Quem é jornalista sabe que uma vez ou outra ao final do dia, a saída do trabalho pode ser postergada por anúncios do mercado. E ontem não poderia ter sido diferente.
Aos quarenta e cinco do segundo tempo, após o fim do pregão, as gigantes e antigas rivais do setor de shoppings, Aliansce e Sonae Sierra, finalmente anunciaram ontem (6) o fechamento de um possível acordo de fusão das companhias.
O anúncio ocorreu cerca de um ano depois que a Aliansce informou o mercado sobre as negociações pela primeira vez. Logo, a união já era mais do que esperada.
Ainda assim, no primeiro dia de pregão após o anúncio, as ações das empresas reagiram de forma distinta durante o dia. Por volta das 13h40, os papéis da Aliansce (ALSC3) estavam com alta de 6,28%, cotados em R$ 22,85. Já os papéis da Sonae (SSBR3) estavam em queda de 3,91%, cotados em R$ 28,73.
Confira agora os relatórios divulgados por analistas sobre o tema:
Credit Suisse
"O anúncio formal do acordo deve trazer maior valor aos acionistas da Aliansce. Por isso, nós reiteramos a companhia como Top Pick no setor de shoppings".
Recomendação: Acima da média do mercado (outperform)
Preço-alvo em doze meses: R$ 26
Destaques: Para os analistas do Credit Suisse, foi o fim de uma novela. Segundo eles, em termos de gestão, a presença de cinco figuras importantes da Aliansce e de três pessoas da Sonae Sierra como acionistas principais da nova empresa pode indicar que estratégia corporativa a ser implementada deve ser a da própria Aliansce.
Na visão dos especialistas, isso pode retardar alguns frutos da nova empresa em termos de atividades de leasing (operações de arrendamento mercantil), mix de locatários e otimização dos aluguéis.
Ainda assim, na visão deles, levando em consideração que o market cap da Aliansce com a combinação das duas companhias será de 67,9%, os acionistas da companhia devem verificar uma alta de cerca de 3,0% no preço das ações.
BTG Pactual
"Melhor do que o esperado a relação de troca de ações entre a Aliansce e a Sonae"
Recomendação: Compra
Preço-alvo em doze meses: R$ 22
Destaques: Segundo os analistas, a expectativa é que as ações da Aliansce tenham uma alta de 4,0%. O percentual foi calculado com base no valor que as ações terminaram o pregão de ontem e pelo fato de os papéis da Aliansce devem ser cancelados e trocados por papéis da Sonae, segundo o que ficou acordado no documento divulgado ontem.
Os analistas também destacaram que a união já estava sendo esperada pelo mercado há muito tempo e que a estrutura de oito nomes, - cinco da Aliansce e três da Sonae -, mostra que a composição acionária permanece sólida e alinhada com os interesses dos minoritários.
Além disso, a fusão representa o fortalecimento do portfólio da Aliansce e a adição de alguns importantes ativos como o Shopping Parque Dom Pedro em Campinas e o Manauara em Manaus.
Safra
"Nasceu o novo gigante"
Recomendação: Acima da média do mercado (outperform)
Preço-alvo em doze meses: R$ 25,50
Destaques: De acordo com os analistas do banco, a fusão é positiva porque é esperado um aumento no volume médio de negociação das ações. Para eles, a expectativa é que o volume médio diário de negociações saia dos R$ 11 milhões e passe a ser de R$ 32 milhões.
Os analistas também mostraram-se otimistas e disseram que esperam uma alta de 5,0% no preço das ações da Aliansce, com a estimativa de que as sinergias entre as empresas gerem entre R$ 55 milhões e R$ 70 milhões.
Como ponto de atenção, os especialistas destacaram que cada companhia colocou uma estimativa de custos com a transação. Para a Aliansce, os custos devem chegar a R$ R$ 27 milhões, enquanto que para a Sonae os custos podem alcançar a cifra de R$ 32 milhões. Além disso, deve haver um custo adicional de R$ 10 milhões com o pagamento de impostos e outros gastos para que o acordo da nova companhia seja concluído.
Bradesco
"Um feliz casamento"
Recomendação: Acima da média do mercado (outperform)
Preço-alvo em doze meses: R$ 27
Destaques:
Na avaliação deles, a relação de troca das ações entre as duas empresas pode levar a uma alta de 4,0 % no preço das ações da Aliansce e a uma queda de 8,8% nos papéis da Sonae. Isso com base nos valores de fechamento de ontem. Eles também enfatizaram que o acordo entre as duas é de "ganha-ganha".
Outro ponto de destaque é a questão da governança corporativa. Para eles, foi necessário acordar os interesses de quatro grupos de controladores, mas isso foi feito de uma forma positiva para a nova companhia.
No caso da Aliansce, entre os acionistas que assumirão o bloco de controle estão o fundo de pensão do Canadá CPPIB, com 38,19% das ações da empresa e o empresário Renato Rique, com 11,16%.
Já no caso da Sonae, o bloco de controle terá a presença do grupo português Sonae Sierra e do investidor alemão Alexander Otto.