🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Victor Aguiar

Victor Aguiar

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.

Isso é que é alívio

Dólar despenca 6,52% na semana e fica abaixo de R$ 5,00; Ibovespa dispara mais de 8%

O dólar à vista terminou a semana a R$ 4,99, indo ao menor nível desde 26 de março, enquanto o Ibovespa cravou a sexta alta seguida e voltou ao patamar de 94 mil pontos. Entenda o que motivou toda essa onda de otimismo nos mercados

Victor Aguiar
Victor Aguiar
5 de junho de 2020
18:15 - atualizado às 18:16
Selo Mercados FECHAMENTO Ibovespa dólar
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

Lá pelo meio da semana, eu mandei uma mensagem para uma fonte de longa data — na ocasião, o dólar à vista rondava os R$ 5,10 e o Ibovespa girava ao redor dos 93 mil pontos. Como quem não quer nada, disse que achava estranho o rali recente dos mercados.

Mal sabia eu que a disparada da bolsa e o alívio no câmbio ainda estavam no meio do caminho: nesta sexta-feira (5), a moeda americana caiu mais 2,73%, cotada a R$ 4,9909 — a divisa não terminava uma sessão abaixo dos R$ 5,00 desde 26 de março.

No mercado de ações, a movimentação foi ainda mais dramática: o Ibovespa cravou hoje a sexta alta consecutiva, avançando mais 0,86% e chegando aos 94.637,06 pontos, no maior nível desde 6 de março. Somente nesta semana, o índice acumulou ganhos de 8,28%, enquanto o dólar recuou 6,52%.

  • O Podcast Touros e Ursos desta semana já está no ar! Eu e o Vinícius Pinheiro falamos sobre os assuntos que movimentaram os mercados na semana e discutimos essa onda de otimismo que tomou conta dos investidores nos últimos dias:

Mas, voltando à troca de mensagens do meio da semana: depois de algumas horas, ele me respondeu. E, para a minha surpresa, concordou com a minha estranheza:

"Não só você, viu... TINA e FOMO — There Is No Alternatives & Fear Of Missing Out", disse ele — algo que pode ser traduzido como "não há alternativas" e "medo de ficar de fora".

Afinal, há sim uma série de motivos que ajuda a reduzir a percepção de risco dos investidores — a reabertura das economias da Europa, os dados econômicos maus fortes que o esperado nos EUA e a calmaria no cenário político local, apenas para citar alguns. No entanto, não é possível dizer que há uma mudança estrutural que justifique essa mudança radical nos mercados.

Leia Também

Sendo assim, a grande dúvida é: o que aconteceu? Por que vimos esse desempenho tão forte dos ativos globais nos últimos dias? A resposta parece vir do grande volume de liquidez atualmente disponível no mercado — uma condição excepcional e que acaba gerando algumas distorções.

Mas, antes, vale lembrar tudo o que aconteceu na semana — e que deu suporte para a visão mais otimista dos agentes financeiros.

Sem estresse

Tanto no Brasil quanto no exterior, tivemos uma série de notícias que agradaram os investidores. Na Europa, países como Itália, Espanha, França e Alemanha estão dando continuidade ao processo de reabertura econômica — e, ao menos por enquanto, tudo parece estar correndo bem, sem sinais de uma eventual segunda onda do coronavírus por lá.

Em paralelo a esse movimento gradual de normalização, há a divulgação de dados econômicos não tão ruins quanto o projetado pelo mercado. É claro que o nível de atividade global ainda está bastante debilitado, mas, ainda assim, qualquer surpresa positiva no front dos indicadores é motivo de comemoração.

Esses dois fatores, combinados, indicam para uma mesma direção: a de uma eventual retomada da economia do mundo num ritmo mais rápido que o inicialmente esperado. E mesmo os sinais vindos da China — país que enfrentou o pico da Covid-19 em janeiro — colaboram com essa percepção, já que, por lá, a atividade também tem se recuperado.

Nesse sentido, um dado divulgado nesta sexta-feira foi particularmente animador: o surpreendente número do payroll, o relatório de emprego dos EUA. Enquanto a previsão dos analistas era de fechamento de mais de 8 milhões de vagas, foram criadas 2,509 milhões postos em maio. A taxa de desemprego caiu de 14,7% em abril para 13,3%.

Mesmo com a alta taxa de desocupação, o número surpreendente demonstra força por parte da economia americana durante o processo de retomada das atividades pós-coronavírus. No Twitter, o presidente Donald Trump comemorou os números:

"Eu estou chocado. Nunca vi números assim, e eu tenho feito isso nos últimos 30 anos", escreveu o presidente americano, num dos diversos tuítes comemorando os números do mercado de trabalho do país.

E se é verdade que, no exterior, a semana foi tranquila, é igualmente verdadeiro que, aqui dentro, também tivemos dias mais calmos. Em Brasília, governo e STF parecem ter entrado numa trégua, diminuindo a percepção de risco político.

