Bolsa cai e dólar dispara depois de governo revelar como pretende financiar Renda Cidadã
Ibovespa abriu em alta, mas virou em meio à frustração dos investidores com o financiamento do programa que sucederá o Bolsa Família
A semana até parecia ter começando bem. Pela manhã, as bolsas de valores europeias apresentavam alta consistente e os indicadores futuros de Nova York sugeriam uma segunda-feira de fortes ganhos e elevado apetite por risco.
Enquanto democratas e republicanos tentavam costurar um acordo bipartidário em torno de um novo pacote de estímulo restando pouco mais de um mês para as eleições presidenciais norte-americanas, a notícia de que o banco central chinês passará a reduzir as taxas de juro por meio de reformas econômicas ajudava a colocar em segundo plano os temores relacionados com a expansão da pandemia de covid-19 pela Europa.
Em ambos os lados do Atlântico Norte, os principais índices de ações mantiveram o rumo. Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou em alta de de 1,51%, o S&P-500 avançou 1,61% e o Nasdaq encerrou em alta de 1,87%. O Ibovespa também abriu no azul e dava toda a pinta de que iria seguir o movimento externo, mas...
Sempre tem um porém
O que, então, fez com que o principal índice do mercado brasileiro de ações desse um cavalo de pau e entrasse com tudo pela contramão até fechar em queda de 2,41%, aos 94.666,37 pontos, e o dólar recuperasse com folga a marca de R$ 5,60?
A resposta a esta pergunta encontra-se na saída adotada pelo governo Jair Bolsonaro para financiar o Renda Cidadã, programa de renda mínima apresentado hoje como sucessor do Bolsa Família.
A intenção do governo é utilizar precatórios e recursos do Fundeb para financiar o Renda Cidadã. A proposta, entretanto, não prevê corte de gastos.
Leia Também
3 surpresas que podem mexer com os mercados em 2026, segundo o Morgan Stanley
Investidores questionam capacidade do governo de se financiar
Ao anunciar o novo programa social do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a ideia do governo era mostrar que o Brasil "é sério e se comporta dentro da responsabilidade fiscal".
Entre os investidores, porém, a leitura foi de ameaça não só ao teto de gastos, mas à capacidade do governo de se financiar.
"O anúncio de que o governo iria usar a rolagem dos precatórios como fonte de financiamento do programa Renda Cidadã criou apreensão entre investidores que viram na manobra certo calote", afirmou o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito.
Diante disto, o Ibovespa apagou a alta inicial do pregão desta segunda-feira e passou a cair com cada vez mais intensidade à medida que os investidores recebiam novas informações do governo sobre o programa de renda mínima.
Para ser justo, é preciso informar que o 'cavalo de pau' do Ibovespa começou momentos antes do anúncio do Renda Cidadã, quando o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), revelou ainda não haver acordo sobre a reforma tributária.
De qualquer modo, foi o anúncio do governo que levou o principal índice da B3 a registrar hoje o fechamento no nível mais baixo desde 26 de junho.
Perspectiva de acordo nos EUA impulsionou Wall Street
A expectativa em torno de um acordo entre democratas e republicanos depois de meses de impasse tem-se intensificado nas últimas semanas, principalmente depois que o presidente do Federal Reserve Bank (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, chamou a atenção para as limitações da política monetária na superação da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.
Hoje, o otimismo em torno da proximidade de um acordo deixou em segundo plano temores relacionados novas medidas de restrição pela Europa em meio ao crescimento do número de casos de covid-19 e faz as bolsas subirem no exterior.
Com isso, as bolsas norte-americanas iniciaram a semana em forte alta.
Anúncio do PBoC causa alívio
Outro gatilho de apetite por risco nos mercados internacionais foi o anúncio feito pelo Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) de que passará a reduzir as taxas de juro por meio de reformas econômicas.
A autoridade monetária chinesa sugere haver espaço limitado para novos cortes de taxas - estratégia adotada por duas vezes pelo PBoC no decorrer de 2020 como forma de estimular o crescimento no país em meio à pandemia.
Ações de bancos em destaque
Apesar da forte queda do Ibovespa e de apenas cinco ações terem encerrado o dia em alta, os papéis do setor bancário figuraram entre os de melhor desempenho do índice nesta segunda-feira.
Os bancos brasileiros foram beneficiados pela revisão da recomendação do Bank of America (BofA) para as ações ON do Banco do Brasil (BBAS3, de 'neutro' para 'compra') e a para as units do Santander (SANB11, de 'underpeform' para 'neutro').
