Os segredos da bolsa: dois fatores voltam com tudo na semana e mexem com as ações
A agenda de dados econômicos está mais tranquila na semana — e, nesse cenário, a bolsa tende a reagir com mais intensidade ao noticiário político e aos balanços no exterior
O que pode parar a bolsa brasileira? De uns meses para cá, o mercado acionário do país entrou numa trajetória de alta aparentemente inabalável — e, como resultado, o Ibovespa recuperou o nível dos 102 mil pontos na última sexta-feira (17).
E olha que não estamos exatamente numa maré tranquila: o coronavírus continua avançando num ritmo alarmante pelos EUA e pelo Brasil, a economia global segue enfrentando dificuldades, as autoridades americanas e chinesas permanecem trocando farpas... enfim, os tempos são conturbados.
Nada disso parece capaz de tirar força do Ibovespa. Afinal, apesar de tudo, temos também fatores extremamente benéficos para o mercado de ações: a combinação entre liquidez farta e juros baixos resulta numa enxurrada de dinheiro sendo despejada nas bolsas globais — e, num contexto desses, é preciso bastante esforço para desencorajar os investidores.

Isso não quer dizer que mais uma semana de rali já esteja contratada. Toda a animação dos agentes financeiros é baseada no cumprimento de alguns pressupostos lógicos — e, se tais condições não forem satisfeitas, podemos sim ter um aumento rápido na percepção de risco e uma correção nos preços.
Em primeiro lugar, há o entendimento de que uma vacina contra a Covid-19 está perto de ser concluída. Ora essas, se há várias companhias trabalhando nisso, é razoável imaginar que uma delas terá sucesso — e, a julgar pelas constantes notícias de avanços de empresas farmacêuticas nesses esforços, o tão sonhado tratamento está cada vez mais próximo.
Mas também é inegável que a situação nos EUA está cada vez mais delicada, com um aumento rápido nos novos casos da doença. E, se essa tendência não for contida no curto prazo, poderemos ter retrocessos na reabertura econômica do país — o que, consequentemente, jogaria por terra a recuperação da economia americana.
Leia Também
Em segundo lugar, há a retomada econômica em si: lá atrás, em março e abril, as projeções eram muito mais pessimistas do que, de fato, se constatou nos meses seguintes. Sendo assim, muitos dão como certa um reaquecimento vigoroso do nível de atividade global.
Só que, é claro, tudo depende da evolução da Covid-19 no mundo e do que os indicadores vão mostrar. A dinâmica econômica não é uma profecia auto-realizável: acreditar que tudo vai dar certo não faz as coisas correrem bem — é preciso trabalhar com os fatos.
E, em terceiro, há o panorama doméstico — e, aqui, temos que nos preocupar com o tripé saúde pública-economia-política. O cenário-base é o de que as pautas econômicas vão voltar a caminhar, apesar do cenário ainda conturbado por causa do coronavírus.
Essa semana trará alguns elementos que dialogam diretamente com cada um desses fatores, podendo confirmar a visão mais otimista dos investidores — o que autorizaria a injeção de ainda mais recursos na bolsa — ou inserindo risco à modelagem dos investidores.
Brasília em foco
O noticiário político voltou aos holofotes nos últimos dias e serviu para injetar confiança nos mercados domésticos: o tema do ajuste fiscal e da reforma tributária voltou à pauta do Congresso — e, por mais que haja discordâncias, parece existir um consenso quanto à necessidade de dar andamento às questões econômicas.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na semana passada que enviará até a terça-feira (21) uma proposta de reforma tributária ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Assim, os investidores aguardarão ansiosos pelo cumprimento ou não da promessa, buscando se antecipar aos detalhes do texto elaborado pelo governo.
Há um ponto de atrito entre Guedes e o restante do Congresso, especificamente Rodrigo Maia, presidente da Câmara: a possível recriação de um imposto nos moldes da CPMF — o ministro é favorável à medida, mas o deputado é contra. Mas, ao menos por enquanto, essa questão não será colocada em discussão, ficando para o futuro.
Assim, o entendimento é o de que governo e Congresso, apesar de tudo, estão alinhados quanto à necessidade de dar continuidade ao ajuste fiscal — uma leitura que agrada o mercado e que, se concretizada, afastaria o risco imediato de explosão no endividamento público, o que é tido como essencial para permitir a recuperação da economia.
Resta saber se esse alinhamento vai continuar firme nos próximos dias, ou se algum bastidor político colocará tudo a perder — um cenário que, a julgar pelo histórico recente, não é impossível.
