Os segredos da bolsa: o exterior decide se o Ibovespa segue em alta ou entra em correção
O que esperar do Ibovespa após a retomada do patamar dos 100 mil pontos? No curto prazo, o exterior tende a dar as cartas para a bolsa — e a agenda econômica carregada pode trazer instabilidade

Em 19 de junho de 2019, o Ibovespa ultrapassou o nível dos 100 mil pontos pela primeira vez na história. A marca, a rigor, não significa nada — ela tem um efeito mais simbólico que prático. E, de fato, vivíamos uma época cheia de símbolos na bolsa: a reforma da Previdência estava bem encaminhada em Brasília e a economia do país parecia prestes a decolar.
Pouco mais de um ano depois, muita coisa mudou: o coronavírus virou o mundo de cabeça para baixo, as projeções para o PIB do Brasil e do mundo desabaram e as máscaras de proteção viraram vestimenta obrigatória. O que continua igual é o Ibovespa, que segue acima dos 100 mil pontos.
Ok, afirmar isso é distorcer a realidade: sim, o índice terminou a última sexta-feira (10) aos 100.031,83 pontos, mas não, a bolsa não sustentou os três dígitos durante toda a crise do coronavírus. Na verdade, no momento de maior incerteza, o Ibovespa quase perdeu o patamar dos 60 mil pontos.
Dito isso, é importante destacar a recuperação rápida da bolsa brasileira. Das mínimas registradas em março até os níveis atuais, o Ibovespa deu um salto de incríveis 57%. O índice ainda cai cerca de 13% desde o começo do ano, mas, convenhamos: poucos apostavam numa retomada tão rápida do nível dos 100 mil pontos.
Mas... e agora? Para onde vamos? Bem, tudo depende do horizonte temporal. No médio e longo, a resposta é mais complexa: eu entrei em contato com analistas, economistas e instituições financeiras para tentar responder essa questão e conto tudo nesta matéria especial.
Aqui, neste texto exclusivo para você, leitor premium do Seu Dinheiro, vamos debater as perspectivas para o Ibovespa e a bolsa no curtíssimo prazo. E tudo indica que o exterior dará as cartas para a bolsa nos próximos dias, considerando a agenda econômica externa mais agitada no exterior.
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Cedo demais?
Antes de entrarmos em maiores detalhes a respeito dos indicadores econômicos previstos para a semana, é preciso destacar os números do coronavírus no mundo, especialmente nos Estados Unidos: somente na Flórida, foram mais de 15 mil novos casos no último sábado, um novo recorde para um estado americano.
Quer ter uma dimensão melhor do que esse número significa? De acordo com a universidade Johns Hopkins, a Flórida teve, em um só dia, mais casos que a Coreia do Sul inteira desde o início da pandemia — por lá, são 13,4 mil registros oficiais, com 289 mortos.
A Flórida é um dos estados americanos em que as regras de isolamento foram flexibilizadas com maior intensidade: até mesmo os parques da Disney já abriram as portas. E, naturalmente, essa explosão nos novos casos da doença inspira cautela, tanto em relação à saúde pública quanto à economia.
Afinal, se esse quadro forçar um retrocesso na reabertura da Flórida e de outras regiões dos EUA, a tão comemorada recuperação dos índices econômicos pode ir por água abaixo — o que, se concretizado, provocaria uma nova onda de forte turbulência aos mercados.
Ainda de acordo com a Johns Hopkins, já são mais de 12,8 milhões de casos confirmados do coronavírus no mundo, com cerca de 570 mil mortes — no Brasil, já são 72 mil óbitos. Assim, a evolução da doença por aqui também deve ser acompanhada de perto pelos investidores, já que, no Brasil, um processo de reabertura econômica também teve início.
Assim, os dados diários da pandemia tendem a mexer com o humor dos investidores e podem inspirar alguma cautela às bolsas — nos EUA, os índices acionários já se recuperaram do tombo de março e voltaram às máximas históricas. E, caso uma onda negativa comece a ganhar força por lá, é de se esperar um reflexo semelhante por aqui.
