Tensão com o coronavírus freia os mercados e faz o Ibovespa ficar no zero a zero na semana
O coronavírus trouxe cautela aos mercados, mas não desencadeou uma onda de pessimismo. Como resultado, o Ibovespa ficou praticamente zerado na semana — a nova doença neutralizou o otimismo estrutural visto na bolsa nos últimos dias
Coronavírus. Uma palavra que não constava no meu vocabulário.
- Aposente-se aos 40 (ou o quanto antes): Não depender de um salário no fim do mês é o seu grito de liberdade. Aqui está o seu plano para dar adeus ao seu chefe
No entanto, o tal do coronavírus foi um dos termos que eu mais escutei nessa semana, junto de "incerteza" e "cautela". Afinal, estamos falando de uma nova doença, para a qual ninguém possui anticorpos — e que nenhum médico sabe exatamente como combater.
Pois se você está com medo de ser contaminado pelo vírus misterioso, saiba que o mercado também está apreensivo: ao longo da semana, o noticiário referente ao caso trouxe volatilidade às negociações, mexendo com o Ibovespa e as demais bolsas do mundo.
Mas, apesar de toda a apreensão, os mercados estão num ciclo bastante positivo — desde dezembro, o Ibovespa, os índices dos EUA e algumas praças da Europa têm renovado os recordes. Assim, a tensão com o coronavírus conseguiu frear os ganhos, mas foi incapaz de trazer uma onda de pessimismo às bolsas.
O Ibovespa, por exemplo, fechou em queda de 0,96% nesta sexta-feira (24), aos 118.376,36 pontos. Com isso, o principal índice da bolsa brasileira terminou a semana com uma leve baixa acumulada de 0,09% — praticamente no zero a zero. No mês, a alta é de 2,36%.
Nos Estados Unidos, o desempenho semanal foi um pouco pior, mas nada que inspire pânico: o Dow Jones caiu 1,22% desde segunda-feira, o S&P 500 recuou 1,02% e o Nasdaq teve perda de 0,79%.
Leia Também
Debandada da B3: quando a onda de saída de empresas da bolsa de valores brasileira vai acabar?
O comportamento dos mercados mostra que, por mais que haja fatores de risco no horizonte, também há enormes oportunidades de lucro adiante — assim, os investidores hesitam em entrar num movimento mais amplo de baixa.
Vale lembrar que, no início do ano, um outro fator de estresse apareceu no radar: a escalada nos atritos entre Estados Unidos e Irã no Oriente Médio. E os mercados reagiram da mesma maneira — ficaram cautelosos, mas não pessimistas.
É claro que o noticiário referente ao coronavírus continuará sendo monitorado de perto: uma explosão nos novos casos ao redor do mundo provocará turbulências nos mercados, enquanto um ritmo lento de disseminação irá dissipar os temores.
Mas, no momento de maior incerteza — ou seja, essa semana —, os agentes financeiros mantiveram os nervos no lugar.
O mercado de câmbio se comportou de maneira semelhante: nesta sexta-feira, o dólar à vista subiu 0,43%, a R$ 4,1845, fechando a semana com um ganho de 0,48%. A moeda americana está pressionada, mas ainda possui alguma folga em relação às máximas.
Reação em cadeia
Para quem olha de fora, pode parecer estranho: por que ações que não têm relação alguma com o setor de saúde estariam sendo afetadas por uma doença surgida na China?
Trata-se de um movimento de aversão ao risco: sem saber o que pode acontecer, o mercado prefere assumir um modo mais defensivo, apostando nos ativos mais seguros — como o dólar ou os títulos do tesouro norte-americano.
É possível que o coronavírus limite a circulação de pessoas — duas metrópoles chinesas estão em quarentena —, afete negativamente o comércio global e reduza o ritmo de atividade dos países. E esse cenário, é claro, afetaria negativamente os investimentos.
Sexta-feira negativa
Dito tudo isso: por que o Ibovespa e as bolsas globais tiveram uma sessão tão ruim hoje?
A piora no humor dos investidores se deve à confirmação do segundo caso de pessoa infectada pelo coronavírus em território americano. E, de acordo com a imprensa do país, uma terceira ocorrência deve ser anunciada nas próximas horas.
Nesta sexta-feira, também foi confirmada a chegada do vírus à Europa, com dois casos na França. Nesse cenário, a cautela voltou a tomar conta das bolsas de Nova York, levando o Ibovespa de carona.
É importante lembrar que a China, epicentro da doença, estará em recesso durante a próxima semana, em comemoração ao Ano Novo Lunar. Assim, há a leitura de que muitos residentes do país aproveitarão o período para viajar — o que pode, potencialmente, ampliar a disseminação do vírus.