Agenda esvaziada
Em termos de agenda econômica, os próximos dias serão relativamente tranquilos, tanto no Brasil quanto no exterior. Teremos apenas alguns números de atividade lá fora, quase todos ligados aos EUA:
- Terça-feira (21)
- EUA:
- Índice de atividade do Fed de Chicago em junho
- EUA:
- Quarta-feira (22)
- EUA:
- Vendas de casas usadas em junho
- EUA:
- Quinta-feira (23)
- EUA:
- Índice de indicadores antecedentes em junho
- Novos pedidos de seguro-desemprego na semana até 18/7
- Zona do euro:
- Índice de confiança do consumidor em julho
- Alemanha:
- Índice Gfk de sentimento do consumidor em julho
- EUA:
- Sexta-feira (24)
- EUA:
- PMI industrial e de serviços em julho
- Vendas de casas novas em junho
- Zona do euro:
- PMI industrial e de serviços em julho
- EUA:
Os números do setor residencial nos EUA não costumam fazer preço no mercado, mas ganharam uma importância renovada nos últimos meses: eles servem como termômetro da confiança do consumidor no país e indicam a disposição dos consumidores voltarem a assumir gastos mais expressivos.
Os dados de atividade do setor industrial e de serviços (PMI) também são bastante relevantes e mostram se a tendência de recuperação desses segmentos continuará se mantendo num ritmo sustentável, tanto nos EUA quanto na Europa.
A semana é ainda mais tranquila no Brasil, com apenas um indicador mais relevante:
- Sexta-feira (24): IPCA-15 em junho
É um dado que será decisivo para calibrar as apostas em relação aos próximos passos do Banco Central (BC) em relação à Selic: caso o IPCA-15 mostre um cenário de baixa pressão inflacionária, abre-se mais espaço para um novo corte nos juros; no cenário oposto, as taxas podem permanecer no atual patamar de 2,25% ao ano.
Se a agenda econômica global estará pouco movimentada na semana, então o que poderá servir como balizador para a leitura do mercado em relação à recuperação econômica?
Lucro, receita, Ebitda
Saem os indicadores de atividade, inflação e crescimento econômico, entram os balanços corporativos: nos EUA, a temporada de resultados do segundo trimestre está a todo vapor — e essa é uma safra particularmente importante para os investidores.
O período entre abril e junho foi o de maior impacto sobre a atividade das empresas em todo o Ocidente, englobando o pico das iniciativas de isolamento social e fechamento das economias. Assim, a expectativa é de forte queda nos resultados corporativos, levando em conta esse cenário adverso.
Considerando isso, o que os analistas e investidores querem saber é: como os resultados das companhias se comparam com esse panorama desanimador que foi desenhado? O tombo realmente foi tão grande quanto se esperava, ou as empresas conseguiram, de alguma maneira, amenizar os impactos da Covid-19?
Na semana passada, tivemos a divulgação dos resultados de grandes bancos americanos — J.P. Morgan, Citi, Wells Fargo e Goldman Sachs, entre outros —, e todos eles mostraram números que surpreenderam positivamente o mercado, o que ajudou a injetar ânimo em Wall Street. Por outro lado, a Netflix passou algumas projeções não tão positivas assim e suas ações sofreram um tombo feio.
Dito isso, teremos uma semana agitada em termos de balanços corporativos no exterior. Veja os destaques dos próximos dias:
- Segunda-feira (17): IBM
- Terça-feira (18): Coca-Cola, UBS, Snap, United Airlines
- Quarta-feira (19): Microsoft, Tesla, Iberdrola, Chipotle, Whirlpool, Norsk Hydro
- Quinta-feira (20): Amazon, Twitter, Intel, AT&T, Unilever, Kimberly-Clark, Hyundai, Repsol, American Airlines, Mattel
- Sexta-feira (21): Verizon, Chevron, American Express
Ou seja: temos um pouco de tudo — eletrônicos, big techs, consumo, companhias aéreas, montadoras... é um cardápio amplo e que servirá para testar o cenário de recuperação da economia.
