Ibovespa engata a terceira alta e vai ao maior nível em quase um mês, puxado por Wall Street
O fortalecimento dos mercados americanos impulsionou o Ibovespa nesta quarta-feira, levando-o para além dos 78 mil pontos. O dólar à vista caiu pelo terceiro dia, voltando ao nível de R$ 5,14
A quarta-feira (8) começou morna para os mercados brasileiros: tanto o Ibovespa quanto o dólar à vista apenas flutuavam perto da estabilidade durante a manhã, com os investidores assumindo uma postura bem mais cautelosa após dois dias de alívio. Os agentes financeiros pareciam aguardar um fato novo para animar a sessão — e o desejo foi atendido.
A novidade não veio do front do coronavírus ou da agenda econômica, mas sim de uma variável que andava meio esquecida: a corrida eleitoral americana. Pouco antes do almoço, chegou a notícia de que Bernie Sanders desistiu da disputa pela Casa Branca — o que causou uma reação imediata nos ativos globais.
Nos Estados Unidos, os mercados acionários ganharam força e permaneceram no campo positivo até o fechamento: após um início de pregão contido, o Dow Jones (+3,44%), o S&P 500 (+3,41%) e o Nasdaq (+2,58%) fecharam com altas firmes.
A injeção de ânimo vista em Wall Street acabou contagiando a bolsa brasileira: o Ibovespa, que encontrava dificuldade para se afastar do zero a zero, conseguiu ganhar tração, terminando o dia com ganho de 2,97%, aos 78.624,62 pontos — o maior nível de encerramento desde 13 de março.
Foi a terceira alta consecutiva do Ibovespa, que agora já acumula um salto de 13,07% apenas nesta semana. Apesar dessa recuperação, o índice ainda amarga perdas de 32% desde o começo do ano.

No câmbio, tivemos um fenômeno semelhante: o dólar à vista oscilava ao redor da linha d'água nas primeiras horas da sessão, mas conseguiu um novo alívio durante a tarde. No fechamento, era cotado a R$ 5,1430, em baixa de 1,60%.
Leia Também
A última dança de Warren Buffett: 'Oráculo de Omaha' vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
O mercado de moedas, contudo, contou com uma ajuda doméstica importante nesta quarta-feira: declarações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, contribuíram para o enfraquecimento da divisa americana em relação ao real.
Definindo os candidatos
O fortalecimento do Ibovespa e das bolsas dos EUA ocorreu a partir das 11h30, quando foi oficializada a desistência do senador Bernie Sanders da corrida pela indicação do partido Democrata à disputa pela Casa Branca — o que abriu o caminho para o ex-vice-presidente, Joe Biden.
Biden é visto como um candidato mais moderado — e essa característica atraiu a ala do partido democrata que temia as propostas mais radicais de Sanders. Esse perfil do ex-vice-presidente também agrada Wall Street, que reagiu positivamente à notícia.
Agora, é quase certo que a disputa presidencial ficará entre Biden e Donald Trump, que tentará a reeleição. Assim, candidatos vistos com posturas econômicas menos amigáveis ao mercado, como o próprio Sanders e a senadora Elizabet Warren, ficaram pelo caminho.
Dado o desfecho das prévias do partido Democrata, as bolsas americanas se animaram: os três principais índices, que exibiam ganhos inferiores a 1% durante a manhã, ganharam força e passaram a avançar mais de 2%. O Ibovespa pegou carona e também se fortaleceu.
Wall Street ainda passou por uma segunda onda positiva nesta quarta-feira, reagindo às informações da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central do país).
Entre outros pontos, a instituição disse que a taxa de juros dos EUA permanecerá na faixa de 0% a 0,25% ao ano até que a autoridade esteja confiante com o nível de atividade do país, e que o coronavírus pode não ter um efeito tão duradouro sobre a economia quanto a crise de 2008.
Essa postura mais confiante do Fed injetou um pouco mais de ânimo nos investidores globais — e, assim, as bolsas conseguiram galgar degraus ainda mais altos antes do fechamento.
Cenário ainda nebuloso
As novidades no cenário político americano e as avaliações do Fed colocaram a maior preocupação com o surto de coronavírus em segundo plano. Embora as curvas de contágio estejam mostrando uma tendência de estabilização na Europa e nos EUA, fato é que o número de novos casos e de mortes em função da doença ainda segue bastante elevado em ambas as regiões.
