Após compra de lojas do Makro, CEO do Carrefour Brasil vê expansão do comércio eletrônico como obrigação
Presidente-executivo e vice-presidente de finanças do grupo varejista concederam entrevista ao Seu Dinheiro e contam detalhes sobre a sua estratégia de negócio
O Carrefour Brasil chamou a atenção do mercado há duas semanas com uma tacada ousada: a compra de 30 lojas da rede Makro por quase R$ 2 bilhões. O movimento foi visto como mais um importante passo do grupo rumo à consolidação no segmento de atacarejo.
Só que nem tudo está ganho: se a compra das lojas do Makro representou um importante movimento no varejo físico, o Carrefour ainda tem muito o que percorrer quando o assunto é comércio eletrônico.
Depois de ficar de fora do segmento por quatro anos, o grupo mudou o foco e concentrou esforços na internet, que vem ganhando um espaço cada vez maior nas compras dos consumidores.
Todas as recentes iniciativas do grupo estão alinhadas com a visão do CEO do Carrefour no Brasil, Noël Prioux. Em 2018 ele já via a internet como foco de investimento do grupo, e agora enxerga o comércio eletrônico como uma obrigação.
Conversei na semana passada com Prioux e com Sébastien Durchon, vice-presidente de finanças e diretor de relações com investidores do Carrefour Brasil.
Em entrevista exclusiva para o Seu Dinheiro, eles afirmaram que a ideia para o e-commerce do grupo é ser mais assertivo na expansão, adaptando fórmulas e estratégias específicas que se encaixem nos novos padrões de consumo do país.
Leia Também
E esses padrões vêm, de fato, mudando constantemente. Milhares de pessoas abandonaram as lojas físicas de supermercados já utilizam o celular para fazer suas compras, de móveis a alimentos. Dada a praticidade do método, esses números só tendem a crescer.
A ideia inicialmente adotada foi investir na transformação de lojas físicas em pontos de retirada de compras online, contando com parcerias como a da startup Rappi para agilizar as entregas.
Os resultados vieram: o grupo conseguiu elevar o faturamento do segmento, que no início de 2018 representava pouco mais de 5% da divisão de varejo (sem gasolina) e, no quarto trimestre do ano passado, saltou para 16%.
Para além do mundo virtual, Prioux e Durchon também comentaram detalhes da estratégia por trás da recente aquisição das lojas Makro e falaram sobre a possibilidade do surto do novo coronavírus atingir os negócios do Carrefour.
Confira a entrevista na íntegra:
O Carrefour Brasil comprou 30 lojas da rede Makro por R$ 1,95 bilhão. O que isso representa para os negócios do grupo?
Prioux: Venho falando que nessa compra o mais importante para nós foi a localização das lojas. A ideia era ampliar a nossa área de atuação e nossa rentabilidade. Vamos utilizar o mesmo modelo das demais lojas Atacadão.
Por que a localização é o que mais importa?
Prioux: Seria o mesmo que abrir uma loja dentro de um novo país. Cada vez que abrimos uma unidade em um lugar diferente, ampliamos o nosso leque de clientes. Nessa lógica, o primeiro a chegar tem sempre a melhor localização. O Makro, por exemplo, foi o primeiro a chegar em muitos lugares e possui hoje boas localizações. Adquirir algumas dessas lojas traz valor agregado.
Durchon: Um bom exemplo desse processo é a loja do Makro na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Hoje em dia é impossível abrir uma loja naquela região, tanto pela falta de espaço como pelo preço. A única maneira de atingir o público daquele bairro é comprando uma loja já existente.

O Makro ainda planeja vender mais algumas lojas, a ideia é o Carrefour entrar nessa disputa?
Prioux: O Makro está com a estratégia de focar seus negócios em São Paulo. Não fechamos as portas para novas aquisições. Se tiver uma boa localização, vamos estudar e fazer uma oferta.
O faturamento do Carrefour Brasil hoje é concentrado no chamado atacarejo. O plano de investimentos contempla outras áreas?
Prioux: Devemos pensar no futuro, e nele está o e-commerce. Comércio eletrônico não é uma opção, é uma obrigação. Acreditamos que esse segmento possui grande demanda e temos que abrir esse mercado. A ideia é que, nos próximos anos, tenhamos uma estratégia específica para a realidade do mercado brasileiro.
E como essa estratégia aconteceria?
Prioux: Cada país tem uma demanda própria e devemos adaptar o nosso modelo de maneira a potencializar os resultados. É mais uma fonte de geração de valor.
Quais ações já foram implantadas até o momento?
