A agência de classificação de riscos Fitch Ratings alertou na quarta-feira (18) para os riscos do cenário político atual do País, afirmando que ele dificulta o progresso das reformas estruturais e a consolidação fiscal.
Ela anunciou ontem que manteve o rating de longo prazo do Brasil em “BB-”, com perspectiva negativa – ou seja, ela está mais propensa a ser rebaixada do que elevada ou mantida no atual patamar – por conta do elevado nível do déficit fiscal e da dívida em 2020.
As dúvidas a respeito do compromisso dos políticos com a situação das contas públicas é um dos principais riscos da nota brasileira. O respeito ao teto de gastos, inclusive, é visto como essencial para que o País não piore na escala de classificação. A nota atual está dentro da categoria que é considerada de especulação, dois degraus abaixo do que é considerado grau de investimento.
“Na visão da Fitch, a flexibilização do teto de gastos para acomodar novas despesas pode prejudicar a âncora [que é o teto de gastos] e prejudicar a confiança do mercado”, diz trecho do comunicado.
Ela projeta que o déficit fiscal deve alcançar 16,7% do PIB em 2020, mais que o dobro da -mediana dos países classificados no patamar “BB” (7,8%). A dívida deve crescer para quase 95% do PIB, enquanto a mediana com os números dos outros países é de 59,9%.
O avanço das reformas é visto como um fator essencial para a manutenção do rating, mas a agência demonstrou certo ceticismo quanto à possibilidade de ela avançar.
“Apesar da equipe econômica estar comprometida em retomar sua agenda de reformas em 2021, o ambiente político permanece fluido, reduzindo a visibilidade e previsibilidade do processo”, diz trecho do comunicado. A expectativa é de que o Brasil volte a crescer no ano que vem, mas a Fitch citou novamente o fator político como um risco, junto com a perspectiva de uma segunda onda de covid-19 aqui e no mundo.