adoção de taxas negativas. No entanto, Powell deu a entender mais de uma vez que a instituição 'usaria todas as ferramentas' para ajudar a economia.
Assim, o mercado estará atento quanto às explicações a respeito desses 'instrumentos', buscando mais detalhes a respeito da visão estratégica do Fed no curto e médio prazo.
Por fim, teremos a divulgação do chamado payroll de junho na quinta-feira (2), com os números da criação (ou fechamento) de vagas de trabalho no país no mês e da taxa de desemprego. Em maio, o relatório surpreendeu positivamente — resta saber se a tendência será mantida.
Depois de toda essa agitação, vale ressaltar que os mercados americanos estarão fechados na sexta-feira, em comemoração ao feriado do dia da Independência — o que tende a deixar a sessão bastante esvaziada nas bolsas globais.
Inflação e desemprego
No Brasil, a agenda de indicadores dará novas informações a respeito da saúde da economia doméstica e dos impactos gerados pelo coronavírus:
- Segunda-feira (29): IGP-M em junho e Caged em maio
- Terça-feira (30): Pnad contínua no trimestre encerrado em maio
- Quarta-feira (1): Balança comercial em junho
- Quinta-feira (2): Produção industrial em maio
O IGP-M em junho dará mais uma pista a respeito do cenário inflacionário no país — o que, em última instância, serve para calibrar as apostas quanto ao futuro da Selic, já que o Copom deixou em aberto a possibilidade de mais um corte de 0,25 ponto na taxa básica de juros.
Já os dados do Caged e da Pnad contínua servirão para trazem mais clareza ao panorama do mercado de trabalho no Brasil, especialmente ao total de desempregados em meio às medidas de isolamento social por causa da Covid-19. Por fim, a produção industrial em maio será um termômetro do aquecimento da economia doméstica nesse período.
Reta final
Por fim, no front corporativo, teremos os últimos balanços da temporada de resultados do primeiro trimestre de 2020: IRB, Ecorodovias e Equatorial divulgam seus números nesta segunda-feira, depois do fechamento dos mercados.
Dentre as três, o IRB é o destaque, considerando o ano turbulento vivido pela resseguradora: a briga com a gestora Squadra, o falso boato de investimento de Warren Buffett na companhia e a investigação aberta pela Susep abalaram a confiança de muitos investidores na empresa.
Meu colega Kaype Abreu fez uma matéria especial contando as expectativas de analistas e agentes financeiros a respeito dos balanços dessas três empresas — para acessar, é só clicar aqui.
Ibovespa sobe 1,65% e rompe os 164 mil pontos em forte sequência de recordes. Até onde o principal índice da bolsa pode chegar?
A política monetária, com o início do ciclo de cortes da Selic, é um dos gatilhos para o Ibovespa manter o sprint em 2026, mas não é o único; calculamos até onde o índice pode chegar e explicamos o que o trouxe até aqui
Ibovespa vai dar um salto de 18% e atingir os 190 mil pontos com eleições e cortes na Selic, segundo o JP Morgan
Os estrategistas reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes com um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro muito mais baixo do que os pares emergentes
Empresas listadas já anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos do quarto trimestre — e há muito mais por vir; BTG aposta em 8 nomes
Levantamento do banco mostra que 23 empresas já anunciaram valor ordinários e extraordinários antes da nova tributação
Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista
Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa
BTLG11 é destronado, e outros sete FIIs disputam a liderança; confira o ranking dos fundos imobiliários favoritos para dezembro
Os oito bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro indicaram três fundos de papel, dois fundos imobiliários multiestratégia e dois FIIs de tijolo
A bolsa não vai parar: Ibovespa sobe 0,41% e renova recorde pelo 2º dia seguido; dólar cai a R$ 5,3133
Vale e Braskem brilham, enquanto em Nova York, a Microsoft e a Nvidia tropeçam e terminam a sessão com perdas
Vai ter chuva de dividendos neste fim de ano? O que esperar das vacas leiteiras da bolsa diante da tributação dos proventos em 2026
Como o novo imposto deve impactar a distribuição de dividendos pelas empresas? O analista da Empiricus, Ruy Hungria, responde no episódio desta semana do Touros e Ursos
Previsão de chuva de proventos: ação favorita para dezembro tem dividendos extraordinários no radar; confira o ranking completo
Na avaliação do Santander, que indicou o papel, a companhia será beneficiada pelas necessidades de capacidade energética do país
Por que o BTG acha que RD Saúde (RADL3) é uma das maiores histórias de sucesso do varejo brasileiro em 20 anos — e o que esperar para 2026
Para os analistas, a RADL3 é o “compounder perfeito”; entenda como expansão, tecnologia e medicamentos GLP-1 devem fortalecer a empresa nos próximos anos
A virada dos fundos de ações e multimercados vem aí: Fitch projeta retomada do apetite por renda variável no próximo ano
Após anos de volatilidade e resgates, a agência de risco projeta retomada gradual, impulsionada por juros mais favorável e ajustes regulatórios
As 10 melhores small caps para investir ainda em 2025, segundo o BTG
Enquanto o Ibovespa disparou 32% no ano até novembro, o índice Small Caps (SMLL) saltou 35,5% no mesmo período
XP vê bolsa ir mais longe em 2026 e projeta Ibovespa aos 185 mil pontos — e cinco ações são escolhidas para navegar essa onda
Em meio à expectativa de queda da Selic e revisão de múltiplos das empresas, a corretora espera aumento do fluxo de investidores estrangeiros e locais
A fome do TRXF11 ataca novamente: FII abocanha dois shoppings em BH por mais de R$ 257 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo a gestora TRX, os imóveis estão localizados em polos consolidados da capital mineira, além de reunirem características fundamentais para o portfólio do FII
Veja para onde vai a mordida do Leão, qual a perspectiva da Kinea para 2026 e o que mais move o mercado hoje
Profissionais liberais e empresários de pequenas e médias empresas que ganham dividendos podem pagar mais IR a partir do ano que vem; confira análise completa do mercado hoje
O “ano de Troia” dos mercados: por que 2026 pode redefinir investimentos no Brasil e nos EUA
De cortes de juros a risco fiscal, passando pela eleição brasileira: Kinea Investimentos revela os fatores que podem transformar o mercado no ano que vem
Ibovespa dispara 6% em novembro e se encaminha para fechar o ano com retorno 10% maior do que a melhor renda fixa
Novos recordes de preço foram registrados no mês, com as ações brasileiras na mira dos investidores estrangeiros
Ibovespa dispara para novo recorde e tem o melhor desempenho desde agosto de 2024; dólar cai a R$ 5,3348
Petrobras, Itaú, Vale e a política monetária ditaram o ritmo dos negócios por aqui; lá fora, as bolsas subiram na volta do feriado nos EUA
Ações de Raízen (RAIZ4), Vibra (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3) saltam no Ibovespa com megaoperação contra fraudes em combustíveis
Analistas avaliam que distribuidoras de combustíveis podem se beneficiar com o fim da informalidade no setor
Brasil dispara na frente: Morgan Stanley vê só dois emergentes com fôlego em 2026 — saiba qual outro país conquistou os analistas
Entenda por que esses dois emergentes se destacam na corrida global e onde estão as maiores oportunidades de investimentos globais em 2026
FII Pátria Log (HGLG11) abocanha cinco galpões, com inquilinos como O Boticário e Track & Field, e engorda receita mensal
Segundo o fundo, os ativos adquiridos contam com características que podem favorecer a valorização futura
