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Trump ou Biden? O que você precisa saber sobre as eleições nos Estados Unidos

Em tese, os republicanos são mais bem recebidos por Wall Street, já que costumam defender diminuição dos gastos públicos e dos impostos. Já os democratas geralmente representam o contrário

16 de julho de 2020
5:11 - atualizado às 20:01
Biden Trump eleições 2020 Estados Unidos
Imagem: Shutterstock

Faltam menos de quatro meses para as eleições presidenciais americanas.

De acordo com a CNN, que faz crítica cerrada a Donald Trump, Joe Biden está 14 pontos à frente do presidente nas intenções de voto. Mesmo segundo a Fox News, que apoia Trump, Biden lidera por 12 pontos.

Os dois candidatos ainda não foram confirmados nas convenções partidárias mas, a não ser que um deles morra, seus nomes estão praticamente certos.

Os números das pesquisas significam apenas que haverá disputa e não que a vitória de Joe Biden possa ser considerada uma barbada.

Normalmente os presidentes americanos se reelegem. No máximo para um segundo mandato, é bom que se esclareça. Pois é isso que determina a 22ª emenda da Constituição dos Estados Unidos, que entrou em vigor em 1951.

O que pode acontecer é um vice assumir, devido à morte, renúncia ou impeachment do titular, e depois se candidatar duas vezes.

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Antes da promulgação da emenda, Franklin Delano Roosevelt ocupou a Casa Branca durante três mandatos inteiros, mais dois meses e 23 dias de um quarto, interrompido com sua morte em 12 de abril de 1945.

Como escrevi acima, o presidente dos Estados Unidos se reelege. Usa a estrutura do governo na campanha eleitoral, adota medidas populares no fim do primeiro mandato. Enfim, tal como acontece no Brasil. FHC, Lula e Dilma são a prova disso.

Nos últimos 100 anos, apenas três chefes de estado americanos fracassaram na tentativa de se reeleger.

Em 1932, Herbert Hoover perdeu para o desafiante Franklin Roosevelt. Pudera. Foi durante a gestão de Hoover que ocorreu o crash da Bolsa de Nova York, lançando o país na Grande Depressão.

Jimmy Carter também não conseguiu se manter no cargo, perdendo-o para Ronald Reagan.  Um dos motivos do fracasso foi a crise dos reféns da embaixada americana em Teerã, agravada por uma tentativa desastrada de resgatá-los através de comandos em helicópteros. Oito militares morreram na operação.

George H. W. Bush, o Bush pai, foi derrotado por uma recessão. Perdeu as eleições de 1992 para o governador do Arkansas, Bill Clinton.

Vale lembrar que Lyndon Johnson, que assumira primeiro como vice de Kennedy, antes de se eleger presidente em 1964, não quis se candidatar em 1968.

Gerald Ford assumiu a presidência sem nunca ter sido eleito. Nem para vice. Explico: sua posse se deu em função da renúncia de Richard Nixon, precedida pela de Spiro Agnew, vice de Nixon. Este designara Ford como seu sucessor, tal como estabelece a legislação americana.

O primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington, foi eleito por aclamação dos então 69 integrantes do Colégio Eleitoral, recém-criado, que representava os apenas dez estados da época. Os territórios não tinham representantes na eleição.

Embora com diversas modificações, esse Colégio existe até hoje, com os estados enviando delegados em número proporcional às suas populações.

Os estados é que votam, não os eleitores. Os quatro mais representativos são, pela ordem, Califórnia (55 votos), Texas (38), Nova York e Flórida (29 cada). Alaska, Delaware, Montana, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Vermont, Wyoming e o Distrito de Colúmbia têm apenas três eleitores, que é o mínimo a que tem direito qualquer unidade, por menos populosa que seja.

A importância dos "swing states"

Cada estado tem uma maneira própria de escolher seus delegados.

Com exceção do Maine e de Nebraska, todos os votos de um estado vão para o candidato vencedor naquele estado.

Em alguns, a vitória é sempre dos democratas. É o caso da Califórnia, com seus 55 votos. Portanto é perda de tempo Donald Trump fazer campanha lá. Em contrapartida, o Texas (38 votos) é sempre republicano. Caso perdido para Joe Biden.

A disputa pra valer se dá nos swing states (algo como estados oscilantes, ou indecisos, como queiram). É neles que se ganha uma eleição nos Estados Unidos. Estou me referindo a Colorado, Flórida, Iowa, Michigan, Minnesota, Nevada, New Hampshire, Carolina do Norte, Ohio, Pensilvânia, Virginia e Wisconsin.

Nas eleições de 2016, por exemplo, os democratas (Hillary Clinton) receberam 2,8 milhões de votos populares a mais do que os republicanos (Donald Trump). Só que, no Colégio Eleitoral, considerando-se a regra do “winner takes all”, Trump venceu Hillary por larga margem: 304 a 227. Deu uma sova na adversária nos swing states.

As gigantescas manifestações de protesto contra o assassinato a sangue-frio, por estrangulamento, do segurança negro George Floyd, perpetrado por um policial branco, Derek Chauvin, podem dar a impressão de que isso vai decidir as eleições em favor de Biden.

