Com coronavírus, lucro do Iguatemi cai 77,5% no 1º tri, para R$ 12,5 milhões
Operadora de shopping centers viu queda nas vendas, na receita líquida e no Ebitda com fechamento da maioria das lojas no fim de março por conta da pandemia
Com resultados fortemente impactados pela pandemia de coronavírus, a operadora de shopping centers Iguatemi teve lucro líquido de R$ 12,5 milhões no primeiro trimestre de 2020, uma redução de 77,5% em comparação ao mesmo período de 2019.
Todos os shoppings da companhia suspenderam as atividades no final de março em razão das políticas de isolamento social para combate ao coronavírus, terminando o trimestre com R$ 2,6 bilhões em vendas, 16% a menos que no primeiro trimestre de 2019, ou 9,6% menos, se excluídos os ativos vendidos pela empresa ao longo de 2019 (Iguatemi Caxias e Iguatemi Florianópolis).
A receita líquida atingiu R$ 156,8 milhões, queda de 9,4% na comparação anual, e o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 102,9 milhões, queda de 20,5% em relação a um ano antes. A margem Ebitda no trimestre foi de 65,6%.
Em razão da pandemia, a empresa cancelou suas projeções para 2020.
Trimestre começou bem
A companhia ressalta, em comunicado ao mercado, que os dois primeiros meses do ano pareciam promissores, com alta de 8,1% nas vendas totais em comparação ao primeiro bimestre de 2019.
Com o fechamento dos shoppings em março, no entanto, apenas os serviços essenciais continuaram operando, caso de supermercados, farmácias e deliveries de restaurantes.
Com isso, as vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês, referente às vendas realizadas em lojas em operação há mais de um ano) tiveram queda de 12,9% no trimestre em comparação ao primeiro tri de 2019, e as vendas mesmas áreas (SAS, na sigla em inglês, referente aos pontos de venda, mesmo que tenha havido mudança de marca), caíram 9,6% na mesma base de comparação.
Aluguéis também foram impactados
Como parte das medidas para enfrentar a situação, a Iguatemi adiou a cobrança dos aluguéis de março de todos os aproximadamente 3 mil lojistas, que só começarão a ser pagos em outubro, em cinco parcelas.
Com isso, os aluguéis mesmas áreas (SAR, na sigla em inglês) e os aluguéis mesmas lojas (SSR, na sigla em inglês) caíram 27,1% e 26,5%, respectivamente.
"Vale lembrar que os indicadores de aluguel são líquidos de descontos e provisões sobre aluguéis e, portanto, refletem, neste trimestre, a decisão tomada pela Companhia de provisionar 75% dos aluguéis de março", diz o comunicado da empresa.
Outras medidas adotadas pela companhia incluem descontos entre 60% e 100% para os lojistas no fundo de promoção; redução das taxas de condomínio (em 10% para o mês de março, cobrado em abril, e de 40% a 50% para o mês de abril, cobrado em maio); e desconto de 50% no aluguel de março e 100% no aluguel de abril para os varejistas que se mantivessem adimplentes no pagamento do condomínio e do fundo de promoção.
Todas essas medidas, diz a companhia, resultaram na queda da receita líquida no trimestre. Já o recuo do Ebitda se deve a outra medida qualificada pela empresa como "conservadora": a revisão da provisão para o recebimento dos aluguéis de março, levando a um aumento na Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa.
Vale notar, porém, que as receitas de aluguel aumentaram de R$ 138,8 milhões no primeiro trimestre de 2019 para R$ 151,9 milhões no primeiro trimestre de 2020, uma alta de 9,4%. As razões foram, sobretudo, os reajustes automáticos dos aluguéis pela inflação, a maior ocupação dos espaços e a maior receita como locações temporárias. As receitas variáveis de aluguel, condicionadas às vendas, porém, tiveram queda de 42,6%.
A inadimplência líquida subiu para 3,7%, frente a 2,9% no primeiro trimestre de 2019.
Endividamento e caixa
A dívida total da companhia encerrou o trimestre em R$ 2,5 bilhões, 6,4% acima do trimestre anterior, devido principalmente às captações realizadas junto aos bancos Itaú (R$ 260,1 milhões) e Santander (R$ 100 milhões).
A disponibilidade de caixa, por sua vez, encontrava-se em R$ 960,7 milhões, queda 6,0% ante o trimestre anterior, devido ao pagamento das aquisições de participação anunciadas em janeiro (Shoppings Praia de Belas e Esplanada e Maiojama Participações).
Assim, a dívida líquida terminou o primeiro tri em R$ 1,5 bilhão, uma relação de 2,47 vezes o Ebitda, representando um aumento de 0,43 em relação ao quarto trimestre de 2019.
Hoje mesmo, o Conselho de Administração da Iguatemi aprovou a emissão de R$ 300 milhões em debêntures, a uma taxa de CDI + 3,00% e prazo de três anos.
Alguns shoppings já reabriram
Quatro shopping centers da companhia já reabriram no segundo trimestre: I Fashion Outlet de Santa Catarina (24 de abril), I Fashion Outlet Novo Hamburgo (15 de maio), Iguatemi Porto Alegre e Praia de Belas (ambos em 22 de maio).
Todos estão, no entanto, adotando uma série de medidas de segurança e operando em horário reduzido. Os estacionamentos só podem operar com 50% da sua capacidade.
Nos shoppings que permaneceram fechados, a companhia implantou, a partir de abril, uma operação de drive-thru, que permite aos clientes realizar as compras por WhatsApp e retirá-las de carro em horário marcado.
A empresa também está aproveitando a situação emergencial para alavancar as vendas on-line, tendo firmado uma parceria com o iFood e expansão do seu marketplace, o Iguatemi365.
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