Selic: Devagar se vai mais longe ou até os 4%
Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) deixa espaço para Selic abaixo de 4,5%, mas ajuste seria mais gradual

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reiterou a intenção de promover mais um corte de meio ponto percentual na Selic na sua reunião de dezembro, e não descarta ir além no ajuste da taxa básica de juros.
O único porém é que como estamos em águas nunca antes navegadas em termos de taxas de juros nominais e reais, a recomendação é ir com cautela. Cautela aqui pode ser vista como uma redução no ritmo de cortes, de meio ponto, para 0,25 ponto em 2020.
Hoje, a Selic está em 5% e a mediana do mercado captada pelo Focus segue em 4,5% para o fim do ano. Mas a maioria dos grandes bancos e casas de análise está trabalhando com Selic de 4% no começo de 2020. A trajetória seria corte de meio ponto em dezembro e dois ajustes de 0,25 ponto em fevereiro e março do próximo ano. O risco é uma alta nas projeções e expectativas de inflação, que por hora estão abaixo das metas para 2020 e 2021.
Antes de seguir nessa discussão, lembro aqui que juro baixo com inflação nas metas é um cenário a se comemorar, mas que vai exigir cada vez mais dedicação dos investidores. Por isso, deixo umas dicas de leitura sobre investimentos com Selic nesses patamares. Há dicas para investidores conservadores e para os de perfil mais arrojado. Também deixo como sugestão o nosso e-book sobre investimentos em bolsa de valores. Além desse guia completo sobre investimentos em ações.
O investidor terá de prestar atenção para o juro real, taxa nominal descontada da inflação, que oscila na linha de 0,8% ao ano e pode cair mais. A depender de tributação e taxas de administração, alguns tipos de investimento estão com retorno zero ou mesmo negativo. Pagar 100% do CDI não quer dizer nada. Poupança então, que paga 70% da Selic, praticamente já era, é perda real quase certa como a colega Julia Wiltgen mostra nessa matéria aqui - Com Selic a 5%, poupança tem retorno real negativo e renda fixa pode virar “perda fixa”.
Cautela e incerteza
Os membros do BC apresentaram as razões que levaram a essa postura mais cautelosa com relação à sinalização de suas ações futuras.
Leia Também
A ata mostra que houve uma discussão sobre as características do atual ciclo econômico, marcado pela menor participação do Estado na economia e suas possíveis implicações para a atuação da política monetária.
Alguns membros do Copom destacaram que as mudanças no mercado de crédito e na intermediação financeira, como o maior papel desempenhado pelo crédito com recursos livres e pelo mercado de capitais, "podem impactar a transmissão da política monetária". Isto é, a forma como o ajuste da taxa básica se propaga pelo restante da economia.
Também houve um debate sobre a falta de parâmetros históricos para avaliar os efeitos de taxas de juros nominais e reais tão baixas.
“Os membros do Copom também refletiram sobre a sensibilidade de variáveis macroeconômicas à política monetária, uma vez que faltam comparativos na história brasileira para o atual grau de estímulo. Tendo em vista que a política monetária opera com defasagens sobre a economia, especialmente sobre o nível de preços, os fatores avaliados tendem a aumentar a incerteza sobre os canais de transmissão da política monetária.”
Balanço de riscos
Essa discussão foi inserida no balanço de riscos, que lista os vetores que podem fazer a inflação ficar acima ou abaixo do esperado pelo BC.
De um lado, a ociosidade da economia e a possibilidade de propagação da inflação baixa por mecanismos inerciais pode manter os preços abaixo da meta.
Do outro lado está essa incerteza sobre o impacto do juro baixo na economia, aliada ao risco de piora externa e/ou frustração com a agenda de reformas.
Mais reformas
O BC cita a relevância da aprovação da reforma da Previdência, mas reforça a importância da continuidade das reformas e ajustes que garantam sustentabilidade fiscal.
Na avaliação do Copom, as reformas tendem a trabalhar no mesmo sentido da política monetária, estimulando o investimento privado ao reduzirem incertezas fundamentais sobre a economia brasileira.
“Esse potencial efeito expansionista deve contrabalançar impactos de ajustes fiscais correntes sobre a atividade econômica, além de mitigar os riscos de episódios de forte elevação de prêmios de risco”, diz a ata.
Crescimento
Para o BC, os dados divulgados desde setembro reforçam o processo de recuperação da economia brasileira e o colegiado estima que o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter apresentado crescimento no terceiro trimestre. O ritmo deve se acelerar, mas a retomada será “gradual”.
O BC também faz uma avaliação dos indicadores de condições financeiras, que estão “em níveis favoráveis”.
Para o Copom, esse ambiente com condições financeiras favoráveis resulta do próprio corte da Selic, do ambiente externo relativamente favorável para economias emergentes e das perspectivas de melhoria dos fundamentos da economia brasileira, como resultado da agenda de reformas e ajustes necessários na economia.
“Essa distensão das condições financeiras vem se refletindo de maneira mais nítida na dinâmica dos mercados de crédito livre e de capitais, que crescem a taxas robustas neste momento do ciclo econômico.”