Fatores domésticos
No cenário local, os investidores monitoram os efeitos do discurso do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que esteve nesta manhã em um evento em São Paulo. Ele afirmou que os efeitos de inflação implícita de 3,5% não o incomodam e comentou que ninguém faz política monetária olhando apenas um único IPCA, ao falar especificamente sobre o IPCA-15.
O posicionamento de Campos Neto foi entendido como um sinal de que o BC não descarta um novo corte na Selic na reunião de fevereiro, desencadeando um leve movimento de queda nas curvas de juros. Veja abaixo como ficaram os principais DIs nesta sexta-feira:
- Janeiro/2021: de 4,36% para 4,35%;
- Janeiro/2023: de 5,57% para 5,56%;
- Janeiro;2025: de 6,32% para 6,30%;
- Janeiro/227: de 6,71% para 6,68%.
Na agenda econômica, o mercado digere os novos dados do mercado de trabalho para digerir. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em dezembro o saldo foi negativo em 307.311 postos — dentro do esperado pelos analistas. No ano, o país criou 644 mil empregos formais, o melhor resultado em seis anos.
Top 5
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta sexta-feira:
- Weg ON (WEGE3): +4,49%
- Ambev ON (ABEV3): +1,82%
- Cia Hering ON (HGTX3): +1,79%
- Cemig PN (CMIG4): +1,05%
- B3 ON (B3SA3): +0,60%
Confira também as maiores baixas do índice:
- Iguatemi ON (IGTA3): -3,82%
- CSN ON (CSNA3): -3,74%
- Braskem PNA (BRKM5): -3,51%
- Gol PN (GOLL4): −3,15%
- Vale ON (VALE3): -3,06%
Braskem (BRKM5) salta quase 10%, mas fecha com ganho de apenas 0,6%: o que explica o vai e vem das ações hoje?
Mercado reagiu a duas notícias importantes ao longo do dia, mas perdeu força no final do pregão
SPX reduz fatia na Hapvida (HAPV3) em meio a tombo de quase 50% das ações no ano
Gestora informa venda parcial da posição nas ações e mantém derivativos e operações de aluguel
Dividendos: Banco do Brasil (BBAS3) antecipa pagamento de R$ 261,6 milhões em JCP; descubra quem entra no bolo
Apesar de o BB ter terminado o terceiro trimestre com queda de 60% no lucro líquido ajustado, o banco não está deixando os acionistas passarem fome de proventos
Liquidação do Banco Master respinga no BGR B32 (BGRB11); entenda os impactos da crise no FII dono do “prédio da baleia” na Av. Faria Lima
O Banco Master, inquilino do único ativo presente no portfólio do FII, foi liquidado pelo Banco Central por conta de uma grave crise de liquidez
Janela de emissões de cotas pelos FIIs foi reaberta? O que representa o atual boom de ofertas e como escapar das ciladas
Especialistas da EQI Research, Suno Research e Nord Investimentos explicam como os cotistas podem fugir das armadilhas e aproveitar as oportunidades em meio ao boom das emissões de cotas dos fundos imobiliários
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro
Com quase R$ 480 milhões em CDBs do Banco Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai mais de 10% na bolsa
As ações da companhia recuaram na bolsa depois de o BC determinar a liquidação extrajudicial do Master e a PF prender Daniel Vorcaro
Hapvida (HAPV3) lidera altas do Ibovespa após tombo da semana passada, mesmo após Safra rebaixar recomendação
Papéis mostram recuperação após desabarem mais de 40% com balanço desastroso no terceiro trimestre, mas onda de revisões de recomendações por analistas continua
Maiores quedas do Ibovespa: Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) sofrem na bolsa. O que acontece às empresas de Rubens Ometto?
Trio do grupo Cosan despenca no Ibovespa após balanços fracos e maior pressão sobre a estrutura financeira da Raízen
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Levantamento mostra que fundos de shoppings e do agronegócio dominaram as maiores valorizações, superando com sobra o desempenho do IFIX
Gestora aposta em ações ‘esquecidas’ do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Logos Capital acumula retorno de quase 100% no ano e está confiante com sua carteira de ações
Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973
Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%
Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%
Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre
Depois de escapar da falência, Oi (OIBR3) volta a ser negociada na bolsa e chega a subir mais de 20%
Depois de a Justiça reverter a decisão que faliu a Oi atendendo um pedido do Itaú, as ações voltaram a ser negociadas na bolsa depois de 3 pregões de fora da B3
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
