The man in the high castle e o enfraquecimento global do dólar
E se fôssemos acometidos por uma diferente realidade no mundo dos investimentos?

E se o Eixo tivesse ganhado a segunda guerra mundial?
Você consegue imaginar como a sociedade seria hoje? Às vezes, fatos pontuais norteiam grotesca e enormemente toda a história da humanidade. Como a já clichê provocação: “e se Hitler tivesse nascido mulher, como teria sido o século XX?”; afinal, era 50% de chance, não?
Curiosamente, muitas vezes podemos recorrer ao brilhantismo de outrem para quando necessitarmos imaginar processos históricos do avesso, narrados em uma perspectiva de romance.
É com isso que nos deparamos ao ler o clássico do escritor norte-americano Philip K. Dick, “The Man in the High Castle” (ou "O Homem do Castelo Alto” em tradução para o português), de 1962. Na obra, Dick nos apresenta uma das primeiras e mais famosas distopias, para ser colocada lado a lado com grandes clássicos de Huxley e Orwell.
Em linhas gerais, a história conta a realidade alternativa do mesmo ano em que a obra fora lançada, 1962, quando supostamente o Eixo já teria derrotado os Aliados na Segunda Guerra Mundial, ficando os Estados Unidos às mãos dos nazistas e dos japoneses. Como consequência, o mundo então teria servido de palco para a preservação das práticas brutais nazistas de eugenia.
Durante a obra, nos é introduzido também o conceito de “história dentro da história”, quando um livro proibido pelos nazistas, chamado "The Grasshopper Lies Heavy" (O Gafanhoto está pesado) e escrito pelo anônimo “homem no castelo alto” (nome que batiza o livro de Dick), nos conta a história de uma outra realidade díspar em que os aliados teriam ganho a guerra; no caso, o nosso mundo real de hoje. A trama gira em torno de muitos personagens que têm contato com essa história, os quais acabam apaixonados pela nossa realidade mundana.
Leia Também
Mercado em 5 Minutos: Os investidores se preparam para a Super Quarta
Mercado em 5 Minutos: Um respiro para a atividade global
Para os amantes de seriados, menos apegados ao hábito da leitura, existe também uma série original do Amazon Prime baseada no livro de Dick, em que “The Grasshopper lies Heavy” é, na verdade, um filme documentário antifascista. Por mais que eu tenha gostado da adaptação televisiva, ainda prefiro a leitura do clássico americano em páginas de papel.
De qualquer modo, trouxe essa pequena digressão justamente para provocar o leitor da seguinte maneira: e se, assim como em “O Homem do Castelo Alto”, também fôssemos acometidos por uma diferente realidade no mundo dos investimentos. Trato aqui, mais precisamente, do comportamento recente da moeda americana perante outras moedas fortes, como o Euro, a Libra Esterlina, o Iene e o Franco Suíço.
Note que seria algo alternativo. Isso porque não creio que existam vastos fundamentos para uma desvalorização do dólar versus o real. Por sinal, o real se trata de uma moeda notoriamente mais frágil e sensível que a divisa americana. Ofereço, na verdade, um espectro além do usual em termos de abordagem na alocação de recursos, que servirá para instigar continuidade da sofisticação proposta neste espaço.
Logo, existiria a realidade de fraqueza do real contra o dólar e, paralelamente, a realidade do enfraquecimento do dólar versus outras moedas fortes. Isso se deve, em grande medida, à injeção desenfreada de liquidez proporcionada pelas autoridades monetárias. Naturalmente, uma expansão grosseira da base monetária, como a que vimos recentemente com o intuito de combater o estresse de mercado propagado pela crise do novo coronavírus, teria reflexos inflacionários ainda muito difíceis de serem antecipados.
Hoje, no mundo, há forças estruturais deflacionárias (tecnologia e demografia) e vetores conjunturais potencialmente inflacionários (quantitative easing, ou afrouxamento monetário). Com efeito, ambas a forças são refletidas nos preços internacionais, notadamente no dólar, que costuma auferir para o mundo consequências positivas e negativas derivadas dos ciclos de sua própria força e fraqueza.
