Questionamento sobre balanço da XP tem pouco fundamento. Mas leva ação a menor valor desde IPO
A menos que surjam fatos novos, o que se encontra no relatório de 36 páginas são alguns questionamentos complementados por ilações que fazem pouco ou nenhum sentido
Três meses depois do badalado IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) na bolsa norte-americana Nasdaq, a XP Investimentos provou o outro lado da moeda ao decidir abrir o capital nos Estados Unidos.
As ações da corretora fecharam em forte queda de 13,34% na sexta-feira depois que um investidor com posição vendida nos papéis levantou dúvidas sobre dados do balanço.
Imediatamente, dois escritórios de advocacia começaram a recolher manifestações para a abertura de uma ação coletiva (class action) contra a companhia.
Com a queda de sexta-feira, a cotação dos papéis caiu para US$ 30,99, a menor desde os US$ 27,00 do IPO.
A história parece remeter ao episódio em que a gestora carioca Squadra questionou os números da empresa de resseguros IRB Brasil e derrubou o valor da companhia na bolsa em mais de 50%.
Mas não se engane: no caso da empresa de investimentos The Winkler Group os argumentos são bem mais fracos.
Leia Também
O que diz o investidor
A menos que surjam fatos novos, o que se encontra no relatório de 36 páginas são alguns questionamentos complementados por ilações que fazem pouco ou nenhum sentido.
A Winkler se debruçou sobre os balanços e também levantou processos antigos e encerrados na CVM e na bolsa contra executivos e sócios da XP para tentar justificar sua tese vendida nos papéis.
Talvez o único mérito da análise seja levantar um ponto que passou batido e foi reconhecido pela própria XP no prospecto do IPO: problemas nos controles internos dos balanços da companhia.
“Se não corrigirmos essas deficiências (e quaisquer outras) e não mantivermos controles internos eficazes sobre os relatórios financeiros, podemos não conseguir relatar com precisão nossos resultados operacionais”, informou a XP, na sessão de fatores de risco.
A corretora sustenta no prospecto, contudo, que essas deficiências não resultaram em distorção dos resultados consolidados.
A partir desse ponto, a Winkler apontou supostas inconsistências nos números, todas relacionadas a balanços publicados até 2018.
Mesmo que sejam verdadeiras, essas inconsistências não me pareceram relevantes o suficiente para afetar de forma substancial os resultados da XP.
Essa análise dos balanços passados vem acompanhada de uma série de deduções. A Winkler conclui, por exemplo, que a corretora demitiu a KPMG como auditor porque a empresa teria descoberto as supostas inconsistências no balanço. Mas os balanços que foram auditados pela empresa aparecem sem ressalvas.
De todo modo, ainda é cedo para saber se o caso terá maiores repercussões e mesmo se haverá de fato ações coletivas contra a corretora – algo bastante comum no mercado norte-americano.
Os escritórios de advocacia que anunciaram a abertura das “class actions” são especialistas nesse tipo de processo. O site da The Rosen Law Firm, por exemplo, mostra dezenas de ações do tipo, contra empresas do porte da Netflix.
O que deveria fazer a ação da XP cair
Os argumentos de supostas irregularidades contábeis não deveriam sustentar a queda das ações da XP. Mas o fato é que a piora recente nos mercados justifica alguma correção nos preços dos papéis.
A corretora é sem dúvida a grande vencedora do processo de queda da taxa básica de juros (Selic) e da migração dos recursos dos investidores brasileiros para fora dos grandes bancos e segue com grandes perspectivas.
Mas como eu disse na matéria sobre o IPO da XP, se a onda do mercado de capitais arrefecer, a empresa terá mais dificuldades para sustentar o crescimento que está embutido na cotação das ações.
Com o agravamento da epidemia de coronavírus, essa é justamente a preocupação de parte dos investidores.
Outro fator que merece atenção é a instabilidade frequente pela qual passa a plataforma da XP, em particular nesses últimos dias de forte movimentação na bolsa.
Por outro lado, para quem não conseguiu entrar na oferta, a queda pode representar uma oportunidade única de comprar as ações (quase) com desconto. Para isso, é preciso ter conta em uma corretora lá fora ou aplicar nos fundos criados pela Vitreo ou pela própria XP que investem nos papéis.
O que diz a XP
Eu pedi uma posição da XP a respeito dos questionamentos do Winkler Group e da abertura das ações coletivas e recebi o seguinte comunicado:
“Tivemos acesso ao press release de dois escritórios de advocacia que atuam no mercado de ações coletivas (class action) e afirmam investigar a XP Inc. com base em um relatório produzido por uma empresa de investimentos. Infelizmente, no mercado norte-americano, press releases desta natureza envolvendo companhias abertas são extremamente comuns.
Observamos que tal empresa de investimentos não é uma empresa de análise (equity research) e, como se não bastasse, trata-se de investidor que afirma estar com uma posição vendida em ações da XP Inc. O relatório contém diversos erros e possui pontos que são imateriais ou irrelevantes. Não temos conhecimento de qualquer investigação ou processo contra a XP Inc., seja no Brasil ou no exterior, com base nas alegações contidas em referido press release.
Durante o processo recente de IPO, a XP Inc. passou pelo escrutínio de quatro escritórios de advocacia reconhecidos mundialmente e duas das maiores firmas de auditoria do mercado. Além disso, diversos investidores institucionais de classe mundial auditaram a Companhia de todas as formas possíveis, inclusive por meio de processo próprio de diligência legal e/ou contábil.
A XP Inc. reforça seu total compromisso de transparência com seus clientes e investidores.”
No domingo, a empresa mandou um documento para a SEC, a CVM norte-americana, na qual procura rebater os argumentos do relatório da Winkler e você pode acessar aqui.
JBS (JBSS32): BofA ‘perdoa’ motivo que fez mercado torcer o nariz para a empresa e eleva preço-alvo para as ações
Após balanço do terceiro trimestre e revisão do guidance, o BofA elevou o preço-alvo e manteve recomendação de compra para a JBS
Grupo Toky (TOKY3), da Mobly e Tok&Stok, aprova aumento de capital e diminui prejuízo, mas briga entre sócios custou até R$ 42 milhões
Empresa amargou dificuldades com fornecedores, que levaram a perdas de vendas, faltas de produtos e atraso nas entregas
Petrobras (PETR4) descobre ‘petróleo excelente’ no Rio de Janeiro: veja detalhes sobre o achado
A estatal identificou petróleo no bloco Sudoeste de Tartaruga Verde e segue com análises para medir o potencial da nova área
Gigantes de frango e ovos: JBS e Mantiqueira compram empresa familiar nos EUA para acelerar expansão internacional
A maior produtora de frangos do mundo e a maior produtora de ovos da América do Sul ampliam sua presença global
Cosan (CSAN3) e Raízen (RAIZ4) têm perdas bilionárias no trimestre; confira os números dos balanços
Os resultados são uma fotografia dos desafios financeiros que as duas companhias enfrentam nos últimos meses; mudanças na alta cúpula também são anunciadas
Nubank (ROXO34): o que fazer com a ação após maior lucro da história? O BTG responde
Na bolsa de Nova York, a ação NU renovava máximas, negociada a US$ 16,06, alta de 3,11% no pregão. No acumulado de 2025, o papel sobe mais de 50%.
IRB (IRBR3) lidera quedas do Ibovespa hoje após tombo de quase 15% no lucro líquido, mas Genial ainda vê potencial
Apesar dos resultados fracos no terceiro trimestre, a gestora manteve a recomendação de compra para os papéis da empresa
Não aprendi dizer adeus: falência da Oi (OIBR3) é revertida. Tribunal vê recuperação possível e culpa gestão pela ruína
A desembargadora Mônica Maria Costa, da Primeira Câmara do Direito Privado do TJ-RJ, decidiu suspender os efeitos da decretação de falência, concedendo à companhia uma nova chance de seguir com a recuperação judicial
iPhones com até 45% de desconto no Mercado Livre; veja as ofertas
Ofertas são da loja oficial da Apple dentro do marketplace e contam com entrega Full e frete grátis
Azul (AZUL4) dá sinal verde para aporte de American e United, enquanto balanço do 3T25 mostra prejuízo mais de 1100% maior
Em meio ao que equivale a uma recuperação judicial nos EUA, a Azul dá sinal verde para acordo com as norte-americanas, enquanto balanço do terceiro trimestre mostra prejuízo ajustado de R$ 1,5 bilhão
BHP é considerada culpada por desastre em Mariana (MG); entenda por que a Vale (VALE3) precisará pagar parte dessa conta
A mineradora brasileira estima uma provisão adicional de aproximadamente US$ 500 milhões em suas demonstrações financeiras deste ano
11.11: Mercado Livre, Shopee, Amazon e KaBuM! reportam salto nas vendas
Plataformas tem pico de vendas e mostram que o 11.11 já faz parte do calendário promocional brasileiro
Na maratona dos bancos, só o Itaú chegou inteiro ao fim da temporada do 3T25 — veja quem ficou pelo caminho
A temporada de balanços mostrou uma disputa desigual entre os grandes bancos — com um campeão absoluto, dois competidores intermediários e um corredor em apuros
Log (LOGG3) avalia freio nos dividendos e pode reduzir percentual distribuído de 50% para 25%; ajuste estratégico ou erro de cálculo?
Desenvolvedora de galpões logísticos aderiu à “moda” de elevar payout de proventos, mas teve que voltar atrás apenas um ano depois; em entrevista ao SD, o CFO, Rafael Saliba, explica o porquê
Natura (NATU3) só deve se recuperar em 2026, e ainda assim com preço-alvo menor, diz BB-BI
A combinação de crédito caro, consumo enfraquecido e sinergias atrasadas mantém a empresa de cosméticos em compasso de espera na bolsa
Hapvida (HAPV3) atinge o menor valor de mercado da história e amplia programa de recompra de ações
O desempenho da companhia no terceiro trimestre decepcionou o mercado e levou a uma onda de reclassificação os papéis pelos grandes bancos
Nubank (ROXO34) tem lucro líquido quase 40% maior no 3T25, enquanto rentabilidade atinge recorde de 31%
O Nubank (ROXO34) encerrou o terceiro trimestre de 2025 com um lucro líquido de US$ 782,7 milhões; veja os destaques
Quem tem medo da IA? Sete em cada 10 pequenos e médios empreendedores desconfiam da tecnologia e não a usam no negócio
Pesquisa do PayPal revela que 99% das PMEs já estão digitalizadas, mas medo de errar e experiências ruins com sistemas travam avanço tecnológico
Com ‘caixa cheio’ e trimestre robusto, Direcional (DIRR3) vai antecipar dividendos para fugir da taxação? Saiba o que diz o CEO
A Direcional divulgou mais um trimestre de resultados sólidos e novos recordes em algumas linhas. O Seu Dinheiro conversou com o CEO Ricardo Gontijo para entender o que impulsionou os resultados, o que esperar e principalmente: vem dividendo aí?
Banco do Brasil (BBAS3) não saiu do “olho do furacão” do agronegócio: provisões ainda podem aumentar no 4T25, diz diretor
Após tombo do lucro e rentabilidade, o BB ainda enfrenta ventos contrários do agronegócio; executivos admitem que novas pressões podem aparecer no balanço do 4º trimestre
