🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Vinícius Pinheiro

Vinícius Pinheiro

Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores

Victor Aguiar

Victor Aguiar

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.

A volta dos touros

Acabou a crise? 5 razões para a disparada da bolsa e a queda do dólar

O dólar à vista acumula queda de mais de 11% nas últimas 15 sessões, afastando-se de vez da faixa dos R$ 6,00 — na bolsa, o Ibovespa também teve alívio forte no período, retomando os 90 mil pontos

Vinícius PinheiroVictor Aguiar
2 de junho de 2020
20:02 - atualizado às 19:57
Touro com óculos na frente do logo da B3, bolsa brasileira | Ibovespa
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

No meio da crise de saúde, econômica e agora social enfrentada pelo mundo surgiu uma manada de touros – como são conhecidos os investidores que apostam na alta dos ativos financeiros.

Enquanto a economia global caminha para ter um dos piores anos da história e as ruas e as redes sociais são tomadas por protestos políticos e sociais, a bolsa e o dólar vivem uma dinâmica própria, aparentemente desconectada da realidade.

O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, teve mais uma alta expressiva e voltou a ficar acima dos 90 mil pontos – o que não acontecia desde o dia 10 de março. O dólar toma o rumo oposto depois de ameaçar romper a barreira dos R$ 6,00 no mês passado, fechando a sessão desta terça-feira (2) cotado a R$ 5,2086.

Mas afinal, a crise acabou e esqueceram de avisar o resto do mundo? Não, caro leitor — definitivamente, não. Mas isso também não significa que a melhora recente nos mercados seja sem propósito.

Confira a seguir cinco razões para a disparada recente da bolsa e da queda do dólar e também o que esperar daqui para frente:

1 - Coronavírus "controlado"

O Brasil hoje é considerado um dos epicentros dos casos de coronavírus. Mas, no resto do mundo, a pandemia dá cada vez mais sinais de controle depois do período de quarentena imposto pelas autoridades.

Leia Também

A China, país de origem do vírus, foi a primeira a reabrir a economia, no fim de março, e até o momento não teve registros de uma segunda onda de casos que levasse a um novo isolamento, um dos maiores temores do mercado.

A expectativa é que o exemplo chinês se repita nas demais economias afetadas pelo coronavírus e que começaram recentemente a retomar as atividades. É o caso da Europa e de parte dos EUA, áreas em que a doença teve um pico em março e abril.

A avaliação de que os governos – com exceção, talvez, do brasileiro – aprenderam a lidar com o vírus se soma à expectativa do anúncio de uma vacina ou tratamento eficaz contra a doença.

2 - Injeção sem precedentes de dinheiro

A atividade econômica global vai inevitavelmente passar por uma forte recessão em consequência da paralisação dos últimos meses.

Mas se no campo da saúde ainda não existe uma cura para o coronavírus, os governos encontraram um tratamento eficaz para conter os efeitos no mercado (pelo menos por enquanto): a impressão de dinheiro.

Os estímulos econômicos promovidos pelos governos incluíram ainda a redução de juros para os menores níveis históricos. Nos EUA, estão no patamar entre 0% e 0,25% ao ano, mas, em alguns países, as taxas estão em terreno negativo.

A combinação dos dois fatores provocou uma inundação de liquidez no mercado, e esse dinheiro começa agora a chegar por aqui. Esse fluxo reduz a pressão sobre o dólar e, ao mesmo tempo, estimula a aposta em ativos de maior risco, como a bolsa.

3 - Preço das commodities

Para o resto do mundo, o Brasil é uma economia de commodities. Afinal, produtos como o minério de ferro e soja estão entre os líderes na nossa pauta de exportações.

É normal, portanto, que o dólar suba em relação ao real quando as cotações das commodities caiam, e vice-versa. Foi o que aconteceu no auge do choque do coronavírus, que derrubou os preços do petróleo e outras matérias-primas.

Mas a recuperação nas últimas semanas em meio aos dados mais animadores da economia chinesa acabou servindo de combustível (sem trocadilho) para a retomada das apostas nos mercados emergentes, como o Brasil.

Ao longo de maio, o minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao — cotação que serve de referência para o mercado — acumulou ganhos de 24%. E grande parte desse salto se deve ao Brasil: temendo que o avanço da Covid-19 afete as operações da Vale, o mercado tem jogado o preço da commodity para o alto.

Seja como for, fato é que a valorização do minério deu força às ações de empresas como CSN, Usiminas e Gerdau, além da própria Vale: todas subiram forte ao longo de maio, dando impulso ao Ibovespa. O petróleo, com ganhos de cerca de 10% no mês passado, também deu suporte às ações da Petrobras, outro ativo de peso na composição do índice.

