Mais uma sessão, mais um recorde: dólar segue em alta e chega pela primeira vez aos R$ 4,39
O mercado de câmbio continuou pressionado pelo coronavírus e pela fraqueza da economia doméstica. Nesse cenário, o dólar à vista ficou a um triz de bater os R$ 4,40, enquanto o Ibovespa caiu mais de 1% e voltou aos 114 mil pontos
A quebra de um recorde costuma ser motivo de espanto. Claro, ver uma marca tida como imbatível ser superada, por si só, já é um evento marcante. Mas outro bom motivo para admiração é a relativa raridade desses acontecimentos. Afinal, não é todo dia que vemos um novo recordista ser coroado.
Pense em Usain Bolt: o recorde para os 100 metros rasos, de 9,58 segundos, foi anotado no longínquo 2009. Um outro exemplo marcante é o do salto com vara masculino, com Sergei Bubka pulando 6,15 metros em 1993 — e permanecendo imbatível por 21 anos.
Digo tudo isso apenas para dar a dimensão da palavra "recorde". Em condições normais, chegar a uma marca nunca antes atingida é motivo de comemoração e rende manchetes nos jornais.
O mercado brasileiro de câmbio, contudo, não está operando em condições normais: o dólar à vista subiu 0,59% nesta quinta-feira (20), fechando a R$ 4,3912, cravando um novo recorde nominal de encerramento. Mais que isso: foi o terceiro dia seguido em que a moeda americana superou suas próprias máximas.
Com o desempenho de hoje, o dólar à vista já acumula ganhos de 2,11% apenas nesta semana; desde o início do ano, a divisa já se valorizou 9,46% em relação ao real.
E a pressão vista no câmbio nesta quinta-feira também pode ser constatada nas bolsas. O Ibovespa terminou o pregão em baixa de 1,66%, aos 114.586,24 pontos, em linha com o tom mais apreensivo visto no exterior: nos EUA, o Dow Jones (-0,44%), o S&P 500 (-0,38%) e o Nasdaq (-0,67%) caíram em bloco.
Leia Também
Bolsa perdeu R$ 183 bilhões em um único dia; Itaú Unibanco (ITUB4) teve maiores perdas
De fato, o clima lá fora não era dos mais convidativos: em meio aos temores quanto ao surto de coronavírus, os investidores optaram por ficar na defensiva nesta quinta. Mas, internamente, havia fatores de sobra para trazer uma pitada extra de cautela às negociações.
Mau humor
Tanto no Brasil quanto no exterior, os investidores assumiram uma postura mais prudente. No âmbito global, o coronavírus voltou a assombrar os mercados, em meio à leitura de que a economia mundial sofrerá algum tipo de desaceleração por causa da doença.
Mais cedo, a agência de classificação de risco Moody's reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruno (PIB) chinês, de 5,8% para 5,2% em 2020, em meio ao surto — estimativa que, consequentemente, afeta as perspectivas para o crescimento global.
Assim, os mercados acionários mundiais ficaram sem forças para dar continuidade ao movimento de recuperação visto ontem. No câmbio, esse tom mais cauteloso se traduziu numa busca por dólares em detrimento de ativos mais arriscados, como as moedas de países emergentes.
Assim, a sessão foi marcada pela valorização da divisa americana em relação ao real e seus pares, como o peso mexicano, o rublo russo, o peso colombiano, o rand sul-africano e o peso chileno, entre outros — um sinal de aumento na aversão ao risco.
BC segue quieto
Mesmo com o dólar à vista buscando novas máximas e se aproximando da faixa de R$ 4,40, o Banco Central (BC) continuou sem promover novas atuações no mercado de câmbio. Na semana passada, a autoridade promoveu um leilão extraordinário de swap, no montante de US$ 1 bilhão, quando a divisa chegou a R$ 4,38.
Mas, mesmo com o dólar ultrapassando esse patamar, o BC ainda não deu qualquer sinal de que irá se mexer para aliviar a pressão cambial — o que, de certa maneira, trouxe alguma ansiedade aos investidores, que ainda tentam encontrar o possível "limite de resistência" por parte do Banco Central.
Cautela doméstica
Por aqui, dados divulgados mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçam a percepção de lenta recuperação da economia e aumentam as apostas num novo corte na Selic. O IPCA-15 desacelerou para 0,22% em fevereiro — menor nível para o mês desde 1994.
Mas, em meio à disparada do dólar rumo aos R$ 4,40, nem mesmo a leitura de que há espaço para mais reduções na Selic foi capaz de colocar as curvas de juros em baixa. A tendência hoje foi de abertura nos DIs, tanto os curtos quanto os longos.
Veja abaixo como ficaram as principais curvas nesta quinta-feira:
- Janeiro/2021: de 4,19% para 4,20%;
- Janeiro/2022: de 4,65% para 4,67%;
- Janeiro/2023: de 5,20% para 5,22%;
- Janeiro/2025: de 5,97% para 6,00%;
- Janeiro/2027: de 6,37% para 6,41%.
Segundo o consultor de câmbio da Advanced Corretora, Alessandro Faganello, a percepção de que as reformas em Brasília podem progredir de maneira lenta este ano também aumenta a aversão ao risco. "O fato de estarmos às vésperas de um feriado prolongado também não ajuda", diz.
O cenário político doméstico é outro ponto de estresse para os mercados. Declarações do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, acusando o Congresso de estar "acuando" o governo, geraram mal estar em Brasília e voltam a acender dúvidas quanto à articulação política da administração Bolsonaro.
Balanços em foco
No front corporativo, a temporada de balanços do quarto trimestre continuou movimentando o Ibovespa. Em primeiro plano, apareceu o lucro de R$ 40,1 bilhões reportado pela Petrobras em 2019, uma alta de 55,7% ante 2018 — foi o maior ganho anual já reportado pela estatal.
Apesar disso, o cenário de maior preocupação entre os investidores impediu uma reação positiva das ações: os papéis ON (PETR3) caíram 2,52%, enquanto os PNs (PETR4) recuaram 2,06%.
Ultrapar PN (UGPA4) teve forte baixa de 7,33% após divulgar uma queda de 61% no lucro líquido de 2019 em relação ao ano anterior, para R$ 440 milhões. Outro papel que reagiu mal foi GPA PN (PCAR4), com perda de 7,33%, com o mercado decepcionado com os dados do setor de multivarejo.
Raia Drogasil ON (RADL3), com baixa de 0,96%; Marfrig ON (MRFG3), com alta de 0,15%; Fleury ON (FLRY3), desvalorizando 1,69%; e Gol PN (GOLL4), com perda de 4,26%, foram outras empresas que reportaram seus números trimestrais recentemente — veja aqui um resumo dos balanços.
Top 5
Confira abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta quinta-feira:
- Embraer ON (EMBR3): +3,36%
- Cyrela ON (CYRE3): +0,45%
- MRV ON (MRVE3): +0,34%
- Via Varejo ON (VVAR3): +0,31%
- Ecorodovias ON (ECOR3): +0,29%
Veja também as maiores baixas do índice no momento:
- Metalúrgica Gerdau PN (GOAU4): -7,40%
- Ultrapar ON (UGPA3): -7,33%
- GPA PN (PCAR4): -7,33%
- IRB ON (IRBR3): -6,22%
- Qualicorp ON (QUAL3): -4,76%
Ibovespa vai dar um salto de 18% e atingir os 190 mil pontos com eleições e cortes na Selic, segundo o JP Morgan
Os estrategistas reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes com um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro muito mais baixo do que os pares emergentes
Empresas listadas já anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos do quarto trimestre — e há muito mais por vir; BTG aposta em 8 nomes
Levantamento do banco mostra que 23 empresas já anunciaram valor ordinários e extraordinários antes da nova tributação
Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista
Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa
BTLG11 é destronado, e outros sete FIIs disputam a liderança; confira o ranking dos fundos imobiliários favoritos para dezembro
Os oito bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro indicaram três fundos de papel, dois fundos imobiliários multiestratégia e dois FIIs de tijolo
A bolsa não vai parar: Ibovespa sobe 0,41% e renova recorde pelo 2º dia seguido; dólar cai a R$ 5,3133
Vale e Braskem brilham, enquanto em Nova York, a Microsoft e a Nvidia tropeçam e terminam a sessão com perdas
