A Gol (GOLL4) não desiste de tentar incorporar a Smiles (SMLS3). Depois de apresentar uma proposta em dezembro do ano passado, que acabou não seguindo adiante, a companhia aérea divulgou nesta segunda-feira (7) uma nova oferta, que resultará na migração dos acionistas da operadora do programa de fidelidade e o resgate em dinheiro para quem não quiser participar.
Diferente da outra vez, a nova proposta oferece três possibilidades, ao invés de duas, de contrapartidas aos detentores de ações da Smiles, com a possibilidade de o acionista receber em dinheiro por sua posição. As três propostas são:
- 0,825 ação preferencial da Gol por cada ação ordinária da Smiles ou;
- R$ 22,32 em dinheiro por cada ação ordinária da Smiles ou;
- uma combinação de ações preferenciais da Gol e de dinheiro, mediante a consideração a ser dada em contrapartida a cada uma de suas respectivas ações da Smiles.
Segundo a Gol, a relação de troca representa um prêmio de aproximadamente 26,3% sobre o preço das ações da Smiles nos últimos 30 dias.
A oferta prevê que as escolhas dos acionistas estão sujeitas a determinados ajustes, de forma que nenhum deles receberá mais de 80% de sua consideração em ações preferencias ou em dinheiro.
A intenção da companhia é de que a análise e negociação da proposta sejam concluídas em até 30 dias e de que as assembleias de acionistas de ambas, que discutirão a operação, sejam convocadas até 18 de janeiro.
A proposta está repercutindo bem no mercado. Por volta das 11h42, as ações da Smiles subiam 3,82%, a R$ 22,56 – acompanhe a cobertura de mercados do Seu Dinheiro.
Os papéis da Gol apresentam alta ainda maior, de 5,51%, a R$ 28,54, reagindo também aos indicadores de novembro da companhia e à notícia de que ela teve geração líquida de caixa pela primeira vez desde o início da pandemia.
Razões para a incorporação
Desde 2013, a Smiles é uma empresa independente e listada em bolsa. A Gol mantém um contrato com a Smiles para a gestão do programa de fidelidade, que estabelece condições e preços para troca de passagens por milhas.
A Gol afirma que apesar de a Smiles ter pago dividendos elevados desde a sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), o que foi benéfico inclusive para ela, as mudanças na dinâmica competitiva no mercado aéreo e de programas de fidelidade, aceleradas pela pandemia de covid-19, “tornam necessário o término desta estrutura e o alimento permanente dos seus interesses, a fim de garantir a competitividade a longo prazo e a viabilidade das atividades de ambas as sociedades”.
A Gol cita que a Smiles é, atualmente, a única empresa de milhagens com capital aberto nas Américas, separada de sua respectiva companhia aérea patrocinadora, e que isso representa um desafio para a Smiles, porque os outros programas terão acesso a um estoque maior de assentos e destinos, fora que eles podem desenhar e desenvolver ofertas e produtos para cada mercado.
Além disso, a companhia aérea diz que a incorporação é fundamental para a restauração da oferta de assentos e voos aos níveis pré-pandemia, fundamentais tanto para ela quanto para a Smiles. “A natureza simbiótica da companhia aérea e de seu programa de fidelidade torna desafiadora a busca de resultados individuais, que conflitem com o sucesso de todo o grupo”.