O Ibovespa tinha uma sessão de marasmo nesta quarta-feira (16), alternando leves altas e baixas. Mas o principal índice da bolsa passou a sustentar alta firme no período da tarde, após a aprovação do texto-base da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2021 pela Câmara dos Deputados.
Por volta das 16h45, o principal índice acionário da B3 operava em alta de 1,6%, aos 118.040 pontos, impulsionado por Ambev, bancos, Petrobras e Vale. Com isso, o Ibovespa retoma um patamar alcançado pela última vez em 27 de janeiro.
Ontem, o índice passou a acumular ganhos em 2020 pela primeira vez desde 19 de fevereiro, antes da chegada do coronavírus à Itália e do reconhecimento de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os papéis de bancos, inclusive, recuavam nesta quarta, constituindo importante pressão de baixa, mas viraram a partir das 14h50, depois do vencimento de opções sobre o índice.
Os papéis da Eletrobras, no entanto, continuam em queda, após o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, dizer que o modelo de venda da empresa está "sob suspeição", o que explicaria a demora em sua privatização.
Em vista da declaração de Maia, a Associação de Empregados da Eletrobras pede uma instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para avaliar o caso.
As ações do setor de proteínas, como JBS ON, Minerva ON e Marfrig ON, avançam em meio a notícias de um novo surto de gripe aviária no Japão, e tentam sustentá-lo neste momento.
Nova York dá sinais mistos
Enquanto isso, as bolsas americanas operam com comportamentos mistos, à medida que os investidores digerem a decisão do Fed, que manteve a taxa de juros estável na faixa entre 0% e 0,25%.
A autoridade monetária disse que continuará a comprar títulos do Tesouro americano com o objetivo de apoiar a economia do país, até que haja "progresso substancial" nos objetivos de máximo emprego e estabilidade de preços do comitê. Neste momento, o presidente do Fed, Jerome Powell, fala em entrevista coletiva.
Por lá, o cenário político se desanuviou com perspectiva de que um pacote de estímulos possa enfim sair do papel. Houve desenvolvimentos nas conversas entre democratas e republicanos que chegaram a animar os investidores.
Os líderes do Congresso estavam mais perto de um acordo de cerca de US$ 900 bilhões que deve incluir outra rodada de pagamentos diretos às famílias, disse o Wall Street Journal.
Dólar sobe e juros fecham em alta
O dólar avança mesmo após o andamento da votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, no entanto, já se distanciou das máximas intradiárias. Por volta do mesmo horário, a moeda subia 0,4%, cotada a R$ 5,1102.
O texto-base da LDO foi aprovado por 444 votos a 10 com a previsão de um déficit fiscal primário de R$ 247 bilhões em 2021. Deputados também rejeitaram destaque que previa crédito extra para comprar vacinas.
Falas de Maia sobre os ministro da Economia, Paulo Guedes, e da Saúde, Eduardo Pazuello, também voltaram ao radar e deixam investidores um pouco aflitos sobre as relações entre governo e Congresso.
O deputado, que está de saída da presidência da Casa, disse que Guedes está enfraquecido no cargo e que Pazuello "é um desastre para o País e para o governo".
Apesar do avanço de hoje, no mês o dólar ainda cai 4% e prossegue nos níveis mais baixos vistos desde junho, o que também leva os investidores a realizarem alguns lucros de curto prazo com a moeda brasileira. Frente a outras divisas emergentes, o dólar tem comportamento misto — mais forte em relação ao peso mexicano, mas mais fraco diante da lira turca.
Contra rivais fortes, como euro, libra e iene, o dólar opera estável, conforme indicado pelo Dollar Index (DXY) — índice que, no entanto, está nos menores níveis desde abril de 2018, apontando a fraqueza do dólar.
Enquanto isso, os juros intermediários e longos subiram fortemente, devolvendo os alívios vistos ontem. As taxas futuras ao longo de toda a curva operaram para cima, mesmo após a votação da LDO, refletindo persistentes temores fiscais.
Confira as taxas dos principais vencimentos:
- Janeiro/2021: de 1,902% para 1,904%
- Janeiro/2022: de 2,95% para 2,98%
- Janeiro/2023: de 4,27% para 4,35%
- Janeiro/2025: de 5,83% para 5,93%