Segundo dados da universidade americana Johns Hopkins, 1,5 milhão de pessoas já foram infectadas no mundo, com mais de 87 mil óbitos. Somente nos EUA, quase 420 mil pessoas já foram diagnosticadas com o coronavírus.
Nesse cenário, os impactos econômicos de curto e médio prazo decorrentes do surto da doença voltaram a assombrar os agentes financeiros, uma vez que, por mais que o ritmo de disseminação da doença desacelere daqui para frente, ainda há a leitura de que a situação permanecerá bastante grave ao longo de abril e maio.
O viés mais pessimista, contudo, foi neutralizado pela percepção de que os governos estão preparando novos pacotes e iniciativas para incentivar a economia e mitigar parte dos impactos decorrentes da pandemia.
No Brasil, a solicitação do auxílio-emergencial de R$ 600 começou foi aberta pela Caixa Econômica nesta terça-feira (7); hoje, o governo liberou novos saques do FGTS a partir de junho — mais uma medida que visa à injeção de recursos na economia.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump disse que um novo pacote de medidas para lutar contra os efeitos do coronavírus está sendo preparado — a iniciativa contaria com US$ 250 bilhões, com o objetivo de manter postos de trabalho no país.
Na Europa, contudo, o cenário é menos animador: os ministros de finanças da zona do euro não conseguiram chegar a um acordo sobre mais medidas para ajudar a região a lidar com os impactos do surto de coronavírus.
Petróleo se recupera
No mercado de commodities, o petróleo WTI para maio subiu 6,18% e o Brent para junho avançou 3,04%, na esteira da expectativa quanto à reunião da Opep+ que irá definir eventuais cortes na produção, prevista para amanhã (9).
Além disso, o mercado reagiu positivamente aos dados de estoque da commodiy nos EUA: as reservas subiram em 15,17 milhões de barris na semana, volume muito maior que o previsto pelos analistas.
Por fim, notícias de que a Índia teria feito uma grande compra de petróleo também ajudam a animar os investidores e dão fôlego às cotações. E, nesse cenário, Petrobras ON (PETR3) avançou 5,68%, enquanto Petrobras PN (PETR4) subiu 5,61%.
Campos Neto e o dólar
No mercado de câmbio, o dólar à vista perdeu força e virou para queda após declarações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em teleconferência promovida pelo Credit Suisse nesta manhã.
Entre outros pontos, ele disse que o real se desvalorizou num ritmo superior às demais moedas e voltou a sinalizar que a instituição pode usar mais ferramentas para atuar no mercado de câmbio, de modo a corrigir eventuais disfuncionalidades.
Tais declarações foram entendidas pelos investidores como uma indicação de que o BC está atento ao movimento do dólar e que não pretende deixar a moeda americana continuar escalando — o que motivou um alívio imediato nas cotações da divisa.
Nas negociações de juros futuros, o tom foi de relativa estabilidade, tanto nos vencimentos mais curtos quanto nos mais longos:
- Janeiro/2021: de 3,20% para 3,21%;
- Janeiro/2022: de 4,09% para 4,01%;
- Janeiro/2023: de 5,36% para 5,25%;
- Janeiro/2025: de 6,96% para 6,82%.
Top 5
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta quarta-feira — o destaque do dia foi Cielo ON (CIEL3), que se recuperou após chegar às mínimas desde 2011:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| CIEL3 | Cielo ON | 5,02 | +22,14% |
| VVAR3 | Via Varejo ON | 5,03 | +13,80% |
| GOLL4 | Gol PN | 11,99 | +9,50% |
| RENT3 | Localiza ON | 31,90 | +9,17% |
| BRML3 | BR Malls ON | 9,95 | +9,10% |
Confira também as maiores baixas do índice:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| JBSS3 | JBS ON | 19,36 | -2,47% |
| BRKM5 | Braskem PNA | 16,51 | -1,26% |
| RAIL3 | Rumo ON | 19,38 | -1,17% |
| ABEV3 | Ambev ON | 12,31 | -0,81% |
| BRFS3 | BRF ON | 17,40 | -0,74% |
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