Só que não é bem assim. Antes de mais nada, no dia da votação o homicídio já terá ocorrido há 162 dias. Além disso, há muitos eleitores que pensam (embora só o digam em particular):

Ah, o cara era delinquente, passava notas falsas e resistiu à prisão.”

Em contrapartida, o surto do coronavírus poderá derrotar Donald Trump. Não será difícil para Joe Biden exibir o negacionismo inicial do presidente em relação à pandemia, pandemia essa na qual o país é campeão de casos e de óbitos.

Pouquíssimas vezes (eu só vi uma) Trump usou máscara em público. E, tal como Jair Bolsonaro, fez propaganda da hidroxicloroquina. O remédio, mais tarde, foi desaprovado pela própria FDA (Food and Drug Administration – Administração de Alimentos e Remédios), agência do governo americano que trata do assunto.

As eleições e o mercado

Nem sempre o resultado das eleições americanas tem importância para o mercado de ações. Refiro-me às ocasiões em que, semanas, às vezes meses, antes, já se sabia quem iria ganhar.

Foi assim nas reeleições de Barak Obama, George W. Bush (Bush filho), Bill Clinton e Ronald Reagan.

Outras são decididas em cima do laço.

Em tese, os republicanos são mais bem recebidos por Wall Street, já que costumam defender diminuição dos gastos públicos e dos impostos. Já os democratas, geralmente representam o contrário.

Na disputa entre George W. H. Bush e Bill Clinton, vencida por este, a discussão era o que fazer com o superávit do Tesouro. Bush (pai) defendia redução nos impostos; Clinton, abatimento na dívida interna. Bons tempos.

Guardadas as diferenças para outros países, não é nenhum absurdo dizer que Trump representa a direita; Biden, a esquerda. Principalmente se a vice-presidência de sua chapa couber a Kamala Hyder, senadora pela Califórnia, ou Elizabeth Warren, também senadora, só que por Massachussets. As duas defendem posições de esquerda. Esquerda americana, bem entendida.

Caso o candidato democrata tivesse sido Bernie Sanders, que por sinal tem enorme apoio entre os jovens, aí sim, seria esquerda pra valer. Do tipo que defende a implantação de sistemas de saúde e educação controlados pelo Estado.

Sanders na Casa Branca seria o estopim de um crash na NYSE. Mas se o velho senador por Vermont não disputa mais essa, não participa nunca mais. Na próxima eleição presidencial terá 83 anos e terminaria o mandato com 87.

O coronavírus mostrou que a ausência de um sistema público de saúde nos Estados Unidos é um erro, fruto de um capitalismo selvagem demais.

Mais do que erro: pura hipocrisia.

Os infectados pela Covid-19 que não têm plano de saúde saem das UTIs com contas que não raro ultrapassam um milhão de dólares. Como a maioria não pode pagar, ou para pagar têm de vender todos os bens, alguma coisa está errada nas terras localizadas entre o Rio Grande e o sul do Canadá.

Tudo isso será debatido na campanha eleitoral e favorece Joe Biden.

Nesta eleição, o assunto déficit do Tesouro não será objeto de discussão, tal o tamanho do rombo. São muitos trilhões de dólares gastos com a doença, a maior parte deles, a fundo perdido.

Donald Trump deverá conduzir a campanha com o chavão de sempre: Make America Great Again. Vai soar falso, num momento em que, se nos próximos quatro anos o PIB dos Estados Unidos voltar aos níveis dos tempos da passagem de bastão de Obama para Trump, já será um milagre.

Quem vai decidir

Como já tem praticamente garantido os votos dos negros, Biden deverá correr atrás dos hispânicos, principalmente os da Flórida, que será um dos swing states mais importantes desta eleição.

Uma das razões pelas quais Bush filho venceu Al Gore lá, nas eleições de 2000, é porque sabia discursar em espanhol, língua que fala com alguma fluência.

Na Flórida, em 2016, Trump venceu Hillary por pequena margem: 4.617.886 a 4.504.975. Mas levou todos os 29 votos do estado para o colégio eleitoral.

Os hispânicos são um caso a parte. Enquanto o crescimento demográfico de brancos e negros é pífio, os Spanish Americans não param de aumentar seu percentual na população americana.

Já ocupam posições políticas importantes: cinco cadeiras no Senado e 46 na Câmara dos Representantes.

Nesse ritmo, em ano não muito distante, os Estados Unidos terão mais hispânicos do que WASPs (White, Anglo-saxon and Protestant – brancos, anglo-saxões e protestantes).

É essa a combinação de elementos que decidirá as eleições deste ano nos Estados Unidos.

E para o Brasil, como fica?

Se Jair Bolsonaro apoiar a candidatura Donald Trump (coisa que não influenciará nem um pouco o resultado das eleições), isso deverá provocar a antipatia de um eventual governo Joe Biden para com os brasileiros, que já andam com a barra suja em diversos países importantes do mundo.

Se Trump ganhar as eleições, continuará a ignorar o Brasil como sempre fez desde o início de seu governo. Mas pelo menos não deverá nos hostilizar.

A única atitude sensata das autoridades brasileiras é se manterem neutras na disputa, como sempre foi uma das marcas de nossa política externa. Isso até que Lula e Dilma começaram a apoiar candidatos de esquerda na América Latina e Bolsonaro meter o bedelho em favor dos de direita, tal como fez na Argentina.

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