Com real digital do Banco Central, bancos poderão emitir criptomoeda para evitar “corrosão” de balanços, diz Campos Neto
O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, ainda afirmou que a comissão será rigorosa com crimes no setor: “ fraude não se regula, se pune”
O real digital vem aí: saiba quando os testes vão começar e quanto tempo vai durar
Originalmente, o laboratório do real digital estava previsto para começar no fim de março e acabar no final de julho, mas o BC decidiu suspender o cronograma devido à greve dos servidores
O ciclo de alta da Selic está perto do fim – e existe um título com o qual é difícil perder dinheiro mesmo se o juro começar a cair
Quando o juro cair, o investidor ganha porque a curva arrefeceu; se não, a inflação vai ser alta o bastante para mais do que compensar novas altas
Banco Central lança moedas em comemoração ao do bicentenário da independência; valores podem chegar a R$ 420
As moedas possuem valor de face de 2 e 5 reais, mas como são itens colecionáveis não têm equivalência com o dinheiro do dia a dia
Nubank (NUBR33) supera ‘bancões’ e tem um dos menores números de reclamações do ranking do Banco Central; C6 Bank lidera índice de queixas
O banco digital só perde para a Midway, conta digital da Riachuelo, no índice calculado pelo BC
Economia verde: União Europeia quer atingir neutralidade climática até 2050; saiba como
O BCE vai investir cerca de 30 bilhões de euros por ano; União Europeia está implementado políticas para reduzir a emissão de carbono
A escalada continua: Inflação acelera, composição da alta dos preços piora e pressiona o Banco Central a subir ainda mais os juros
O IPCA subiu 0,67% em junho na comparação com maio e 11,89% no acumulado em 12 meses, ligeiramente abaixo da mediana das projeções
Focus está de volta! Com o fim da greve dos servidores, Banco Central retoma publicações — que estavam suspensas desde abril
O Boletim Focus volta a ser publicado na próxima segunda-feira (11); as atividades do Banco Central serão retomadas a partir de amanhã
Greve do BC termina na data marcada; paralisação durou 95 dias
Os servidores do Banco Central cruzaram os braços em abril e reivindicavam reajuste salarial e reestruturação da carreira — demandas que não foram atendidas a tempo
Vai ter cartinha: Banco Central admite o óbvio e avisa que a meta de inflação para 2022 está perdida
Com uma semana de atraso, Banco Central divulgou hoje uma versão ‘enxuta’ do Relatório Trimestral da Inflação
Greve do BC já tem data pra acabar: saiba quando a segunda mais longa greve de servidores da história do Brasil chegará ao fim — e por quê
A data final da greve dos servidores do BC leva em consideração a Lei de Responsabilidade Fiscal, sem previsão de acordo para a categoria
O fim da inflação está próximo? Ainda não, mas para Campos Neto o “pior momento já passou”
O presidente do BC afirmou que a política monetária do país é capaz de frear a inflação; para ele a maior parte do processo já foi feito
O Seu Dinheiro pergunta, Roberto Campos Neto responde: Banco Central está pronto para organizar o mercado de criptomoedas no Brasil
Roberto Campos Neto também falou sobre real digital, greve dos servidores do Banco Central e, claro, política monetária
O Banco Central adverte: a escalada da taxa Selic continua; confira os recados da última ata do Copom
Selic ainda vai subir mais antes de começar a cair, mas a alta do juro pelo Banco Central está próxima do pico
A renda fixa virou ‘máquina de fazer dinheiro fácil’? Enquanto Bitcoin (BTC) sangra e bolsa apanha, descubra 12 títulos para embolsar 1% ao mês sem estresse
O cenário de juros altos aumenta a tensão nos mercados de ativos de risco, mas faz a renda fixa brilhar e trazer bons retornos ao investidor
Sem avanços e no primeiro dia de Copom, servidores do BC mantêm greve
A greve já dura 74 dias, sem previsão de volta às atividades; o presidente do BC, Roberto Campos Neto, deve comparecer à Câmara para esclarecer o impasse nas negociações com os servidores
Precisamos sobreviver a mais uma Super Quarta: entenda por que a recessão é quase uma certeza
Não espere moleza na Super Quarta pré-feriado; o mundo deve continuar a viver a tensão de uma realidade de mais inflação e juros mais altos
Greve do BC: Vai ter reunião do Copom? A resposta é sim — mesmo com as publicações atrasadas
A reunião do Copom acontece nos dias 14 e 15 de junho e os servidores apresentaram uma contraproposta de reajuste de 13,5% nos salários
Nada feito: sem proposta de reajuste em reunião com Campos Neto, servidores do BC seguem em greve
Mais uma vez, a reunião do Copom de junho se aproxima: o encontro está marcado para os dias 14 e 15 e ainda não se sabe em que grau a paralisação pode afetar a divulgação da decisão
Inflação no Brasil e nos EUA, atividade e juros na Europa; confira a agenda completa de indicadores econômicos da semana que vem
Nesta semana, o grande destaque no Brasil fica por conta do IPCA, o índice de inflação que serve de referência para a política monetária do BC