O presidente Jair Bolsonaro se isentou da obrigatoriedade de entregar os exames para covid-19, a doença causa pelo novo coronavírus, neste sábado (2). A decisão é da desembargadora Mônica Nobre, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), que acatou um recurso da Advocacia-Geral da União (AGU).
A desembargadora fixou um prazo de cinco dias para que o caso seja analisado e ocorra uma definição sobre a entrega dos exames.
Bolsonaro tinha até hoje para entregar os exames, conforme decisão da juíza federal Ana Lúcia Petri Betto. O governo havia enviado um relatório informando que o presidente havia testado negativo para coronavírus. Apesar de assinado por médicos, o documento não incluía os exames.
O jornal O Estado de S. Paulo garantiu na Justiça, no início desta semana, o direito de obter os testes de covid-19 feitos pelo presidente da República. Bolsonaro disse que os exames deram negativos, mas nunca os apresentou publicamente.
Na última quinta-feira (30), o presidente disse que "talvez" tenha sido contaminado pelo novo coronavírus. "Eu talvez já tenha pegado esse vírus no passado, talvez, talvez, e nem senti", afirmou em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre. O presidente já realizou dois testes para saber se foi contaminado pela doença - em 12 e 17 de março.
Em março, o presidente já havia declarado que talvez tivesse sido contaminado "lá atrás" sem saber e que poderia ter o anticorpo. Na ocasião, ele já tinha feito os dois exames e afirmou que, por recomendação médica, "talvez" fizesse mais um. Depois, voltou a afirmar que não teve a doença.
Os exames foram realizados após Bolsonaro voltar de missão oficial nos Estados Unidos, no início de março, onde se encontrou com o presidente Donald Trump. Pelo menos 23 pessoas que acompanharam o presidente na viagem, incluindo auxiliares próximos, foram diagnosticadas posteriormente com a doença.
Na entrevista à Rádio Guaíba, Bolsonaro voltou a minimizar a covid-19. "Para 80% da população não vai ser nem gripezinha, não vai ser nada, nem saber que teve. Para os 15%, 20%, tem que tomar cuidado", afirmou.
O presidente voltou a dizer que tem o direito de não mostrar o resultado de seus exames e que "não cabe à Justiça se intrometer nessas questões". "Agora, não tenho problema, se no final da linha a Justiça decidir, eu vou apresentar", completou. Bolsonaro também voltou a dizer que fez exames com nome fantasia, mas que são "perfeitamente identificados".
*Conteúdo informações de Estadão Conteúdo.