Os esforços do governo dos EUA para conter o avanço do coronavírus no país agora atingem diretamente o Brasil: na noite deste domingo (24), a Casa Branca confirmou que não vai mais permitir a entrada de viajantes com passagem recente pelo país, dada a disseminação ainda elevada da doença por aqui.
Em nota, o presidente americano, Donald Trump, destaca que o Brasil enfrenta "uma transmissão generalizada e contínua, de pessoa a pessoa, da Covid-19" — assim, para diminuir os riscos à segurança nacional, qualquer pessoa que esteve em território brasileiro até 14 dias antes da viagem aos EUA será barrada.
Até sábado (23), o Brasil já registrava 347.398 contaminados pela Covid-19, com 22.0013 mortes confirmadas pela doença, de acordo com levantamento do ministério da Saúde. Outros 3.534 óbitos estão sob investigação.
A medida começará a valer a partir da próxima quinta-feira (28), ainda sem data para ser revogada. O Brasil não é o primeiro país a sofrer com uma determinação do tipo: os voos vindos da China, da Europa e do Irã aos EUA foram igualmente suspensos, também tendo como base o surto de coronavírus.
"O fluxo de comércio entre os EUA e o Brasil permanece como uma prioridade econômica para os Estados Unidos, e eu permaneço comprometido com a facilitação das relações entre nossas nações", escreveu Trump, logo após determinar a proibição.
Cidadãos com residência permanente nos EUA, que sejam casados ou tenham parentes americanos ou que estejam viajando a convite do governo dos Estados Unidos são algumas das exceções à restrição.
A medida mexe diretamente com o setor aéreo, embora não traga implicações imediatas para as companhias brasileiras: tanto a Gol quanto a Azul possuem conexões diretas com os EUA em suas malhas, mas ambas cortaram os voos internacionais durante a pandemia e ainda não têm previsão para voltar a operar essas rotas.
A exceção é a Latam, que divulgou planos para retomar as conexões internacionais nos próximos meses, incluindo a rota São Paulo-Miami.
No entanto, a sinalização pode elevar a cautela dos investidores quanto às aéreas, que já têm sofrido na bolsa em meio à queda drástica na demanda por passagens e à disparada do dólar — e, agora, precisarão lidar com a desconfiança das autoridades americanas em relação à condução do governo brasileiro no combate à pandemia.