Bancos sobem na bolsa com o fim das sanções contra Alexandre de Moraes — Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque
Quando a sanção foi anunciada, em agosto deste ano, os papéis dos bancos desabaram devido as incertezas em relação à aplicação da punição
TRXF11 volta a encher o carrinho de compras e avança nos setores de saúde, educação e varejo; confira como fica o portfólio do FII agora
Com as três novas operações, o TRXF11 soma sete transações só em dezembro. Na véspera, o FII já tinha anunciado a aquisição de três galpões
BofA seleciona as 7 magníficas do Brasil — e grupo de ações não tem Petrobras (PETR4) nem Vale (VALE3)
O banco norte-americano escolheu empresas brasileiras de forte crescimento, escala, lucratividade e retornos acima da Selic
Ibovespa em 2026: BofA estima 180 mil pontos, com a possibilidade de chegar a 210 mil se as eleições ajudarem
Banco norte-americano espera a volta dos investidores locais para a bolsa brasileira, diante da flexibilização dos juros
JHSF (JHSF3) faz venda histórica, Iguatemi (IGTI3) vende shoppings ao XPML11, TRXF11 compra galpões; o que movimenta os FIIs hoje
Nesta quinta-feira (11), cinco fundos imobiliários diferentes agitam o mercado com operações de peso; confira os detalhes de cada uma delas
Concurso do IBGE 2025 tem 9,5 mil vagas com salários de até R$ 3.379; veja cargos e como se inscrever
Prazo de inscrição termina nesta quinta (11). Processo seletivo do IBGE terá cargos de agente e supervisor, com salários, benefícios e prova presencial
Heineken dá calote em fundo imobiliário, inadimplência pesa na receita, e cotas apanham na bolsa; confira os impactos para o cotista
A gestora do FII afirmou que já realizou diversas tratativas com a locatária para negociar os valores em aberto
Investidor estrangeiro minimiza riscos de manutenção do governo atual e cenários negativos estão mal precificados, diz Luis Stuhlberger
Na carta mensal do Fundo Verde, gestor afirmou que aumentou exposição às ações locais e está comprado em real
Após imbróglio, RBVA11 devolve agências à Caixa — e cotistas vão sair ganhando nessa
Com o distrato, o fundo reduziu ainda mais sua exposição ao setor financeiro, que agora representa menos de 24% do portfólio total
Efeito Flávio derruba a bolsa: Ibovespa perde mais de 2 mil pontos em minutos e dólar beira R$ 5,50 na máxima do dia
Especialistas indicam que esse pode ser o começo da real precificação do cenário eleitoral no mercado local, depois de sucessivos recordes do principal índice da bolsa brasileira
FII REC Recebíveis (RECR11) mira R$ 60 milhões com venda de sete unidades de edifício em São Paulo
Apesar de não ter informado se a operação vai cair como um dinheiro extra no bolso dos cotistas, o RECR11 voltou a aumentar os dividendos em dezembro
Ações de IA em alta, dólar em queda, ouro forte: o que esses movimentos revelam sobre o mercado dos EUA
Segundo especialistas consultados pelo Seu Dinheiro, é preciso separar os investimentos em equities de outros ativos; entenda o que acontece no maior mercado do mundo
TRX Real Estate (TRXF11) abocanha novos imóveis e avança para o setor de educação; confira os detalhes das operações
O FII fez sua primeira compra no segmento de educação ao adquirir uma unidade da Escola Eleva, na Barra da Tijuca (RJ)
O estouro da bolsa brasileira: gestor rebate tese de bolha na IA e vê tecnologia abrindo janela de oportunidade para o Brasil
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Daniel Popovich, gestor da Franklin Templeton, rebate os temores de bolha nas empresas de inteligência artificial e defende que a nova tecnologia se traduzirá em crescimento de resultados para as empresas e produtividade para as economias
Aura (AURA33): small cap que pode saltar 50% está no pódio das ações para investir em dezembro segundo 9 analistas
Aura Minerals (AURA33) pode quase dobrar a produção; oferece exposição ao ouro; paga dividendos trimestrais consistentes e negocia com forte desconto.
CVM suspende 6 empresas internacionais por irregularidades na oferta de investimentos a brasileiros; veja quais são
Os sites, todos em português, se apresentam como plataformas de negociação em mercados globais, com ativos como moedas estrangeiras, commodities, metais, índices, ETFs, ações, criptoativos e outros
Bolsa perdeu R$ 183 bilhões em um único dia; Itaú Unibanco (ITUB4) teve maiores perdas
Essa é a maior queda desde 22 de fevereiro de 2021, ainda período da pandemia, e veio depois que Flávio Bolsonaro foi confirmado como candidato à presidência pelo PL
Do céu ao inferno: Ibovespa tem a maior queda desde 2021; dólar e juros disparam sob “efeito Flávio Bolsonaro”
Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, embora ele ainda não tivesse anunciado a intenção de concorrer à presidência
Pequenas e poderosas: Itaú BBA escolhe as ações small cap com potencial de saltar até 50% para carteira de dezembro
A Plano & Plano (PLP3) tem espaço para subir até 50,6%; já a Tenda (TEND3) pode ter valorização de 45,7%
Ibovespa sobe 1,65% e rompe os 164 mil pontos em forte sequência de recordes. Até onde o principal índice da bolsa pode chegar?
A política monetária, com o início do ciclo de cortes da Selic, é um dos gatilhos para o Ibovespa manter o sprint em 2026, mas não é o único; calculamos até onde o índice pode chegar e explicamos o que o trouxe até aqui