Diante da enorme quantia de dinheiro injetada nos mercados e na contínua dificuldade dos EUA em enfrentar a Covid-19, abre-se espaço para uma desvalorização mais acentuada do dólar. Enquanto isso, a Europa e o Japão, depois de isolamentos mais restritivos, mostram maior controle do problema. Enquanto os EUA podem conviver com algum retrocesso em suas medidas de relaxamento das quarentenas, demais países desenvolvidos parecem mais avançados no trato da pandemia.
Novos casos diários de coronavírus nos EUA versus DXY
Claro que isso não tira o destaque para a economia americana. As techs estadunidenses como as queridinhas do processo atual e as eleições menos polarizadas neste ano são fatores positivos que sustentariam uma vantagem competitiva do dólar versus moedas emergentes, como o real. Por isso, uma posição em dólar versus o real deve ser estruturalmente mantida, mesmo que hoje reduzida.
Ao mesmo tempo, não parece ser mais suficiente manter posições exclusivamente em dólares versus reais quando tratamos de um book de moedas sofisticado, mesmo para investidores de varejo. O Dollar Index (DXY), índice que mede o desempenho do dólar contra as principais moedas globais (gráfico acima), que só fazia subir nos últimos anos, tem mostrado sinais consistentes de fraqueza desde abril e maio, com acentuação do processo em junho. A Capital Economics segue apontando para continuidade do movimento de apreciação de outras moedas no segundo semestre:
Desempenho versus o USD para o 2S20, projeção CE

Nesse sentido, vale a pena para o investidor, que se projete como um agente sofisticado, manter posições em outras moedas fortes como forma de proteção, como o Euro, a Libra Esterlina, o Iene e o Franco Suíço. Acredito que uma posição antes de 5% em dólar puro, por exemplo, possa ser quebrada no meio para que possamos distribuir 2,5% em quatro ETFs no exterior para capturar tal movimento. Assim, atendemos as duas realidades.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Em um relatório recente da série Palavra do Estrategista, da Empiricus, há orientações sobre como comprar um combo de moedas fortes (euro, franco suíço, libra esterlina e iene) a partir de R$ 1 mil. Além desta indicação, você também terá acesso à lista de 18 ações consideradas Oportunidades de Uma Vida.
A assinatura custa apenas R$ 5 por mês, mas você pode espiar todo o conteúdo de graça por sete dias. Deixo aqui o caminho para você conhecer os detalhes e destravar sua degustação.
Mercado em 5 Minutos: O que a queda de um símbolo nos mostra sobre o momento atual?
A morte da Rainha Elizabeth II marca não só o fim do 2º período elisabetano para os britânicos, mas também a queda de um dos mais icônicos símbolos de estabilidade das últimas décadas
Mercado em 5 Minutos: Uma nova frente de estímulos ao redor do mundo vem ganhando força
É possível sentir uma cautela no ar antes da reunião do Banco Central Europeu (BCE), nesta semana, enquanto acompanhamos as consequências do corte de gás da Rússia
O pior ainda está por vir: Europa corre o risco de apagões e recessão se Putin seguir cortando o gás
Existem duas frentes de preocupação da crise energética que o mercado deve permanecer de olho: o gás natural e o pétroleo
Mercado em 5 Minutos: Quem está ansioso para o dia da independência?
Começamos com o Dia do Trabalhos nos EUA, nesta segunda-feira (5), que fecha o mercado americano. Os mercados asiáticos iniciaram a semana em queda, acompanhados pelas bolsas europeias.
Aperte os cintos: o Fed praticamente acabou com as teses de crescimento, e o fim do bear market rally está aí
Saída da atual crise inflacionária passa por algum sacrifício. Afinal, estamos diante de um ciclo econômico clássico e será preciso esfriar o mercado de trabalho
O conclave dos banqueiros centrais vai começar: saiba o que esperar do simpósio de Jackson Hole
Foi em Jackson Hole que Jerome Powell previu erroneamente que a inflação nos Estados Unidos seria um fenômeno transitório
Campanha eleitoral finalmente começa e volatilidade se avizinha, mas há meios de mitigar os riscos no mercado; aqui você aprende como
Muita volatilidade é esperada, mas o mercado já conhece Lula e também sabe quem é Bolsonaro; as eleições não representam uma ameaça concreta à bolsa e é possível capturar o potencial de valorização desse período
Um mundo tomado pela inflação: entenda a que é preciso prestar atenção para saber se os preços vão finalmente parar de subir
O processo de normalização dos preços será fundamental para que consigamos ter maior previsibilidade quanto ao futuro dos ativos de risco
O ciclo de alta da Selic está perto do fim – e existe um título com o qual é difícil perder dinheiro mesmo se o juro começar a cair
Quando o juro cair, o investidor ganha porque a curva arrefeceu; se não, a inflação vai ser alta o bastante para mais do que compensar novas altas
O Fed entre os juros e a inflação: por que estamos na semana mais importante de julho?
O Federal Reserve (Fed) se vê entre a cruz e a espada: subir juros de um jeito agressivo e afetar a economia, ou deixar a inflação alta?
Pouso suave ou aterrissagem forçada? Saiba o que esperar do petróleo diante da desaceleração da economia global
Apesar de a história mostrar que o petróleo caiu em 5 das últimas 6 recessões, há espaço para que o declínio dos preços das ações de petróleo seja menor que o da commodity desta vez
Ruídos da recessão: como a alta dos preços da energia na Europa acabou com a vantagem competitiva da zona do euro
Efeitos nocivos da recessão na Europa também devem afetar o Brasil, que fornece matérias-primas e compra maquinários industriais dos europeus
Pior que a alta dos combustíveis! Entenda como o aumento dos preços dos alimentos ameaça a recuperação da economia global
Questões geopolíticas devem continuar pressionando as cadeias de fornecimento de alimentos existentes, sem uma solução fácil no curto prazo
O dólar pode ser imprevisível, mas é essencial para proteger sua carteira. Entenda os riscos e conheça as melhores estratégias
Os movimentos do dólar no mercado de câmbio são incertos, mas há estratégias eficazes para investir na moeda norte-americana e diversificar seu portfólio
Economia global em desaceleração: como investir quando o risco de recessão aumenta a cada minuto que passa
Mercado financeiro está diante de águas bastante turbulentas, o que reforça a importância de diversificar e proteger seus investimentos
Precisamos sobreviver a mais uma Super Quarta: entenda por que a recessão é quase uma certeza
Não espere moleza na Super Quarta pré-feriado; o mundo deve continuar a viver a tensão de uma realidade de mais inflação e juros mais altos
Um metal precioso ganha momento com o fim dos estímulos – entenda por que você precisa dele na sua carteira
Ouro se manterá como componente indispensável do portfólio no futuro, permitindo que investidores não percam o sono mesmo em situações estressantes nos mercados
Recessão em tons de Zima Blue – como investir em um momento no qual o mercado precisa buscar suas raízes para sair da crise
Processos como o atual fazem parte de movimentos naturais do mercado; a agressividade da correção se relaciona com o tempo em que nos distanciamos de nossa essência
O futuro bate à nossa porta: entenda a importância da regulamentação do mercado de carbono no Brasil
O avanço do mercado de carbono no Brasil ainda é pequeno em comparação ao que ocorre na Europa, mas é um passo fundamental para sua consolidação
Nos embalos de um mundo ainda globalizado: como a rotação setorial deve beneficiar a Vale (VALE3)
A Vale tem atravessado uma verdadeira montanha-russa – ou seria uma montanha-chinesa? -, mas sua ação mantém-se com um caso de sucesso entre as teses de valor