O principal índice acionário da bolsa brasileira conseguiu romper os 112 mil pontos em meio à redução da queda das bolsas em Wall Street e chegou a operar nos maiores níveis desde fevereiro, após registrar fortes ganhos na véspera.
Por volta das 15h30, o Ibovespa operava perto da estabilidade, em alta de 0,1%, aos 111.530 pontos, conduzido pela alta das ações da Petrobras, que sobem 2% com o petróleo, que avança no mercado internacional com relatos de que há desenvolvimento nas conversas de extensão de cortes de produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).
O peso negativo de um peso-pesado na composição do índice, no entanto, limita o movimento. As ações da mineradora Vale estão entre maiores as quedas e caem 2%, após redução de projeção para produção de minério de ferro neste ano.
Lá fora, o clima ainda é levemente negativo após ganhos fortes auferidos recentemente, o que leva os índices à vista americanos recuarem, embora o S&P 500 .
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, no entanto, aliviou o sentimento de risk-off em depoimento ao Senado americano. Há pouco, ele ressaltou que a autoridade manterá os juros baixos e ferramentas em funcionamento "até o perigo passar".
"Prioridade é apoiar até que tenhamos certeza de que não é mais preciso", disse Powell.
Na Europa, entre os principais índices acionários à vista, o FTSE 100, em Londres, avança fortemente, subindo 1,2%. No Reino Unido, o governo autorizou o uso emergencial da vacina da americana Pfizer e afirmou que a vacinação terá início na próxima semana.
O CAC 40, em Paris, tenta ficar no azul e tem ganhos leves, enquanto o DAX, em Frankfurt, opera em baixa de 0,5%.
O dólar, por sua vez, tem leve variação para cima, após ir ao menor patamar desde julho ontem.
A moeda agora opera em alta de 0,2%, para R$ 5,2384. Mais cedo, na mínima, chegou a cair até 0,4%, indo a R$ 5,20, enquanto, na máxima, avançou 0,5%, para R$ 5,2547.
Os juros futuros, por sua vez, voltam a tombar após sinais políticos animadores de ontem, com a marcação da votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para daqui a duas semanas.
Hoje, há um adicional: o jornal O Globo reportou que o presidente Jair Bolsonaro desistiu de criar o Renda Cidadã, que seria o programa de renda básica do governo, e que o Bolsa Família será retomado em janeiro ao término do auxílio emergencial.
Do ponto de vista da agenda doméstica, em outubro, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção industrial subiu 1,1% na base trimestre e +0,3% na comparação anual – abaixo do consenso (+1,4% e +1,1%, respectivamente).
"O setor industrial cresceu um pouco menos que o esperado, mas avançou um sólido 1,13% no comparativo mensal em outubro impulsionado pelo grande aumento na produção de bens de capital", escreve Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina, do Goldman Sachs.
Ramos observa que, com o dado de outubro, a expansão da produção industrial de maio a outubro se recuperou de todas as perdas acentuadas registradas em março (-9,4% na comparação mensal) e abril (-19,5% na comparação mensal).
Os juros mais longos são o que mais caem. No miolo da curva, como no contrato de vencimento para janeiro/2023, as taxas operam nas mínimas intradiárias, caindo 15 pontos-base (ou 0,15 ponto percentual).
A descompressão reflete a redução da percepção do risco fiscal com o fim do auxílio emergencial e a volta ao Bolsa Família em 2021, sem a perspectiva de criação de um programa de renda básica do governo. Juros mais longos, como os para janeiro/2025, possuem queda de magnitude similar.
Por volta das 11h10, o Tesouro Nacional anunciou que fará nova emissão de títulos de dívida externa para se aproveitar do bom humor dos mercados financeiros globais. A última vez que o governo brasileiro captou recursos no mercado internacional havia ocorrido em junho.
Confira as taxas para os principais vencimentos agora:
- Janeiro/2021: de 1,920% para 1,912%
- Janeiro/2022: de 3,12% para 3,00%
- Janeiro/2023: de 4,76% para 4,61%
- Janeiro/2025: de 6,51% para 6,36%