Todos esses fatores são mais que suficientes para gerar uma reação positiva nos mercados. No entanto, é difícil acreditar que tais pontos, por si só, fariam o Ibovespa saltar mais de 8% e levariam o dólar para abaixo de R$ 5,00 em condições normais.

Enxurrada de dinheiro

É aqui que entram as questões citadas pela minha fonte em nossa troca de mensagens. O curto prazo, de fato, está melhor, mas também há um fator "liquidez em excesso". Os bancos centrais injetaram dinheiro na economia para estimular a atividade nos tempos de pandemia — só que, num ambiente de juros baixos no mundo, não há grandes destinos possíveis para tais recursos.

Nos EUA, o Federal Reserve já lanço pacotes trilionários de auxílio econômico e, na Europa, o BCE não tem ficado para trás: nesta semana, a autoridade monetária do velho continente expandiu seu programa de compra emergencial de ativos; além disso, a Comissão Europeia tenta aprovar um pacote de socorro de 700 bilhões de euros.

É muito dinheiro circulando e, desta vez, num ambiente sem alternativas de retorno fácil. Assim, as bolsas acabam aparecendo como destinos naturais para quem busca alguma rentabilidade mais polpuda — e, nesta semana, com a menor aversão ao risco, houve uma forte corrida aos mercados acionários.

Tanto é que, nos EUA, o Dow Jones acumulou ganhos de 6,8% nesta semana, o S&P 500 saltou 4,91% e o Nasdaq teve alta de 3,41% — esse último, inclusive, já zerou as perdas do crash de março e tem desempenho positivo em 2020.

E, em meio ao rali, é claro que ninguém quer ficar para trás — o tal medo de ficar de fora. Um cenário que gera uma espécie de bola de neve ao contrário: ao invés de cair e arrastar tudo montanha abaixo, ela sobe e leva todos em conjunto para cima.

Riscos

Esse comportamento dos mercados globais chama a atenção porque ainda há uma série de fatores de risco no horizonte. Em primeiro lugar, há a própria economia mundial, que ainda tem perspectivas muito ruins para 2020 — no Brasil, o boletim Focus já trabalha com um cenário de contração de mais de 6% do PIB neste ano.

Em segundo lugar, a pandemia do coronavírus parece controlada na Europa, mas nos EUA e no Brasil a situação é mais sensível: por aqui, a curva de contágio ainda está numa fase ascendente, com mais de mil pessoas morrendo a cada 24 horas por causa da doença.

Em terceiro, há a enorme tensão social nos EUA, com protestos em diversas cidades americanas após a morte de George Floyd — um homem negro que foi sufocado até a morte por um policial branco. Os desdobramentos desses protestos, tanto no lado político quanto no de saúde pública, ainda são desconhecidos.

E, por fim, há o noticiário doméstico: novas manifestações antifascismo foram convocadas para esse fim de semana — e, a depender da magnitude dos protestos e da intensidade de oposição ao presidente Jair Bolsonaro, é possível termos uma nova escalada nas tensões no cenário político doméstico.

A semana foi amplamente positiva nos mercados financeiros, mas fique atento: é pouco provável que esse raio caia duas vezes no mesmo lugar.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

DIA 7 A SELIC SOBE

Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana

29 de abril de 2025 - 15:26

Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente

28 de abril de 2025 - 20:00

Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.

VOO BAIXO

Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)

28 de abril de 2025 - 14:43

O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária

VAI PAUSAR OU AUMENTAR?

Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste

28 de abril de 2025 - 14:02

Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

Conteúdo Empiricus

Ibovespa: Dois gatilhos podem impulsionar alta da bolsa brasileira no segundo semestre; veja quais são

25 de abril de 2025 - 14:58

Se nos primeiros quatro meses do ano o Ibovespa tem atravessado a turbulência dos mercados globais em alta, o segundo semestre pode ser ainda melhor, na visão estrategista-chefe da Empiricus

AGORA TEM FONTE

Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações

25 de abril de 2025 - 14:00

A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

DEPOIS DO BALANÇO DO 1T25

Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%

25 de abril de 2025 - 13:14

Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa

RUMO AOS EUA

JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas

25 de abril de 2025 - 10:54

Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados

DE OLHO NA VIRADA

Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado

25 de abril de 2025 - 10:27

Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

A TECH É BIG

Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre

24 de abril de 2025 - 17:59

A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)

COMPRAR OU VENDER

Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo

24 de abril de 2025 - 16:06

Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles

METAL AMARELO

Por que o ouro se tornou o porto seguro preferido dos investidores ante a liquidação dos títulos do Tesouro americano e do dólar?

24 de abril de 2025 - 14:51

Perda de credibilidade dos ativos americanos e proteção contra a inflação levam o ouro a se destacar neste início de ano

LADEIRA ABAIXO

Fim da linha para o dólar? Moeda ainda tem muito a cair, diz economista-chefe do Goldman Sachs

24 de abril de 2025 - 14:17

Desvalorização pode vir da relutância dos investidores em se exporem a investimentos dos EUA diante da guerra comercial com a China e das incertezas tarifárias, segundo Jan Hatzius

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar