A segunda onda de casos de coronavírus é uma realidade cada vez mais clara na Europa. A preocupação é que novas medidas de isolamento social sejam necessárias, desacelerando o ritmo da retomada econômica. No Reino Unido e em algumas regiões da França o endurecimento das regras já é uma realidade.
No Brasil, o temor global com a nova onda de covid-19 deve pesar nos negócios. Nesta quinta-feira, os investidores possuem uma agenda cheia para digerir, com a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) - que deve abordar a alta recente do preço dos alimentos -, fala do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e nova participação de Jerome Powell no Congresso americano.
Sob pressão
A aversão ao risco que tomou conta dos mercados nesta quarta-feira fez o dólar disparar pela 4ª sessão seguida, fechando em alta de 2,15%, a R$ 5,5869.
O Ibovespa também foi pressionado pela queda das bolsas americanas e pelo resultado do IPCA-15 de agosto, se afastando ainda mais do patamar dos 100 mil pontos. O principal índice da bolsa brasileira fechou o dia em queda de 1,60%, aos 95.734,82 pontos.
Mau humor geral
Também influenciados pela queda das bolsas de Nova york observada ontem, as preocupações com o impacto da pandemia do coronavírus na economia e a velocidade da recuperação econômica voltam a assombrar os investidores.
Parte da aversão ao risco teve origem na fala do vice-presidente do Federal Reserve, Richard Clarida. Clarida afirmou que a economia americana segue em um 'profundo buraco' de desemprego e demanda fraca. No Reino Unido, o governo voltou a adotar medidas de restrição, aumentando a preocupação de que outros países sigam os mesmos passos.
Tensão entre as duas Coreias também marcou o pregão asiático. O índice sul-coreano caiu mais de 2% após a Coreia do Norte ter matado tiros um militar sul-coreano. Na região, a ressurgência de casos de coronavírus também preocupa.
Com a cautela predominando entre os investidores, as bolsas asiáticas fecharam em baixa durante a madrugada. Durante a madrugada, as bolsas asiáticas fecharam em queda generalizada.
Segunda onda
A retomada de medidas de restrição pelo Reino Unido e algumas regiões da França confirma o que todos temiam: o continente europeu é palco de uma segunda onda de infecções pelo coronavírus, o que pode retardar a recuperação econômica regional e global. Só nos últimos dias, o governo britânico registrou mais de 1,2 mil novos casos.
Puxadas pela queda do setor de viagens e lazer, um dos mais afetados caso novas restrições de viagens sejam impostas, as bolsas europeias amanhecem no vermelho.
O mau humor também segue em Wall Street. Os analistas veem como cada vez mais distante a possibilidade do Congresso americano aprove novos estímulos à economia. Nesta manhã, os índices futuros apresentam um comportamento misto.
Agenda
Os investidores ficam atentos ao Relatório Trimestral de Inflação, divulgado pelo Banco Central às 8h. O documento deve guiar o mercado nas apostas para a alta do IPCA deste ano e abordar a alta recente do preço dos alimentos.
Em seguida (11h), os agentes financeiros ficam de olho no presidente do BC, que pode trazer mais informações sobre o forward guidance para a política monetária. No mercado de juros, destaque também para o leilão semanal de títulos prefixados, às 11h.
No exterior, o mercado segue de olho em novo discurso de Powell, buscando dicas sobre a possibilidade de novos estímulos fiscais. Hoje, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, também fala ao Congresso (11h). Ainda nos Estados Unidos, temos também o número de pedidos de auxílio-desemprego da última semana (9h30).
Na Europa, diversas autoridades econômicas também devem se pronunciar hoje. Os agentes econômicos aguardam declarações do comitê de política monetária do BCE e do presidente do Banco da Inglaterra.
Fique de olho
- Petrobras deve realizar o 'Petrobras Day', quando deve anunciar um programa de apoio à sua cadeia fornecedora.
- Hidrovias do Brasil fixou o valor de sua ação em R$ 7,56 por ação em seu IPO, movimentando R$ 3 bilhões