Prioux: Para ampliar ainda mais nossa capacidade de distribuição online, em setembro do ano passado inauguramos um novo centro de distribuição destinado para uma operação logística de eletroeletrônicos para os canais físicos e e-commerce. Localizado em Cajamar (SP), a operação tem 64 mil m² e capacidade para armazenar mais de 300 mil itens.
Já no e-commerce alimentar, temos investido fortemente no sortimento de produtos e na expansão desta operação. Para agilizar a entrega dos pedidos feitos online, expandimos nosso serviço próprio de entrega e firmamos uma parceria com a Rappi, que hoje opera em 172 lojas em 34 cidades do Brasil, representando 40% de novos clientes do e-commerce alimentar, que chegam ao Carrefour por meio do aplicativo.
Além disso, também temos relevantes avanços nas sinergias entre físico e online. O serviço de entrega rápida, Drive e Clique & Retire mantém o seu ritmo de expansão.
Como você enxerga a posição do Carrefour em relação aos concorrentes quando o assunto é e-commerce?
Prioux: Trabalhamos hoje para ter um ecossistema único para os nossos clientes, integrando o online com offline. Diante das mudanças de comportamento e olhando para a jornada do consumidor, propomos modalidades de compra de acordo com o perfil de cada pessoa, como o Click & Retire, que permite ao cliente retirar os produtos comprados no site em uma de nossas lojas físicas.
Outra opção é o home delivery, que oferece mais agilidade e comodidade para quem deseja receber as compras diretamente em casa, no horário que preferir.
Nossos consumidores demandam esse tipo de integração e temos que estar preparados para entregar a melhor experiência para todos. Nossos preços também são um dos nossos principais diferenciais, sempre entregando a melhor proposta de valor.
Como vocês enxergam o resultado do Carrefour Brasil em 2019?
Durchon: De forma geral, apresentamos um bom crescimento no ano passado. A rede Atacadão já vinha forte nos últimos anos e continuou essa tendência. Já os hipermercados, embora apresentando uma situação mais complicada em termos de venda, ao longo do ano passado ganharam força.
No varejo, um formato de destaque foram as lojas de conveniência. Embora elas ainda representam uma parcela muito baixa dos resultados do grupo, apresentaram resultados potenciais no ano passado.
Além disso também temos nosso banco, que possui atualmente uma carteira de crédito de R$ 11 bilhões e viu seu resultado crescer 20% em 2019.
A demanda por alimentos orgânicos no Brasil tem crescido de forma acelerada e o Carrefour já se posicionou quanto a isso. Mas em que estágio a estratégia do grupo se encontra?
Prioux: É um dos nossos pontos de interesse. Em geral os produtos orgânicos são mais caros no Brasil, tomamos a estratégia de baixar os preços dos produtos orgânicos, queremos que eles sejam acessíveis. Todas as nossas lojas hoje tem uma área destinada a esse tipo de alimento. Adotamos um movimento de qualidade alimentar, o Act for food. Queremos comprar mais dos produtores para fazer com que esses preços baixem.
Nossos resultados com relação a esse segmento são bastante positivos. A boa notícia é que nossos fornecedores também estão acompanhando essa tendência e fornecendo alimentos naturais e com menos química.
Vocês esperam que o surto de coronavírus pelo mundo vai impactar nos negócios do Carrefour dentro do Brasil?
Prioux: Nada. Não vemos impacto nos negócios do Carrefour. Podemos, claro, ter alguns problemas com o fornecimento de alguns produtos importados, mas isso é mínimo perto dos negócios no geral. Compramos muitos produtos nacionais então, da maneira como o surto está hoje, ele não nos afeta.
Black Friday 99Pay e PicPay: R$ 70 milhões em recompensas, até 250% do CDI e descontos de até 60%; veja quem entrega mais vantagens ao consumidor
Apps oferecem recompensas, viagens com cashback, cupons de até R$ 8 mil e descontos de 60% na temporada de descontos
Uma pechincha na bolsa? Bradesco BBI reitera compra de small cap e calcula ganho de 167%
O banco reiterou recomendação de compra para a companhia, que atua no segmento de logística, e definiu preço-alvo de R$ 15,00
Embraer (EMBJ3) recebe R$ 1 bilhão do BNDES para aumentar exportações de jatos comerciais
Financiamento fortalece a expansão da fabricante, que prevê aumento nas entregas e vive fase de demanda recorde
Raízen (RAIZ4): membros do conselho renunciam no meio do mandato; vagas serão ocupadas por indicados de Shell e Cosan
Um dos membros já havia deixado cargo de diretor vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Cosan
A hora da Localiza (RENT3) chegou? O que levou mais esse banco a retomar o otimismo com as ações
Depois de o Itaú BBA ter melhorado projeções para a locadora de veículos, agora é a vez de o BTG Pactual reavaliar o desempenho da companhia
Executivos da empresa que Master usou para captar R$ 12,2 bilhões do BRB também foram sócios em fintech suspensa do Pix após ataque hacker, diz PF
Nenhum dos dois executivos da Tirreno, empresa de fachada usada pelo Master, estavam na Nuoro quanto esta foi suspeita de receber dinheiro desviado de golpe bilionário do Pix
Americanas (AMER3) aceita nova proposta da BandUP! para a venda da Uni.Co, dona da Imaginarium e Pucket; entenda o que falta para a operação sair do papel
A nova oferta conta com os mesmos termos e condições da proposta inicial, porém foi incluído uma provisão para refletir novas condições do edital de processo competitivo
Vale tudo pelos dividendos da Petrobras (PETR4)? O que esperar do plano estratégico em ano de eleição e petróleo em queda
A estatal está programada para apresentar nesta quinta-feira (27) o novo plano de negócios para os próximos cinco anos; o Seu Dinheiro foi atrás de pistas para contar para você o que deve ser divulgado ao mercado
Lula mira expansão da Petrobras (PETR4) e sugere perfuração de gás em Moçambique
O presidente afirmou que o país africano tem muito gás natural, mas não tem expertise para a extração — algo que a Petrobras pode oferecer
Mais um adeus à B3: Controladora da Neoenergia (NEOE3) lança OPA para comprar ações e retirar empresa da bolsa
A espanhola Iberdrola Energia ofereceu um prêmio de 8% para o preço dos papéis da Neoenergia; confira o que acontece agora
Banco Master: Light (LIGT3) e Gafisa (GFSA3) dizem não ter exposição ao banco, após questionamentos da CVM
A Light — em recuperação judicial — afirmou que não mantém qualquer relação comercial, operação financeira ou aplicação ligada ao Banco Master ou a instituições associadas ao conglomerado.
Hapvida (HAPV3) revive pesadelo do passado… só que pior: além do balanço, o que realmente está por trás da queda de 42% em um dia?
Não é a primeira vez que as ações da Hapvida são dilaceradas na bolsa logo após um balanço. Mas agora o penhasco foi maior — e tem muito mais nisso do que “só” os números do terceiro trimestre
Sem esclarecer irregularidades, Banco Master diz não ser responsável por R$ 12,2 bilhões repassados ao BRB
Segundo o Master, a empresa que deu origem ao crédito foi a responsável pela operação e pelo fornecimento da documentação com irregularidades
Após privatização e forte alta, Axia Energia (AXIA3), Ex-Eletrobras, ainda tem espaço para avançar, diz Safra
O banco Safra reforçou a recomendação outperform (equivalente a compra) para a Axia Energia após atualizar seus modelos com os resultados recentes, a nova política de dividendos e premissas revisadas para preços de energia. O banco fixou preço-alvo de R$ 71,40 para AXIA3 e R$ 77,60 para AXIA6, o que indica retorno potencial de 17% […]
Neoenergia (NEOE3) levanta R$ 2,5 bilhões com venda de hidrelétrica em MT, mas compra fatia na compradora e mantém participação indireta de 25%
Segundo a Neoenergia, a operação reforça sua estratégia de rotação de ativos, com foco na otimização do portfólio, geração de valor e disciplina de capital.
Hapvida (HAPV3): Itaú BBA segue outras instituições na avaliação da empresa de saúde, rebaixa ação e derruba preço-alvo
As perspectivas de crescimento se distanciaram das expectativas à medida que concorrentes, especialmente a Amil, ganharam participação nos mercados chave da Hapvida, sobretudo em São Paulo.
BRB já recuperou R$ 10 bilhões em créditos falsos comprados do Banco Master; veja como funcionava esquema
Depois de ter prometido mundos e fundos aos investidores, o Banco Master criou carteiras de crédito falsas para levantar dinheiro e pagar o que devia, segundo a PF
Banco Master: quem são os dois empresários alvos da operação da PF, soltos pela Justiça
Empresários venderam carteiras de crédito ao Banco Master sem realizar qualquer pagamento, que revendeu ao BRB
Uma noite sobre trilhos: como é a viagem no novo trem noturno da Vale?
Do coração de Minas ao litoral do Espírito Santo, o Trem de Férias da Vale vai transformar rota centenária em uma jornada noturna inédita
Com prejuízo bilionário, Correios aprovam reestruturação que envolve demissões voluntárias e mais. Objetivo é lucro em 2027
Plano prevê crédito de R$ 20 bilhões, venda de ativos e cortes operacionais para tentar reequilibrar as finanças da estatal