Mais uma rodada
Em termos de agenda, o exterior terá dias agitados: indicadores de atividade e inflação estão entre os destaques lá fora e servirão para atualizar o panorama econômico global. Além disso, também teremos algumas importantes decisões de política monetária no horizonte:
- Terça-feira (14)
- EUA:
- Inflação (CPI) em junho
- China:
- Balança comercial em junho
- Zona do euro:
- Produção industrial em maio
- Alemanha:
- Inflação (CPI) em junho
- Índice Zew de expectativas econômicas em julho
- Reino Unido:
- Produção industrial em maio
- EUA:
- Quarta-feira (15)
- EUA:
- Índice Empire State de atividade industrial em julho
- Produção industrial em junho
- Fed divulga o "Livro Bege"
- China:
- PIB no segundo trimestre
- Produção industrial em junho
- Vendas no varejo em junho
- Reino Unido:
- Inflação (CPI) em junho
- Vendas no varejo em junho
- Japão:
- Bank of Japan (BoJ) divulga decisão de política monetária
- EUA:
- Quinta-feira (16)
- EUA:
- Vendas no varejo em junho
- Novos pedidos de seguro-desemprego na semana até 11/7
- Índice NAHB de confiança das construtoras em julho
- Zona do euro:
- Balança comercial em maio
- Banco Central Europeu (BCE) divulga decisão de política monetária
- EUA:
- Sexta-feira (17)
- EUA:
- Índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan em julho (preliminar)
- Zona do euro:
- Inflação (CPI) em junho
- EUA:
Em termos de indicadores de atividade, há duas categorias no exterior: a China e o resto. Tudo isso porque o pico da pandemia no território chinês ocorreu em janeiro e fevereiro — sendo assim, a trajetória de recuperação por lá também começou mais cedo.
E teremos dados importantes vindos da China nos próximos dias: a balança comercial serve como indicador de aquecimento da economia local e mexe diretamente com o mercado de commodities: Pequim é uma das principais consumidoras de insumos metálicos e energéticos.
O PIB chinês no segundo trimestre, bem como os números da indústria e do varejo local, são ainda mais importantes porque, em linhas gerais, os dados vindos da China servem como proxy para as economias do Ocidente: as tendências mostradas por lá servem como uma espécie de modelo para o que pode vir a acontecer no restante do mundo, em termos econômicos.
Nos EUA, os números de inflação, da indústria e do varejo são os destaques, uma vez que darão mais cor às estimativas de retomada da economia americana e podem, eventualmente, ofuscar as preocupações com o coronavírus. Por fim, a zona do euro também traz uma série de índices inflacionários e de atividade.
Por fim, toda a atenção para a decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE) e eventuais anúncios de novos pacotes de estímulo econômico: essas injeções de dinheiro pelos BCs do mundo têm blindado as bolsas de maiores turbulências, e qualquer sinalização nesse sentido pode animar os investidores.
A decisão do BCE será divulgada às 8h45 de quinta-feira (16), no horário de Brasília. Logo em seguida, às 9h30, a presidente da instituição, Christine Lagarde, concederá uma entrevista coletiva — vale ficar atento para o que ela tem a dizer, buscando pistas quanto a novos estímulos.
Brasil em segundo plano
Considerando todos os fatores citados até agora, o cenário doméstico tende a ser eclipsado nesta semana: há poucos destaques em termos de agenda econômica e não há grandes turbulências políticas no radar.
Isso não quer dizer que as questões locais não vão interferir no andamento das negociações. Quaisquer movimentações por parte do governo e do Congresso em relação ao andamento das pautas econômicas sempre acabam mexendo com o rumo das bolsas.
E, por mais que a agenda de dados esteja relativamente esvaziada nos próximos dias, há sim alguns indicadores importantes:
- Terça-feira (14): IBC-Br em maio
- Quarta-feira (15): IGP-10 em julho
- Sexta-feira (17): Segunda previa do IGP-M em julho
O destaque, aqui, fica com o IBC-Br em maio, que servirá para dar uma noção melhor a respeito do ritmo da economia brasileira. Vale lembrar que os dados da indústria e do varejo no mês surpreenderam positivamente, enquanto o setor de serviços ficou aquém do esperado.
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