Vai ter chuva de dividendos neste fim de ano? O que esperar das vacas leiteiras da bolsa diante da tributação dos proventos em 2026
Como o novo imposto deve impactar a distribuição de dividendos pelas empresas? O analista da Empiricus, Ruy Hungria, responde no episódio desta semana do Touros e Ursos
Previsão de chuva de proventos: ação favorita para dezembro tem dividendos extraordinários no radar; confira o ranking completo
Na avaliação do Santander, que indicou o papel, a companhia será beneficiada pelas necessidades de capacidade energética do país
Por que o BTG acha que RD Saúde (RADL3) é uma das maiores histórias de sucesso do varejo brasileiro em 20 anos — e o que esperar para 2026
Para os analistas, a RADL3 é o “compounder perfeito”; entenda como expansão, tecnologia e medicamentos GLP-1 devem fortalecer a empresa nos próximos anos
A virada dos fundos de ações e multimercados vem aí: Fitch projeta retomada do apetite por renda variável no próximo ano
Após anos de volatilidade e resgates, a agência de risco projeta retomada gradual, impulsionada por juros mais favorável e ajustes regulatórios
As 10 melhores small caps para investir ainda em 2025, segundo o BTG
Enquanto o Ibovespa disparou 32% no ano até novembro, o índice Small Caps (SMLL) saltou 35,5% no mesmo período
XP vê bolsa ir mais longe em 2026 e projeta Ibovespa aos 185 mil pontos — e cinco ações são escolhidas para navegar essa onda
Em meio à expectativa de queda da Selic e revisão de múltiplos das empresas, a corretora espera aumento do fluxo de investidores estrangeiros e locais
A fome do TRXF11 ataca novamente: FII abocanha dois shoppings em BH por mais de R$ 257 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo a gestora TRX, os imóveis estão localizados em polos consolidados da capital mineira, além de reunirem características fundamentais para o portfólio do FII
Veja para onde vai a mordida do Leão, qual a perspectiva da Kinea para 2026 e o que mais move o mercado hoje
Profissionais liberais e empresários de pequenas e médias empresas que ganham dividendos podem pagar mais IR a partir do ano que vem; confira análise completa do mercado hoje
O “ano de Troia” dos mercados: por que 2026 pode redefinir investimentos no Brasil e nos EUA
De cortes de juros a risco fiscal, passando pela eleição brasileira: Kinea Investimentos revela os fatores que podem transformar o mercado no ano que vem
Ibovespa dispara 6% em novembro e se encaminha para fechar o ano com retorno 10% maior do que a melhor renda fixa
Novos recordes de preço foram registrados no mês, com as ações brasileiras na mira dos investidores estrangeiros
Ibovespa dispara para novo recorde e tem o melhor desempenho desde agosto de 2024; dólar cai a R$ 5,3348
Petrobras, Itaú, Vale e a política monetária ditaram o ritmo dos negócios por aqui; lá fora, as bolsas subiram na volta do feriado nos EUA
Ações de Raízen (RAIZ4), Vibra (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3) saltam no Ibovespa com megaoperação contra fraudes em combustíveis
Analistas avaliam que distribuidoras de combustíveis podem se beneficiar com o fim da informalidade no setor
Brasil dispara na frente: Morgan Stanley vê só dois emergentes com fôlego em 2026 — saiba qual outro país conquistou os analistas
Entenda por que esses dois emergentes se destacam na corrida global e onde estão as maiores oportunidades de investimentos globais em 2026
FII Pátria Log (HGLG11) abocanha cinco galpões, com inquilinos como O Boticário e Track & Field, e engorda receita mensal
Segundo o fundo, os ativos adquiridos contam com características que podem favorecer a valorização futura
Bolsa nas alturas: Ibovespa fecha acima dos 158 mil pontos em novo recorde; dólar cai a R$ 5,3346
As bolsas nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia também encerraram a sessão desta quarta-feira (26) com ganhos; confira o que mexeu com os mercados