No campo negativo, os papéis dos frigoríficos passaram o dia sob pressão da decisão do Conselho de Estado chinês de estabelecer a meta de atingir 95% de autossuficiência na produção de carne suína no longo prazo.
Confira a seguir as 5 únicas altas e as 5 maiores baixas do dia entre os componentes do Ibovespa.
MAIORES ALTAS
Embraer ON (EMBR3) +3,92%
Santander Unit (SANB11) +2,10%
IRB Brasil ON (IRBR3) +0,84%
Banco do Brasil ON (BBAS3) +0,69%
Gerdau PN (GGBR4) +0,15%
MAIORES QUEDAS
Yduqs ON (YDUQ3) -5,35%
Notre Dame Intermédica ON (GNDI3) -5,20%
Minerva ON (BEEF3) -5,02%
Ultrapar ON (UGPA3) -5,00%
MRV ON (MRVE3) -4,85%
Dólar e juro
No mercado de câmbio, o real seguiu o mesmo rumo do Ibovespa enquanto outras moedas subiam ante o dólar no exterior nesta segunda-feira.
Depois de abrir em queda, a moeda norte-americana engatou forte alta em relação à divisa brasileira enquanto os investidores repercutiam o modo como o governo pretende financiar o Renda Cidadã.
Somente o anúncio de um leilão de dólares pelo Banco Central aliviou parcialmente a pressão sobre o real. Com isso, o dólar fechou em alta de 1,44%, cotado a R$ 5,6353.
Já os contratos de juros futuros viram as taxas disparar acompanhando o avanço dólar em relação ao real, chegando ao fim do dia em alta acentuada.
Confira as taxas negociadas de alguns dos principais contratos negociados na B3:
- Janeiro/2022: de 2,850% para 3,060%;
- Janeiro/2023: de 4,230% para 4,540%;
- Janeiro/2025: de 6,220% para 6,610%;
- Janeiro/2027: de 7,210% para 7,620%.
Musk vira primeira pessoa na história a valer US$ 700 bilhões — e esse nem foi o único recorde de fortuna que ele bateu na semana
O patrimônio do presidente da Tesla atingiu os US$ 700 bilhões depois de uma decisão da Suprema Corte de Delaware reestabelecer um pacote de remuneração de US$ 56 bilhões ao executivo
Maiores quedas e altas do Ibovespa na semana: com cenário eleitoral e Copom ‘jogando contra’, índice caiu 1,4%; confira os destaques
Com Copom firme e incertezas políticas no horizonte, investidores reduziram risco e pressionaram o Ibovespa; Brava (BRAV3) é maior alta, enquanto Direcional (DIRR3) lidera perdas
Nem o ‘Pacman de FIIs’, nem o faminto TRXF11, o fundo imobiliário que mais cresceu em 2025 foi outro gigante do mercado; confira o ranking
Na pesquisa, que foi realizada com base em dados patrimoniais divulgados pelos FIIs, o fundo vencedor é um dos maiores nomes do segmento de papel
De olho na alavancagem, FIIs da TRX negociam venda de nove imóveis por R$ 672 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo comunicado divulgado ao mercado, os ativos estão locados para grandes redes do varejo alimentar
“Candidatura de Tarcísio não é projeto enterrado”: Ibovespa sobe e dólar fecha estável em R$ 5,5237
Declaração do presidente nacional do PP, e um dos líderes do Centrão, senador Ciro Nogueira (PI), ajuda a impulsionar os ganhos da bolsa brasileira nesta quinta-feira (18)
‘Se eleição for à direita, é bolsa a 200 mil pontos para mais’, diz Felipe Miranda, CEO da Empiricus
CEO da Empiricus Research fala em podcast sobre suas perspectivas para a bolsa de valores e potenciais candidatos à presidência para eleições do próximo ano.
Onde estão as melhores oportunidades no mercado de FIIs em 2026? Gestores respondem
Segundo um levantamento do BTG Pactual com 41 gestoras de FIIs, a expectativa é que o próximo ano seja ainda melhor para o mercado imobiliário
Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025
Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira
Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall
A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
BTG escala time de ações da América Latina para fechar o ano: esquema 4-3-3 tem Brasil, Peru e México
O banco fez algumas alterações em sua estratégia para empresas da América Latina, abrindo espaço para Chile e Argentina, mas com ações ainda “no banco”
A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação
2025 caminha para ser ano recorde em matéria de proventos; em 2026 setores arroz com feijão ganham destaque
As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%
Bancos, seguradoras e elétricas lideram e uma empresa de shoppings será a grande revelação do próximo ano