O impacto líquido da queda de receitas e dos gastos extras gerados pelo "coronavoucher", projeto aprovado no Congresso na quinta-feira (26) como forma de combater os impactos do novo coronavírus, pode levar a um déficit primário de entre 3,9% e 5,8% do PIB neste ano, disse o UBS, em relatório. O nível de déficit primário em relação ao PIB em janeiro foi de 0,5%.
Segundo o relatório, assinado pelos economistas Tony Volpon e Fabio Ramos, gastos fiscais extras, no geral, ficarão entre R$ 200 e R$ 300 bilhões — de 2,8% a 4,1% do PIB de 2019.
"Também estimamos uma queda na receita tributária geral, dada a faixa de crescimento entre 0,5% e -1,5% para 2020, de R$ 58 bilhões a R$ 98 bilhões", escreveram os economistas, ao justificar as expectativas para o déficit.
O banco disse, por outro lado, não acreditar que exista uma restrição imediata de financiamento no país.
"O Tesouro possui R$ 1,3 trilhão de reservas de caixa no Banco Central, e a corrida para diminuir o risco e aumentar a liquidez significa que Tesouro pode levantar recursos emitindo LFTs de taxa flutuante de curto prazo e LTNs de taxa fixa", segundo o documento.
Para o futuro, dados os custos das medidas, as principais variáveis para a trajetória fiscal de médio longo prazo serão se a crise vai impactar permanentemente o crescimento potencial e "se e quando" o Brasil puder disciplinar o crescimento geral de gastos sob o teto fiscal aprovado em 2016.
Nesta sexta-feira, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, anunciou em entrevista ao lado do presidente Jair Bolsonaro a abertura de R$ 34 bilhões em créditos extraordinários por dois meses, por meio de medida provisória.
Haverá a criação de fundo operacionalizado pelo BNDES, fiscalizado e supervisionado pelo Banco Central e com aporte de recursos do Tesouro Nacional, segundo nota do BC.