4 - Tirando o atraso

Entre os emergentes, o Brasil aparece na lanterna durante a crise do coronavírus. Mesmo com a recuperação recente, o real ainda tem o pior desempenho numa cesta com 24 ativos desse tipo:

Fonte: Bloomberg

Então podemos dizer que, com a queda recente do dólar, o real apenas tira o atraso em relação a seus pares. E, pelo menos com base no gráfico acima, ainda teria espaço para melhorar mais.

A disparada do dólar para perto dos R$ 6,00 nas máximas históricas foi um claro "overshooting" (exagero), segundo um experiente gestor de fundos. A melhora no saldo da conta corrente do país seria um sinal de que o câmbio já está ajustado à piora das condições econômicas.

A desvalorização do câmbio também tornou a bolsa brasileira extremamente barata para os estrangeiros. Em dólares, o Ibovespa chegou a registrar uma queda de 56,9% na mínima de 2020.

“Com tanto dinheiro queimando na mão e preços tão atrativos, a bolsa brasileira acaba entrando no rali dos mercados internacionais”, disse outro gestor.

5 - Fator Paulo Guedes

Além da crise de saúde e econômica provocada pelo coronavírus, o Brasil ainda foi capaz de fabricar uma crise política, com o aumento das tensões entre os poderes em Brasília.

No meio da turbulência, os investidores chegaram a temer pelo fim da pauta econômica liberal dentro do governo Bolsonaro e a saída do ministro Paulo Guedes.

Os sinais recentes de que o ministro vai seguir no comando da economia e que o governo segue comprometido com o controle fiscal também ajudaram a melhor o clima no mercado, ainda que o clima político em geral siga bastante inflamado.

Acabou a crise?

Os mesmos riscos que levaram a bolsa a beirar os 60 mil pontos no auge do choque provocado pela pandemia do coronavírus permanecem no radar. Então não se pode falar em fim da crise, apesar da euforia dos investidores no mercado financeiro.

Basta, por exemplo, o surgimento de um novo foco de coronavírus ou algum sinal de enfraquecimento da equipe econômica ou ruído político para a tendência se reverter.

Por isso, a palavra de ordem continua a ser "cautela" entre os gestores e analistas com os quais conversamos. De todo modo, a visão é que esses riscos hoje são menores do que há duas semanas, o que justifica o rali recente dos mercados.

"Não dá para dizer que a crise acabou, o ambiente ainda é muito incerto", diz Flavio Serrano, economista-sênior do Haitong. "Mas acho que, gradualmente, vamos caminhando para um cenário melhor".

Então a bolsa pode subir e o dólar cair ainda mais? Ninguém se arrisca a fazer previsões muito firmes neste momento. No caso do dólar, os níveis atuais entre R$ 5,00 e R$ 5,50 refletem melhor os fundamentos do país, na opinião de um gestor.

O cenário para a bolsa permanece mais nebuloso depois da correção das últimas semanas e dependerá principalmente das perspectivas para a economia na retomada após a quarentena.

O único consenso parece ser o de que a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 3% ao ano, vai cair ainda mais e permanecer em níveis baixos por um bom tempo.

Serrano, inclusive, acredita que, a depender do comportamento dos indicadores econômicos, é possível que o ciclo de alívio monetário se estenda para além da reunião de junho. "Os mercados estão sujeitos a volatilidade ainda. De repente, poderemos ter uma segunda onda [do coronavírus], é preciso tomar cuidado."

Ou seja, o investidor que estiver em busca de mais retorno vai precisar tomar risco. Mas não espere vida fácil.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
DIA 7 A SELIC SOBE

Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana

29 de abril de 2025 - 15:26

Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

VAI PAUSAR OU AUMENTAR?

Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste

28 de abril de 2025 - 14:02

Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

DEPOIS DO BALANÇO DO 1T25

Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%

25 de abril de 2025 - 13:14

Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa

RUMO AOS EUA

JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas

25 de abril de 2025 - 10:54

Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados

DE OLHO NA VIRADA

Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado

25 de abril de 2025 - 10:27

Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

A TECH É BIG

Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre

24 de abril de 2025 - 17:59

A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)

COMPRAR OU VENDER

Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo

24 de abril de 2025 - 16:06

Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles

DE CRISE EM CRISE

Da Vasp à Voepass: relembre algumas das empresas aéreas que pediram recuperação judicial ou deixaram de voar

24 de abril de 2025 - 15:42

A maior parte das empresas aéreas que dominavam os céus brasileiros não conseguiu lidar com as crises financeiras e fecharam as portas nos últimos 20 anos

NÚMEROS DECEPCIONANTES

A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca

24 de abril de 2025 - 11:26

Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

ILUMINADA

Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?

23 de abril de 2025 - 16:22

Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel

MERCADOS HOJE

Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia

23 de abril de 2025 - 12:44

A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

MERCADOS

Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284

22 de abril de 2025 - 17:20

Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados

MUNDO EM SUSPENSE

Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras

22 de abril de 2025 - 12:57

Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar