Mais vale sua exposição do que sua posição
Quando se constrói uma alocação responsável e diligente, você necessariamente precisará ter uma ou outra posição perdedora, porque em um portfólio equilibrado, para balancear as exposições e os respectivos prêmios de risco

Chegamos ao último mês do caótico ano de 2020. Tem sido um período completamente sem igual para todos nós, abrindo as portas para um verdadeiro MBA aos investidores de primeira viagem, que não estavam acostumados às crises - desde 2016, o mercado de ações brasileiro vem em um considerável bull market.
E o mais impactante: ainda resta um último mês.
Historicamente, podemos entender dezembro como um mês de continuidade da alta de novembro. Em termo sazonais, o investimento em ações durante o último mês ano costuma ser recompensado (verificação parte da média de retornos e não é uma regra geral). Se a evidência empírica se confirmar, estaremos caminhando para mais um excelente mês.
Só em novembro, com o enorme fluxo de notícias predominantemente positivas, as Bolsas bateram inúmeros recordes:
- I) Dow encostou nos 30 mil pontos e teve sua melhor performance mensal em 30 anos;
- II) melhor mês da história do MSCI World;
- III) Ibovespa com o melhor novembro desde 1999. Com tanta alta, fica difícil de se escolher onde investir em uma segunda etapa.
Com isso, o investidor costuma chegar à pergunta: qual a melhor ação para se ter em dezembro de 2020? Ou ainda, qual a próxima grande multiplicação para o mês que se inicia?
E se eu te contasse que a pergunta parte de um pressuposto completamente equivocado, você acreditaria em mim?
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Se não quiser acreditar em mim, permita-me valer de um argumento de autoridade de uma das maiores gestoras do mundo, a Vanguard. A gestora é especial para nós aqui da Empiricus, não só pelo tamanho e destaque que possui no mundo, mas também pela qualidade ímpar da equipe dedicada à América Latina, em especial no Brasil.
Em estudo recente, nos deparamos com a tradicional problemática de se olhar o portfólio por inteiro. A verdade é que isso importa bem pouco. Retornos de longo prazo derivam muito mais da alocação entre as diferentes classes de ativos do que da escolha de nomes individuais.
O que importa, no final do dia, é a diversificação certa.
Trata-se de balancear de maneira ótima as diversas categorias de ativos para os diferentes perfis de risco. Considerando um portfólio diversificado, será o mix ideal delas que determinará o retorno médio potencial ajustado ao risco em janelas mais dilatadas de tempo, bem como a variabilidade de tais retornos. Segundo estudos, a decisão de alocação entre classes foi responsável por explicar mais de 90% do retorno ajustado de portfólios diversificados.
Ou seja, mais vale saber qual o seu percentual em Bolsa e em renda fixa, do que saber quais os ativos específicos. Isso é muito difícil por fatores comportamentais, que ancoram o investidor em posições específicas - em vez de olhar o portfólio crescendo, o agente foca em um única posição perdedora, mesmo que as demais estejam ganhando. Isso é errado.
Quando se constrói uma alocação responsável e diligente, você necessariamente precisará ter uma ou outra posição perdedora, porque em um portfólio equilibrado, para balancear as exposições e os respectivos prêmios de risco, será necessário se valer de ativos negativamente correlacionados. Isto é, se um ativo sobe, outro desce. No final, você está minimizando sua perda e otimizando para um dado nível de risco o seu potencial de ganho.
Ainda, o estudo nos trouxe uma exemplificação para diferentes ponderações entre ativos americanos, para renda variável (ações) e renda fixa (bonds). Para demonstrar o impacto da seleção ótima, podemos verificar as diversas possibilidades de retornos apenas com a variação dos percentuais entre a classes de uma carteira simplificada.
Em um jogo de gente grande, pensar em se valer de assimetrias assim deve acontecer em um segundo momento, quando já estiverem bem estabelecidas as proporções de classes.
Abaixo, um gráfico em que são apresentados vários portfólios simplificados hipotéticos. Os retornos estudados mediram o período desde 1926 até 2019 (excluindo o ruído brutal da pandemia de Covid-19). As barras representam os retornos anualizados máximos, médios e mínimos para as diferentes composições.
A diversificação surge, portanto, como solução para os problemas do investidor. É uma prática que pode ser verificada como conclusão de estudos distintos, por mais diferente que seja a essência da diversificação.
Taleb costuma argumentar que “x não é f(x)”.
X é a realidade ou sua opinião sobre ela, já f(x) trata justamente de sua função em relação à realidade. Em linguagem de finanças, x é você achando que a Bolsa vai subir ou cair, enquanto f(x) é como você se expõe a ela. São coisas diferentes. A exposição prevalece, o investidor deve apenas regular o tamanho (percentual) dela na carteira (sobre o total).
Diversifica-se, assim, em diferentes classes e, no interior de cada uma, em variados ativos. A diversificação entre categorias de ativos reduz a exposição do portfólio ao risco comum da classe como um todo. Já a diversificação entre os ativos em particular reduz o risco associado ao nome específico.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Há duas semanas, apresentamos com mais profundidade na série best-seller da Empiricus, "Palavra do Estrategista", as mesmas conclusões que descrevi acima. Além disso, com base nas ideias de Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, conseguimos indicar como colocar em prática com investimentos tal abordagem. Se você deseja estruturar seus investimentos para lucrar com as ideias do Felipe, sugiro que leia o Palavra do Estrategista e recebe suas melhores sugestões de investimento
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